domingo, 21 de abril de 2013

POR QUE A CIÊNCIA CRISTÃ NÃO É UM “CULTO”- PARTES 1, 2, 3 e 4

_________________________________________

 

3xp HDR - Concord, NH

Templo da Primeira Igreja de Cristo, Cientista, Concord, NH, USA..

Presente de  Mary Baker Eddy  aos estudantes de Ciência Cristã desta cidade.

 

First Church of Christian Science, Concord, NH

 

 

 

A Bíblia era lida, apreciada e amada pelas mulheres no século XIX, como é hoje. Naquela época, como hoje, mais mulheres frequentavam  igrejas e liam a Bíblia. Mas elas eram impedidas de interpretá-las e excluídas das escolas de teologia e dos seminários. As mulheres encontraram outras maneiras de expressar ideias religiosas  durante esse período.”

“[…] Mas Mary Baker Eddy não estava satisfeita com essa abordagem indireta. Ela não ficava satisfeita em apresentar o que ela aprendera da Bíblia na forma de poemas, hinos ou ficção. Ela desejava fazer algo diferente, ou seja, trabalhar diretamente com a Bíblia, e compartilhar o  que  ela havia  aprendido de  seu estudo.” O Arauto da Ciência Cristã, p.23, janeiro 2001  

 

Dra. Ann Braude

Faculdade de Teologia

da Universidade Harvard

 

_________________________________________

 

 

Por que a Ciência Cristã

não é um “culto”

 

Nota da Redação: Desde os primórdios, formas erradas de apresentar os ensinamentos da Ciência Cristã foram postas em circulação pela crítica. Em anos recentes, essas críticas alcançaram nova amplitude na tentativa de rotular a Ciência Cristã de “culto não-cristão”.

Achamos que as seguintes perguntas e respostas sobre pontos-chave, preparadas pela Delegacia de Divulgação, serão de interesse de nossos leitores e de outras pessoas. Apresentamo-las no espírito das palavras de Mary Baker Eddy: “Uma mentira deixada a seu bel-prazer não é tão facilmente destruída como quando se diz a verdade sobre ela.” 1

 

 A Ciência Cristã é, às vezes, atacada em nome do próprio cristianismo - particularmente por grupos que se atêm a um entendimento completamente literal das Escrituras e rotulam de anticristãos aqueles que não concordam com suas doutrinas.

Em anos recentes, os esforços de tais grupos para desacreditar a Ciência Cristã se tornaram altamente organizados e visíveis.

Conquanto isto seja particularmente verdadeiro nos Estados Unidos da América, esses esforços têm-se espalhado, cada vez mais, a grupos de orientação bíblica em outros países. Avalanches de tal propaganda, inclusive artigos, panfletos, fitas gravadas e livros, circulam hoje internacionalmente, às vezes como parte de atividades missionárias sinceras, mas mal-orientadas.

Os Cientistas Cristãos não pedem desculpas por suas crenças nem têm objeções à expressão honesta de diferenças teológicas por parte dos que deles discordam. Em muita da recente crítica, no entanto, a Ciência Cristã tem sido clamorosamente apresentada de maneira errada por aqueles que procuram rotulá-la de “culto não-cristão”.

Em geral, os ensinamentos da Ciência Cristã são torcidos de tal maneira que se tornam irreconhecíveis, e declarações contidas nos escritos de autoria da Sra. Eddy são empregadas fora do contexto e mal interpretadas, no esforço de sustentar aquela acusação.

A reação dos Cientistas Cristãos a tal crítica infundada vem sendo notavelmente moderada. Mas sua mansidão não indica, de modo algum, falta de convicção nem aquiescência aos métodos dos pretensos inimigos.

A veiculação de falsidades afasta-se claramente do padrão do verdadeiro cristianismo, mesmo quando alega vir em defesa dele. Ninguém sai ganhando com tais interpretações erradas. E dizer a verdade é uma exigência dos tempos atuais. Por meio de perguntas e respostas que apresentamos nesta série, lidaremos com algumas das imposições mais comumente veiculadas.

 

Pergunta: Que dizer da acusação generalizada de que a Ciência Cristã é um “culto”?

Resposta: O emprego desse termo em conexão com a Ciência Cristã, a não ser na sua significação de homenagem a Deus, é um engano. Em geral, o termo “culto” traz à lembrança o quadro de algum grupo esotérico às margens da sociedade, o qual segue cegamente uma personalidade dominadora.

No entanto, isto está tão distante desta denominação religiosa, a Ciência Cristã, a qual já tem mais de um século de idade, quanto se poderia imaginar! Cientistas Cristãos praticam os ensinamentos de sua religião porque estão convencidos de sua veracidade e não por um sentimento irracional e cego a respeito de Mary Baker Eddy. Suas igrejas e Salas de Leitura estão abertas a todos, e seus cultos dominicais e reuniões de testemunhos têm dignidade e são simples.

Alguns religionários, no entanto, tendem a confundir a questão quando não empregam o termo “culto” no sentido em que a maioria das pessoas o entende. Aplicam-no virtualmente a qualquer grupo que se afasta de determinadas doutrinas que eles acreditam serem bíblicas.

Isto, porém, é fazer com que as palavras signifiquem aquilo que se quer que signifiquem. Cristãos ponderados, pertencentes a muitas denominações religiosas, rejeitam a presunção de que qualquer grupo de pessoas tem direito a rotular de “culto” toda denominação que discorde da definição de cristianismo verdadeiro esposada por tal grupo.  

1 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 130.

 

 Fonte: texto da edição de outubro de 1982 da revista O Arauto da Ciência Cristã - © 2013 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados.

_________________________________________

 First Church of Christian Science, Concord, NH

Entrada principal da Primeira Igreja de Cristo, Cientista, Concord, NH, USA.

_____________

 

 

Por que a Ciência Cristã não é um "culto" - 2

 

Nota da Redação: Desde os primórdios, formas erradas de apresentar os ensinamentos da Ciência Cristã foram postas em circulação pela crítica. Em anos recentes, essas críticas alcançaram nova amplitude na tentativa de rotular a Ciência Cristã de “culto não-cristão”.

Achamos que as seguintes perguntas e respostas sobre pontos-chave, preparadas pela Delegacia de Divulgação, serão de interesse de nossos leitores e de outras pessoas. Apresentamo-las no espírito das palavras de Mary Baker Eddy: “Uma mentira deixada a seu bel-prazer não é tão facilmente destruída como quando se diz a verdade sobre ela.” 1

 

Como usam os

Cientistas Cristãos a Bíblia?

 

Pergunta: Às vezes, dizem que os Cientistas Cristãos consideram o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras como segunda Bíblia, que substitui as Escrituras ou que é a esta, até mesmo, superior?

Resposta: Eis um ponto importante a ser esclarecido. Para os Cientistas Cristãos, nenhum  livro pode ocupar o lugar da Bíblia. Eles não consideram o livro Ciência e Saúde como “segunda Bíblia” nem sequer como substituto da revelação bíblica. Uma chave não substitui a porta que deve descerrar - ela a abre.

De igual modo, os Cientistas Cristãos encaram os ensinamentos da Sra. Eddy como algo que lhes possibilita compreender o significado da Bíblia, sua profundidade e seu poder transformador. Estudam diariamente a Bíblia (usam basicamente a versão King James quando a estudam em inglês). Como um todo, provavelmente possuem dela um conhecimento tão profundo como o de qualquer outro grupo de cristãos.

Através dos anos, muitos Cientistas Cristãos ecoaram a gratidão que se depreende de um testemunho apresentado por pessoa que havia pouco se interessara pela Ciência Cristã. Esse testemunho está publicado no capítulo “Frutos” no livro Ciência e Saúde. Diz em parte: “A Bíblia, da qual eu conhecia bem pouca coisa, veio a ser meu estudo constante, minha alegria e meu guia.

O exemplar que comprei por ocasião de minha cura, está marcado desde o Gênesis até o Apocalipse. Foi tal a constância com que o tive em minhas mãos por três anos, que a capa se estragou e as folhas se desprenderam, e por isso teve de ser substituído por um novo. Muitas vezes, às duas e às três horas da manhã, encontrava-me estudando atentamente suas páginas, as quais se tornavam mais sagradas para mim, dia a dia....” 2

 

Pergunta: Realmente, não elevam os Cientistas Cristãos Mary Baker Eddy ao mesmo plano de Cristo Jesus e não a colocam até em seu lugar?

Resposta: Não - decididamente não. Se o fizessem não seriam de modo algum seguidores dela, pois nada pode ser mais contrário ao que ela própria ensinou. Repetidas vezes, a crítica cita frases fora do contexto e porções de declarações suas. A própria Sra. Eddy, no entanto, estabeleceu distinção categórica entre o papel dela como pessoa que descobriu a Ciência Cristã e a singularidade de Jesus como o Salvador da humanidade, a própria corporificação do Cristo.

Uma avaliação completa e honesta do que ela disse a esse respeito não deixará dúvida de sua posição clara. Perguntada por um jornal se ela se considerava um “segundo Cristo”, a Sra. Eddy replicou de forma característica: “Até a própria pergunta me causa um choque”, e continuou afirmando que “pensar em mim ou falar em mim de alguma maneira como se eu fora um Cristo, é sacrilégio.” 3 E, em sua nobre réplica a Mark Twain a esse respeito, ela explicou: “Em relação a este século permaneço como Descobridora, Fundadora e Líder, cristã. Considero a autodeificação uma blasfêmia.” 4

 

Pergunta: Mas o que dizer da maneira pela qual a Sra. Eddy e os seus seguidores utilizam a Bíblia? Alguns dizem que tomam citações bíblicas fora do contexto e as usam em apoio de crenças que realmente nada têm a ver com as Escrituras.

Resposta: A Sra. Eddy pesquisou a fundo e chegou à conclusão de haver encontrado o significado vivo, prático, da Bíblia, aplicável ao viver diário. Refere-se contínua e naturalmente à Bíblia, discorre sobre muitas histórias e trechos bíblicos e, muitíssimas vezes, cita textos bíblicos para tornar mais claro um assunto.

Todo o seu ensino, porém, visa a transmitir o significado espiritual da Bíblia, as leis espirituais permanentes ou científicas, subjacentes na Bíblia. Não faz parte de sua natureza escolher um trecho bíblico, tirá-lo fora do contexto, e daí construir em cima desse trecho um argumento teológico.

De fato, esse é um dos traços muito mais típicos da maneira em que muitos religionários justificam a legalidade de suas doutrinas e procuram desacreditar os ensinamentos de que discordam.

Exemplo disso é o hábito de citar 1 João 1:8 para refutar a descrição que a Sra. Eddy faz do homem criado à imagem de Deus, como sendo “incapaz de pecar” 5 .

O versículo bíblico diz: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós.” Isso, é claro, refere-se ao “velho homem” do qual precisamos nos despojar6 , homem esse concebido no pecado e formado na iniqüidade 7.

Se os críticos da Sra. Eddy continuassem a leitura, ao chegarem a 1 João 3:9, verificariam que o autor dessa epístola está dizendo exatamente o que ela diz com respeito ao verdadeiro homem criado por Deus. “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus.”

Em outras palavras, quando se lê os versículos bíblicos e as declarações da Sra. Eddy no texto completo, verifica-se que ambos fazem a mesma distinção básica entre o homem compreendido como o filho espiritual de Deus e os mortais errantes que precisam, de fato, nascer de novo.

Também não é justo para com as Escrituras nem para com os escritos da Sra. Eddy tomar textos e citações isolados e comparar uns contra os outros. Quanto à questão de se os ensinamentos da Ciência Cristã estão ou não estão em harmonia com as Escrituras, a Sra. Eddy recomenda que isso seja deixado a critério do pesquisador e que nesse assunto ninguém aceite o ponto de vista de outrem.

Como afirma em Ciência e Saúde: “Caro leitor, tu mesmo podes pôr à prova a Ciência da cura e certificar-te, assim, se a autora te deu a interpretação correta das Escrituras.” 8

 

Eu rogarei ao Pai,
e ele vos dará outro Consolador,
a fim de que esteja para sempre convosco,
o Espírito da verdade,
que o mundo não pode receber,
porque não no vê,
nem o conhece; vós o conheceis,
porque ele habita convosco e estará em vós.
Não vos deixarei órfãos,
voltarei para vós outros.

João 14:16–18

 

1 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 130. 2 Ciência e Saúde, p. 681. 3 Pulpit and Press, pp. 74–75. 4 Miscellany, p. 302. 5 Ciência e Saúde, p. 475. 6 Efésios 4:22. 7 Citado em Ciência e Saúde, p. 476. 8 Ibid., p. 547.

 

Fonte: texto da edição de novembro de 1982 da revista O Arauto da Ciência Cristã - © 2013 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados.

_________________________________________

 

firstchurch8

Primeira Igreja de Cristo, Cientista, 

Manchester, Inglaterra.

 

Edifício de igreja encomendado em 1902, ao arquiteto Edgar Wood, por um grupo de cientistas cristãos liderados por Lady Victoria Alexandrina Murry, uma filha do conde e condessa de Dunmore e  afilhada da rainha Victoria. Construído entre 1903 e 1904, na Daisy Bank Road, Victoria Park, Fallowfield, Manchester, Inglaterra, foi a primeira igreja da Ciência Cristã na Grã-Bretanha e a segunda na Europa.

______________________

 

Por que a Ciência Cristã não é um "culto" – 3

 

Nota da Redação: Desde os primórdios, formas erradas de apresentar os ensinamentos da Ciência Cristã foram postas em circulação pela crítica. Em anos recentes, essas críticas alcançaram nova amplitude na tentativa de rotular a Ciência Cristã de “culto não-cristão”.

Achamos que as seguintes perguntas e respostas sobre pontos-chave [apresentadas em sete partes], preparadas pela Delegacia de Divulgação, serão de interesse de nossos leitores e de outras pessoas. Apresentamo-las no espírito das palavras de Mary Baker Eddy: “Uma mentira deixada a seu bel-prazer não é tão facilmente destruída como quando se diz a verdade sobre ela.” 1

 

Ciência Cristã - abstração fria

ou cristianismo cálido?

 

Pergunta: No dizer de algumas pessoas a Ciência Cristã mantém um ponto de vista filosófico e abstrato a respeito de Deus como princípio impessoal, frio, a quem não se pode realmente amar nem nele confiar nem a ele recorrer em busca de ajuda, e não é, por isso, realmente cristã.

Resposta: Poderá haver conceito menos abstrato e frio acerca de Deus do que o expresso pela Sra. Eddy em sua mensagem de comunhão em 1896, dirigida a A Igreja Mãe: “Pois ‘que deus é tão grande como o nosso Deus?’, imutável, todo-sábio, todo justo, todo misericordioso; Vida, Verdade e Amor que ama e vive eternamente: que consola os que choram, que aos cativos abre a porta da prisão, que cuida da avezinha, que se compadece mais do que um pai se compadeceria; que cura os enfermos, limpa os leprosos, ressuscita os mortos e salva os pecadores” 2 ?

 

Sim, a Ciência Cristã afasta-se nitidamente do ponto de vista antropomorfo de que Deus seja um ser mutável que ama, odeia e inflige sofrimento terrível às Suas criaturas. E os Cientistas Cristãos sentem-se muito gratos por terem sido libertos de um ponto de vista tão circunscrito a respeito de Deus como se fosse menos do que inteiramente bom, ponto de vista esse que não conforta nem cura, nem redime.

Eles O vêem como o Princípio infinito e divino, o Amor, e ao mesmo tempo como Pai e Mãe do universo, Aquele de quem Tiago pôde escrever: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança.” 3

 

Este é verdadeiramente o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, e não “o Deus dos filósofos”. Este é o Deus a quem podemos amar na plenitude do mandamento bíblico: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.” 4

E quando Cientistas Cristãos se referem a Deus como Amor ou Espírito, ou Verdade, fazem-no exatamente no mesmo sentido em que as próprias Escrituras aplicam esses termos com relação a Deus.

 

Pergunta: Os Cientistas Cristãos se referem a Deus como o Tudo-em-tudo. Acaso não corrobora isso o fato de que a Ciência Cristã é realmente uma forma de panteísmo análoga ao hinduísmo?

Resposta: Não, não para quem cuidadosamente se inteirou do que ela realmente ensina sobre esse ponto. A Ciência Cristã mantém distinção clara e coerente entre Deus como o criador, ou Pai, e o homem inclusive o universo como Sua criação.

Falar em Deus como o Tudo é declarar Sua infinidade que a tudo abrange e sublinha o ponto essencial na Ciência Cristã de que não pode haver entidade real nem poder opostos a Deus. Mas isso não elimina o ponto essencial resumido nas palavras de Ciência e Saúde: “O homem não é Deus, e Deus não é o homem.” 5

 

Tampouco apóia a controvérsia de que a Ciência Cristã seja análoga ao hinduísmo. Os ensinamentos da Ciência Cristã estão inteiramente de acordo com o reconhecimento de S. Paulo, de que “nele [em Deus] vivemos, e nos movemos, e existimos”6 .

 

Nem no Novo Testamento nem na Ciência Cristã encontra-se sugestão alguma de que o ser individual seja absorvido na “plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas” 7.  Ao invés disto, em ambos se indica a variedade de modos pelos quais se expressa a individualidade, “mas o mesmo Deus é quem opera tudo em todos” 8.

 

1 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 130. 2 Miscellaneous Writings, p. 124. 3 Tiago 1:17. 4 Mateus 22:37. 5 Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, p. 480. 6 Atos 17:28. 7 Efésios 1:23. 8 1 Cor. 12:6.

 

Fonte: texto da edição de dezembro de 1982 da revista O Arauto da Ciência Cristã - © 2013 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados.

_________________________________________

 

Christian Science Center Boston - First Church of Christ Scientist or Mother Church

Centro da Ciência Cristã em Boston e seu espelho d'água. A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, ou "A Igreja Mãe", em Boston remonta a 1894 e é o ponto focal do complexo da sede de 14 hectares da religião, localizado na Huntington Avenue em Boston, Massachusetts, EUA.

_________________________

 

Por que a Ciência Cristã não é um "culto" - 4

 

Nota da Redação: Desde os primórdios, formas erradas de apresentar os ensinamentos da Ciência Cristã foram postas em circulação pela crítica. Em anos recentes, essas críticas alcançaram nova amplitude na tentativa de rotular a Ciência Cristã de “culto não-cristão”.

Achamos que as seguintes perguntas e respostas sobre pontos-chave, preparadas pela Delegacia de Divulgação, serão de interesse de nossos leitores e de outras pessoas. Apresentamo-las no espírito das palavras de Mary Baker Eddy: “Uma mentira deixada a seu bel-prazer não é tão facilmente destruída como quando se diz a verdade sobre ela.” 1

 

A missão e o significado

de Cristo Jesus

 

Pergunta: Acaso não é verdade que os Cientistas Cristãos separam Jesus do Cristo e afirmam que Jesus foi apenas um bom homem?

Resposta: Trechos típicos dos escritos da Sra. Eddy que jamais ou raramente são mencionados pelos religiosos que a criticam, contêm declarações como estas: “A divindade do Cristo tornou-se manifesta na humanidade de Jesus” e “Esse Cristo, ou divindade do homem Jesus, era sua natureza divina, a santidade que o animava.” 2

 

A Ciência Cristã faz distinção entre o título divino do Salvador como Cristo e sua história humana como Jesus. No entanto, jamais separa os dois, pois aceita plenamente Jesus como a encarnação ou a corporificação do Cristo.

Por vezes, críticos que se dizem ex-Cientistas Cristãos, lamentam nunca haverem aprendido algo sobre Jesus na Ciência Cristã. É de admirar como essas pessoas podem ter deixado de ler um dos discursos mais comoventes e profundos sobre sua vida até hoje escrito, o capítulo “Reconciliação e Eucaristia” no livro Ciência e Saúde.

 

Há, por certo, diferença teológica legítima entre Cientistas Cristãos e religiões que acreditam que Jesus é Deus. Mas os Cientistas Cristãos acreditam que Jesus demonstrou completamente e de maneira inigualável a filiação espiritual do homem com Deus.

Além disso, consideram que essa filiação espiritual define a verdadeira natureza do homem criado à semelhança de Deus. Cientistas Cristãos amam e reverenciam Jesus não somente como seu Senhor e Mestre, mas também como o Modelo para toda a humanidade. Paulo escreve: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus” 3 e entendem que esse “sentimento”, ou motivação, é divino.

Resumindo, reconhecem cheios de gratidão o Messiado de Cristo Jesus, sua relevância humana e divina na história como o mediador entre Deus e os homens, o “único imaculado”, o “mais alto representante terrestre de Deus”, “Jesus, o coroado de Deus, ou o homem divinamente real” 4 .

 

Pergunta: A maioria dos cristãos acredita que o advento de Jesus na carne e sua crucificação e ressurreição foram acontecimentos cruciais na história da humanidade. Quando Cientistas Cristãos dizem que a matéria é irreal, acaso não negam o próprio significado desses acontecimentos, até mesmo que tenham tido lugar?

Resposta: Jamais cristão algum poderia tomar o registro evangélico da vida de Cristo Jesus, inclusive seu nascimento virginal, sua crucificação e ressurreição corpórea, de maneira mais literal e mais séria do que o Cientista Cristão. Esses são acontecimentos históricos no sentido mais amplo do termo.

A Sra. Eddy escreve com referência ao “ceticismo perigoso” quanto a esse assunto: “Cristãos e Cientistas Cristãos sabem que se o Antigo Testamento e as narrativas dos evangelhos nunca tivessem sido escritos, a natureza do cristianismo, tal como foi ilustrada na vida de nosso Senhor, e a verdade contida nas Escrituras, são suficientes para autenticar o cristianismo do Cristo como o ideal perfeito.” 5

 

O parágrafo anterior ajuda a explicar uma afirmação feita pela Sra. Eddy, a qual invariavelmente é usada fora de contexto pelos críticos religiosos: “Se nunca tivesse existido tal pessoa como o profeta da Galiléia, isso não faria diferença para mim.” 6

 

Apesar de seus escritos caracterizarem-se por constantes referências à suprema importância da vida e do exemplo de Jesus, aqueles que a difamam procuram, em vez disso, trechos isolados que se possam ajustar ao significado que eles querem dar.

No caso em foco, a Sra. Eddy estava descrevendo o que havia dito a um difamador agnóstico que a havia desafiado a comprovar a existência de Jesus. Após as palavras citadas, ela escreveu: “Eu ainda saberia que o ideal espiritual de Deus é o único homem verdadeiro à Sua imagem e semelhança.”

Em termos não completamente dessemelhantes, o evangelista Billy Graham tem afirmado que mesmo “se não houvesse registro histórico da vida e do ministério de Jesus, ele ainda seria real para mim, porque eu o conheço pela minha experiência pessoal e diária” 7.

Com alegria, Cientistas Cristãos enfatizam a importância da ressureição real de Jesus após ter ele sido enterrado, enquanto algumas pessoas de outras igrejas duvidam dessa verdade e ainda assim permanecem de nome no rebanho cristão.

A veracidade da ressurreição sustenta a fé dos Cientistas Cristãos na supremacia do poder espiritual sobre o material. E é fundamental à prática da cura por meio da qual procuram comprovar, passo a passo, que a matéria e suas limitações não fazem parte da realidade estabelecida por Deus.

 

Pergunta: Como podem Cientistas Cristãos dizer que Cristo é apenas uma idéia?

Resposta: Eles não o afirmam. Tal como não afirmam que Deus é “apenas” o Ser Supremo. Cristo é “a idéia de Deus” 8 e não do homem — é a própria presença e o próprio poder de Deus. A Sra. Eddy escreve sobre “a presença viva e palpitante do Cristo” 9 , que cura os doentes, e que “é o Cristo vivo, a Verdade prática, que faz de Jesus ‘a ressurreição e a vida’ para todos os que o seguem em seus atos” 10 .

 

Talvez o cristão tradicional não consiga compreender facilmente esse ponto, mas o poder do Cristo, o espírito do Cristo, expresso no viver, sempre se faz sentir. Separa decisivamente a cura cristã de toda e qualquer forma de cura pela mente humana e regenera enquanto cura.

 

Dirigiram-se, pois, a ele, perguntando:
Que faremos para realizar
as obras de Deus?
Respondeu-lhes Jesus:
A obra de Deus é esta,
que creiais naquele
que por ele foi enviado.

João 6: 28, 29

 

1 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 130. 2 Ciência e Saúde, pp. 25–26. 3 Filip. 2:5. 4 Message to The Mother Church for 1901 de autoria da Sra. Eddy, p. 8, e Ciência e Saúde, pp. 52 e 313. 5 Miscellany, p. 179. 6 Ibid., pp. 318–319. 7 Citado por Robert Peel, em Christian Science: Its Encounter with American Culture (Nova Iorque:Henry Holt and Company, 1958), p. 193. 8 Ciência e Saúde, p. 565. 9 Ibid., p. 351. 10 Ibid., p. 31.

 

Fonte: texto da edição de janeiro de 1983 da revista O Arauto da Ciência Cristã - © 2013 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados.

________________________________________

Nota: as três últimas partes da  série,  com  perguntas e respostas sobre pontos chave  a respeito da  Ciência Cristã, preparadas pela Delegacia de Divulgação, presente  nas edições de outubro de 1982 a  abril de 1984  da  revista “O Arauto da Ciência Cristã” , serão publicadas na próxima semana. 

________________________________________

Recomendamos a leitura da RÉPLICA CORRETIVA PARA A OPINIÃO PÚBLICA sobre artigo anônimo que circula pela internet há muitos anos sobre a Ciência Cristã.

________________________________________

 

sábado, 20 de abril de 2013

EVANGÉLICOS LAMENTAM USO DA BÍBLIA PARA JUSTIFICAR MALDIÇÃO SOBRE OS NEGROS E AFRICANOS

_________________________________________

 

 

Evangélicos lamentam uso da Bíblia para justificar maldições sobre negros e africanos

 

 

A Aliança Cristã Evangélica Brasileira repudiou, em nota pública, o uso inadequado das Escrituras Sagradas sobre supostas maldições sobre pessoas por causa de sua tez. "Não há nenhum apoio bíblico para defender qualquer maldição sobre negros ou africanos, que fazem parte, igualmente e em conjunto, da única família humana", frisa o documento.

 

Equívocos proferidos desde os púlpitos, redes sociais, tribunas e "até protocoladas junto à Justiça Federal, sob o manto da impunidade parlamentar" têm origem no texto que se encontra no livro de Gênesis, capítulo 9, versículos 20 a 27. Nessa passagem, explica a Aliança, Noé, embriagado, fica nu e é surpreendido por seu filho Cam [Cão], avisado que foi por seu neto Canaã, filho de Cam.

Ao invés de manter a discrição, Cam avisa os seus irmãos a respeito da nudez do pai, que se recusam a vê-lo nesse estado e o cobrem com uma manta. Ao saber da postura de Cam e de Canaã, Noé os amaldiçoa, destinando-lhe a servidão.

Noé amaldiçoando seu neto Canaã, gravura de Gustave Doré (1832-1883)

 

"O equívoco em questão dá a entender que a maldição proferida pelo patriarca bíblico contra Canaã, seu neto, e seu filho Cam, atinge os seres humanos de tez negra que habitaram originalmente o continente africano, o que explicaria os vários infortúnios em sua história passada e presente", explica a nota da Aliança.

Toda vez que esse texto foi aventado a partir "dessa hipótese vulgar, tratou-se de ato de má fé a serviço de interesses escusos", tanto na justificativa da escravidão de ameríndios no Brasil, dos negros vindos da África, quanto na elaboração de sistemas legais de segregação social, como aconteceu nos Estados Unidos, ou para justificar o "apartheid".

A Aliança alerta que toda passagem bíblica tem que ser lida em seu contexto imediato e considerado à luz de toda a Escritura. O próprio capítulo 9, do livro de Gênesis, afirma o desejo de Deus de abençoar vida, alimento e todo o necessário para o desenvolvimento dos descendentes de Noé.

"Não há nada, absolutamente nada, nem neste texto bíblico em foco, nem na Escritura como um todo, que indique qualquer maldição sobre negros e africanos, e muito menos algo que justifique a escravidão", destaca a nota da Aliança.


Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação (ALC).

_________________________________________

 

Para refletir:

“As decisões por voto de comissões eclesiásticas sobre o que deve ou não deve ser considerado Escritura Sagrada; os erros evidentes das antigas versões; as trinta mil variantes do Antigo Testamento e as trezentas mil do Novo - esses fatos mostram como um sentido mortal e material se insinuou no relato divino, obscurecendo até certo ponto, com seu próprio matiz, as páginas inspiradas.

Os enganos, porém, não puderam obscurecer inteiramente a Ciência divina das Escrituras, a qual se revela desde o Gênesis até o Apocalipse, nem deturpar a demonstração de Jesus, nem anular a cura operada pelos profetas, os quais previram que "a pedra que os construtores rejeitaram" se tornaria "a principal pedra", a "angular".  Ciência e Saúde com Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy.

“O cristianismo nunca assentará em um Princípio divino para assim ser reconhecido como infalível, sem que antes se alcance sua Ciência absoluta. Quando isso for conseguido, nem orgulho, nem os preconceitos, nem a intolerância, nem a inveja poderão saloprar seus alicerces, pois estará edificado sobre a rocha, Cristo.” Ciência e Saúde com Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy.

 

Noé. Um mortal corpóreo; conhecimento da nulidade das coisas materiais e da imortalidade de tudo o que é espiritual. CS 592: 22

Cão (filho de Noé). Crença corpórea; sensualidade; escravidão; tirania. CS 587: 22

Canaã (filho de Cão). Uma crença sensual; o testemunho daquilo que é chamado sentido material; o erro que quer tornar  mortal o homem  e fazer a mente mortal escrava do corpo. CS 582: 25

CS = Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy

_________________________________________

Acesse: Moisés, Maomé, Jesus:  Leituras  do sagrado  e  fundamentalismos de Luiz Dietrich.

_________________________________________

 

terça-feira, 16 de abril de 2013

A PALESTINA: 4ª PARTE

_____________________________________________________

 

 

Criação do Estado de Israel

(14 de Maio de 1948)

 

Como já o tinham feito em 1937 e pelas mesmas razões, os palestinos opuseram uma recusa formal ao plano de divisão. De fato, a ONU mostrou-se incapaz de o aplicar. Não se tendo previsto nada para substituir as forças britânicas, a sua retirada deixou os árabes e os judeus frente a frente. Os judeus asseguraram as posições dentro dos territórios que o plano da ONU lhes concedia e procuraram ocupar outros.

A 14 de Maio de 1948, véspera do fim do Mandato e da retirada das últimas forças britânicas, os judeus proclamaram o Estado de Israel. A partir do dia 15 a guerra alargou-se com a entrada na Palestina de uma coligação de forças regulares transjordanianas, egípcias e sírias, ajudadas por contingentes libaneses e iraquianos.

No dia 14 de novembro de 1948, Calouste Gulbenkian, exigiu doschairmans das grandes companhias do petróleo – "convidados" a seu apartamento no Hotel Avis, em Lisboa – a inclusão de um item de última hora nos acordos com alguns governos e banqueiros.

 

Israel tinha já em 1948 uma enorme vantagem sobre a coligação árabe. O seu exército era mais numeroso, estava melhor treinado e melhor equipado. Além disso, Israel tinha o apoio das grandes potências e a simpatia da opinião pública ocidental. Os combates cessaram praticamente no dia 7 de Janeiro de 1949, graças à intervenção da ONU. Entre 23 de fevereiro e 20 de julho desse ano, os países árabes implicados na guerra, exceto o Iraque, assinaram armistícios com Israel.

 

Os territórios ocupados por Israel no fim da guerra constituíam cerca de 78% da Palestina. Tornaram-se, de fato, o território do Estado de Israel. Ficaram fora dele a cadeia de baixas montanhas do centro e do sul da Palestina, a chamada Cisjordânia, assim como a Faixa de Gaza.

Jerusalém ficou dividida: a parte oeste da cidade extramuros ficou do lado de Israel; a cidade antiga e o bairro extramuros a norte ficaram do lado árabe. Israel declarou Jerusalém sua capital, decisão essa ignorada pela comunidade internacional, pois ia contra a Resolução 181 da Assembléia Geral da ONU de 1947, que recomendava a internacionalização da cidade. No dia 11 de Maio de 1949, o Estado de Israel foi admitido na ONU.

A 24 de Abril de 1950, a Cisjordânia com a parte de Jerusalém sob domínio árabe foi anexada à Transjordânia, que passou a chamar-se Reino Hachemita da Jordânia. A Faixa de Gaza ficou sob administração militar egípcia.

Entre setecentos a novecentos mil palestinos do que se tornou o território de Israel, isto é, a esmagadora maioria da sua população autóctone, encontraram-se na situação de refugiados. Uns fugiram de suas casas aterrorizados com a aproximação das forças judaicas.

 

O pânico que se abateu sobre a população palestina foi criado em boa parte pelos massacres cometidos pelas forças judaicas em vários pontos do país. O mais conhecido é o de Der Yassin, que era então uma aldeia na vizinhança de Jerusalém. As suas terras estão hoje ocupadas por Giveat Chaul, um bairro da cidade. A 9 de Abril de 1948, um comando do Irgun e do Stern entrou em Der Yassin e massacrou mais de cem pessoas, homens, mulheres e crianças.

A notícia desse massacre provocou a fuga de cerca de 100.000 pessoas da região de Jerusalém. Outros palestinos foram expulsos à força. Entre os vários casos conhecidos, os de maiores proporções tiveram lugar em Lida (a atual cidade de Lod) e Ramlé. Uma escaramuça com tropas árabes ocorrida no dia 12 de Julho de 1948 serviu de pretexto ao exército de Israel para uma violenta repressão que custou a vida a 250 pessoas, algumas das quais eram prisioneiros desarmados, assim como para a expulsão de cerca de 70.000 pessoas, algumas das quais já eram refugiadas.

A ordem de expulsão foi dada pelo próprio Primeiro-Ministro, David ben Gurion. Os seus executores foram Igal Alon e Isaac Rabin. A Galiléia foi a região do território de Israel onde ficaram mais palestinos. As zonas de maior densidade populacional palestina ficaram sob administração militar até 8 de Dezembro de 1966.

 

 

A 11 de Dezembro de 1948 a ONU aprovou a resolução 194 que reconhece aos refugiados palestinos o direito de regressarem aos seus lares ou de serem indenizados, se assim o preferirem. Apesar de o preâmbulo da resolução que o admitiu na ONU mencionar explicitamente a aplicação desta resolução, Israel recusou-se e continua a recusar-se a aplicá-la.

Apressando-se a arrasar as aldeias palestinas que tinham sido esvaziadas dos seus habitantes (o número habitualmente avançado é de cerca de 500 localidades) e distribuindo as suas terras aos imigrantes judeus, Israel tornou impossível o regresso de uma boa parte dos refugiados aos seus lares. A esmagadora maioria dos refugiados amontoou-se em acampamentos na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, na Jordânia, na Síria e no Líbano. No dia 1º de Maio de 1950 a ONU criou a UNRWA, a agência internacional que se ocupa deles.

 

Desde a criação do Estado de Israel, o conflito que o opõe aos palestinos tem sido o epicentro de um conflito entre Israel e o conjunto dos países árabes, com fortes repercussões mundiais. Esse conflito foi, em particular, a causa, ou pelo menos a ocasião, da emigração da maioria esmagadora dos judeus dos países árabes para a Palestina/Israel a partir dos últimos anos da década de 1940. As circunstâncias variaram ligeiramente segundo os países.

De um modo geral, pode dizer-se que uns emigraram por causa da hostilidade de que o conflito os tornou alvos nos seus respectivos países e os outros foram "puxados" ou "empurrados" por Israel, desejoso de multiplicar o mais rapidamente possível a sua população judaica por razões nacionalistas, militares e econômicas, repovoando assim o território que havia sido praticamente esvaziado da sua população palestina.

De fato, os "judeus orientais" depressa se tornaram maioria em Israel, mas o aparelho de estado e o poder econômico ficaram bem firmes nas mãos dos askenazes. A importância numérica entre os dois grupos mudou entretanto a favor dos askenazes com os numerosos imigrantes vindos, nas últimas décadas, das repúblicas soviéticas, antes e depois da dissolução da União Soviética.

 

A guerra de 1967 e as suas conseqüências

 Desde o fim da Guerra de Suez, em 1956, forças internacionais separavam os exércitos de Israel e do Egito e garantiam a liberdade de navegação no Golfo de Akabá. A 19 de Maio de 1967, o Secretário-Geral da ONU, U Thant, decidiu retirá-las, a pedido do Presidente do Egito Gamal Nasser. No dia 22 de Maio, Nasser fechou o Golfo de Akabá aos barcos israelitas.

A crescente  mancha  da invasão judia sobre a Palestina.

 

Israel ripostou no dia 5 de Junho com uma guerra-relâmpago durante a qual ocupou toda a Península do Sinai (egípcia) a Faixa de Gaza (sob administração militar egípcia) a Cisjordânia juntamente com Jerusalém Oriental (anexadas pela Jordânia em 1950) e o Planalto do Golã (sírio). Israel anexou a parte de Jerusalém recém-ocupada.

A chamada "Guerra dos Seis Dias" fez mais refugiados palestinos, da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, alguns dos quais o eram pela segunda vez. Calcula-se que o seu número foi superior a 50.000. A maioria foi para a Jordânia. Os restantes foram para o Egito, a Síria e outros países.

No dia 22 de Novembro de 1967, o Conselho de segurança da ONU aprovou a resolução 242 que se propunha formular os termos para uma paz justa e duradoura no Próximo Oriente, baseada no respeito pelos princípios da Carta da ONU e na inadmissibilidade da aquisição de territórios pela guerra. A resolução ordena a retirada das forças armadas israelitas dos territórios ocupados no recente conflito9 em troca do reconhecimento pelos estados árabes do Estado de Israel dentro das linhas do armistício de 1949.

Além disso, a resolução ressalta a necessidade de garantir a liberdade de navegação através das águas internacionais da área e de dar uma solução justa ao problema dos refugiados. Longe de se retirar dos territórios recentemente ocupados, como exigia a resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU, Israel começou logo a colonizá-los com cidadãos seus.

 

De 1967 a 1995

A história do conflito israelo-palestino desde 1967 é um rosário de planos de paz abortados, de esperanças frustradas e, como nos períodos anteriores, de violência, sangue, destruição e lágrimas. Referiremos só, rapidamente, os fatos, os acontecimentos e as datas que nos parecem mais marcantes e susceptíveis de ajudar a compreender a situação atual.

Começaremos por assinalar uma mudança nos papéis desempenhados pelos intervenientes no conflito. A anexação da Cisjordânia pela Jordânia em 1950 e a passagem da Faixa de Gaza para a tutela do Egito levaram a uma espécie de eclipse do povo palestino. A situação mudou a partir de 1967. O povo palestino voltou a tomar em mãos o seu destino. Por mais que se tenha esforçado por negar a sua existência, Israel teve finalmente que reconhecer o povo palestino não só como povo, mas também como "interlocutor/inimigo" inevitável. Encarnou as aspirações nacionais palestinas a Organização de Libertação da Palestina (OLP) uma coligação de partidos ou grupos que havia sido criada em Jerusalém, em 1964.

Tal como foi formulada em 1968, a Carta da OLP, na linha do que sempre fora a política palestina, propunha-se como objetivo a criação do Estado da Palestina em todo o território nacional.

Isso implicava o desaparecimento do Estado de Israel. A carta da OLP considerava os judeus que viviam na Palestina antes da "invasão sionista" como palestinos com pleno direito à cidadania, como os demais habitantes: muçulmanos, cristãos e de outras religiões ou etnias.

A chefia da OLP esteve na Jordânia até 1971. Derrotada no conflito armado que a opôs ao Governo Jordaniano (Fevereiro e Setembro de 1970) a OLP foi expulsa desse país em 1971, instalando-se então no Líbano.

Na seqüência desses acontecimentos, alguns grupos palestinos, que se apelidaram "Setembro Negro", lançaram-se numa campanha de guerrilha internacional, cujas ações mais espetaculares foram os numerosos desvios de aviões comerciais e o atentado contra os atletas israelitas que participavam nos Jogos Olímpicos de Munique a 5 e 6 de Setembro de 1972.

No dia 6 de Outubro de 1973, o Egito e a Síria tentaram, em vão, reconquistar militarmente cada qual os territórios conquistados por Israel em 1967. No dia 22 do mesmo mês, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a Resolução 338 que reafirma a validade da Resolução 242 e apela para um cessar-fogo e para negociações com vistas a "instaurar uma paz justa e duradoura no Próximo Oriente". Os combates cessaram três dias mais tarde.

No mês seguinte, a Liga Árabe, reunida na Cimeira de Argel (26 a 28 de Novembro de 1973) declarou a OLP único representante do povo palestino. Desde 1970 a assembléia Geral da ONU afirmava regularmente o direito do povo palestino à auto-determinação.

No dia 13 de Novembro de 1974, Yasser Arafat fez um discurso na assembléia Geral da ONU. Esta reconheceu aos palestinos o direito à independência e concedeu à OLP o estatuto de observador. A idéia da criação do Estado da Palestina só em parte do território nacional, já abordada em Junho de 1974, foi aceite no 13º Conselho Nacional Palestino, de 12 a 20 de Março de 1977.

No dia 17 de Setembro de 1978, foram assinados os acordos de Camp David entre o Egito, Israel e os EEUU. Israel devolveu o Sinai ao Egito. Paralelamente à retirada do Sinai, que terminou a 25 de Abril de 1982, Israel intensificou a colonização da Cisjordânia e do Golã. Em conformidade com os acordos de Camp David, o Egito e Israel começaram, a 25 de Maio de 1979, negociações sobre um estatuto de autonomia para os palestinos da Cisjordânia e de Gaza, não escondendo Israel a intenção de anexar esses territórios no termo dos cinco anos previstos para a autonomia.

No dia 6 de Junho de 1982, Israel invadiu o Líbano com a intenção declarada de expulsar de lá a OLP. Nos termos de um cessar-fogo negociado sob a égide dos EEUU, as forças da OLP foram evacuadas do Líbano entre 10 e 13 de Setembro desse ano, mudando-se a sua chefia para Tunes. Foi então que se deram os massacres de Sabra e de Chatila.

Entre os dias 15 e 16, o exército de Israel ocupou a parte ocidental de Beirute. No dia 16, forças libanesas (milícias cristãs aliadas de Israel) entraram nos campos de refugiados palestinos de Sabra e de Chatila e mataram homens, mulheres e crianças. [Embora se utilizem da palavra "cristãs", essas organizações judeo-israelitas, "milícias cristãs", não têm o aval, nem a mais remota participação da Igreja Católica, ou de outras igrejas realmente cristãs].

Os soldados judeus que cercavam os campos, assistiram aos massacres sem intervir. Segundo a comissão de inquérito oficial israelita houve 800 mortos; segundo a OLP, terá havido 1500.

 

  A dita comissão israelita concluiu que Ariel Sharon, então Ministro da Defesa, foi indiretamente responsável pelo sucedido. No dia 9 de Dezembro de 1987 rebentou a primeira Intifada (insurreição) em Gaza e na Cisjordânia contra a ocupação.

No dia 31 de Julho de 1988, o rei Hussein da Jordânia anunciou oficialmente que rompia "os vínculos legais e administrativos" do seu país com a Cisjordânia, renunciando à pretensão de soberania sobre esse território que havia sido anexado pelo seu avô em 1950.

 

No 19º Conselho Nacional palestino, reunido em Argel, a OLP proclama o Estado da Palestina no dia 15 de Novembro de 1988, aceita as resoluções do Conselho de Segurança da ONU 181, 242 e 338 e reafirma a condenação do terrorismo.

Na seqüência da chamada "Guerra do Golfo", houve a Conferência Internacional de Madrid (inaugurada no dia 30 de Outubro de 1991) e as primeiras negociações bilaterais entre Israel e três dos seus vizinhos árabes (Jordânia, Síria e Líbano). Os palestinos ainda não tiveram a sua delegação própria. Fizeram parte da delegação jordaniana.

Negociações secretas entre israelitas e palestinos tidas em Oslo, no Inverno de 1992-1993, levaram finalmente ao reconhecimento entre Israel e a OLP a 9 de Setembro de 1993. A 13 do mesmo mês Yasser Arafat e Isaac Rabin assinaram em Washington a "Declaração de Princípios sobre as Disposições Interinas de 'Auto-Governo'".

A dita declaração determinava a entrega de parte da Cisjordânia e da Faixa de Gaza aos palestinos, entrega essa concebida como a primeira etapa de um processo que deveria desembocar, no prazo de cinco anos, na solução do conflito que opõe os palestinos e os sionistas/israelitas desde há quase um século. De fato, Yasser Arafat entrou em Gaza no dia 1º de Julho de 1994 e o exército de Israel terminou a retirada das cidades palestinas, exceto de Hebron, em Dezembro de 1995.

Os palestinos viram nesse fato o começo da realização do sonho de um estado palestino independente, embora só em cerca de um quinto da sua pátria e dividido em duas partes (Cisjordânia e Faixa de Gaza) separadas pelo território de Israel. Incluindo Jerusalém Oriental, a Cisjordânia tem uns 5.850 Km2. A Faixa de Gaza tem uns 365 km2.

 

Desde 1995

No dia 23 de Outubro de 1998, Israel e a Autoridade Palestina assinaram o memorando de Wye River que previa a entrega à Autoridade Palestina de mais 13% do território da Cisjordânia no prazo de três meses, mas passados menos de dois meses, a 18 de Dezembro, Israel suspendeu a sua aplicação.

No dia 4 de Maio de 1999 terminou o período da autonomia palestina previsto na "Declaração de Princípios". Sob a instigação do Presidente dos EEUU, Bill Clinton, Yasser Arafat e Ehud Barak assinaram, no dia 4 de Setembro do mesmo ano, o memorando de Charm ech-Cheikh, que redefinia o calendário para a aplicação do memorando de Wye River e, além disso, estipulava a abertura de dois corredores seguros entre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, a libertação de mais um grupo de prisioneiros palestinos e o começo das negociações sobre todas as questões ainda em suspenso.

Tudo isso ficou letra morta. Bill Clinton convocou de novo Yasser Arafat e Ehud Barak com os quais se reuniu em Camp David de 11 a 24 de Julho. As negociações avançaram, mas não se chegou a um acordo. Seguiram-se ainda outras tentativas de negociações instigadas igualmente por W. Clinton, prestes a terminar o seu mandato. A última dessas tentativas teve lugar em Taba (Egito) de 21 a 27 de Janeiro de 2001, dias antes de os israelitas escolherem Ariel Sharon para seu primeiro-ministro em vez de Ehud Barak.

Resumindo: Os acordos de Oslo não criaram a dinâmica de paz que deles se esperava. Praticamente não se foi além da aplicação do que se previa que fosse só a sua primeira fase. É verdade que Israel se retirou das oito zonas urbanas da Cisjordânia e de cerca de 80% da Faixa de Gaza, deixando assim a maioria esmagadora dos palestinos sob a jurisdição exclusiva da Autoridade Palestina10. Repare-se, no entanto, que as oito zonas urbanas da Cisjordânia são ilhas num mar israelita11.

Não havendo contigüidade territorial entre elas, estão isoladas umas das outras. Em condições "normais", essa situação obstrui seriamente a circulação de pessoas e bens e, por conseguinte, todas as atividades, nomeadamente a atividade econômica, dos palestinos. Em situações de "crise", ela permite ao exército israelita reocupar em poucos minutos, e com poucos meios (uns quantos tanques e buldózeres) as cidades palestinas ou sitiá-las, encarcerando nelas os seus habitantes.

Pelo contrário, os colonos israelitas continuaram a evoluir à vontade num espaço aberto, dispondo para isso de uma moderna rede rodoviária própria, que não só lhes permite circular na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas também os liga ao território de Israel.

Longe de parar, como deveria ter acontecido em conformidade com o espírito do "Processo de Oslo", a colonização, sobretudo da Cisjordânia, intensificou-se. Cresceram os Assentamentos de Colonos já existentes e criaram-se outros novos. Para esse efeito, confiscaram-se mais terras. Isto e o não-cumprimento por parte de Israel de outros acordos levaram os palestinos a perder a confiança no "processo de Oslo".

A frustração, à altura da imensa esperança que o dito processo havia suscitado, levou os palestinos à beira da explosão. A visita de Ariel Sharon, então chefe da oposição israelita, à Esplanada das Mesquitas em Jerusalém, no dia 28 de Setembro de 2000, serviu de rastilho. O horror do que desde então se passa na Palestina tem ecoado ruidosamente em todo o mundo dia após dia, graças aos meios de comunicação social.

 

 

Algumas conclusões e reflexões

Para terminar, algumas conclusões e reflexões. Começaremos por um apanhado dos pontos de divergência fundamentais que existem atualmente entre a Autoridade Palestina e Israel.

1 – A questão dos refugiados. Israel recusa-se a aplicar a Resolução 194. Aprovada pela assembléia Geral da ONU a 11 de Dezembro de 1948 e reafirmada todos os anos, essa resolução reconhece aos refugiados o direito de regressarem aos seus lares ou de serem indenizados, se assim o preferirem. Israel nega-se até a reconhecer a sua responsabilidade moral e legal pela existência dos refugiados.

Durante décadas "legitimou" essa recusa dizendo que os palestinos abandonaram as suas casas por ordem dos países/exércitos árabes, que lhes teriam prometido o regresso dentro de pouco tempo.

Ora, os estudos dos chamados "novos historiadores" israelitas da última década confirmaram o que os historiadores palestinos sempre disseram e os bons conhecedores da questão sabiam há muito, para não falar das vítimas: Essa versão da origem do problema dos refugiados palestinos é uma invenção da propaganda israelita.

Por isso, Israel funda agora abertamente a recusa do regresso dos refugiados no que é, e sempre foi, a verdadeira razão: O regresso dos refugiados mudaria a composição étnica de Israel, que se "arriscaria" a deixar de ser um estado majoritariamente judaico. Ora, foi precisamente para evitar esse "perigo" que Israel expulsou muitos dos refugiados de suas casas.

Os refugiados palestinos são, de fato, muito numerosos. A 30 de Junho de 1999, a UNRWA recenseava 3.600.000. Não entram nesse número os que se tornaram refugiados em 1967 (mais de 50.000) e os seus descendentes. Sabe-se que existem mais umas centenas de milhar de palestinos que foram deslocados e não constam nas listas da UNRWA.

2 – Jerusalém Oriental. A parte oriental de Jerusalém foi conquistada em 1967. O plano da internacionalização de Jerusalém (na sua totalidade, indo até Belém) tendo sido aparentemente abandonado, a parte oriental da cidade é um dos territórios ocupados em 1967, que a Resolução 242 do Conselho de Segurança ordena devolver.

O fato de Israel a ter anexado e de lhe ter alargado as fronteiras não muda de forma alguma o seu estatuto do ponto de vista da legalidade internacional.

Essas medidas foram aliás declaradas nulas repetidas vezes pelas instâncias da ONU. No que se pode considerar um gesto de boa vontade, a Autoridade Palestina aceita ceder a Israel a soberania sobre partes de Jerusalém Oriental, nomeadamente o chamado "Muro das Lamentações", o único vestígio das construções ligadas ao templo judaico que se conhece12.

Por ser o lugar do antigo templo judaico, do qual nada é visível, Israel opõe-se à soberania palestina sobre a Esplanada das Mesquitas, a qual com o santuário do Domo do Rochedo e a Mesquita de El-Aqsa, bem visíveis, é o terceiro lugar santo do islamismo.

3 – Assentamentos de Colonos. No decurso dos 35 anos de ocupação da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, Israel criou mais de duas centenas de Assentamentos de Colonos sobretudo na Cisjordânia. Para esse efeito, apoderou-se de todos os recursos hídricos e da maioria das terras da Cisjordânia: umas declarou-as baldias e as outras, nomeadamente as que pertenciam aos refugiados ou a outras pessoas ausentes em 1967, confiscou-as.

Calcula-se que há hoje 200.000 israelitas a viver na Cisjordânia e outros tantos em Jerusalém Oriental, ao lado de cerca de 2.000.000 de palestinos. Na Faixa de Gaza há 6.900 israelitas, que dispõem de cerca de 20% do território, ao lado de cerca de 1.200.000 palestinos, dos quais cerca de 70% são refugiados. 33% dos palestinos da Faixa de Gaza vivem nos campos de refugiados administrados pela UNRWA. Superpovoada, a Faixa de Gaza é um dos territórios do mundo com maior densidade demográfica.

A instalação de cidadãos civis do estado ocupante num território ocupado é explicitamente proibida pela IV Convenção de Genebra relativa à Proteção das Pessoas Civis em Tempo de Guerra que Israel assinou.

Por isso, a colonização israelita de Jerusalém Oriental e dos demais territórios ocupados foi muitas vezes declarada ilegal pelas instâncias da ONU (Conselho de Segurança e assembléia Geral). Nas mesmas ocasiões as ditas instâncias internacionais exortaram Israel a anular todas as medidas tomadas no sentido da colonização dos territórios ocupados.

_______________

Usamos palestinense em relação com a Palestina antiga, palestino em relação com a Palestina moderna.  

9 Há uma divergência sutil entre os textos inglês e francês da resolução, ambos oficiais. O primeiro fala "dos territórios" ("des territoires") e o segundo "de territórios" ("from territories"). Israel só tem em conta a versão inglesa que lhe permitiria eventualmente guardar parte dos territórios conquistados em 1967. Afirmando a inadmissibilidade da aquisição de território pela guerra sem qualquer restrição, o segundo considerando da resolução parece excluir tal interpretação.

10 Esses territórios, sobretudo o da Cisjordânia, foram divididos, de forma complicadíssima, em três zonas: A (com administração palestina exclusiva); B (com administração civil palestina e ocupação militar israelita); e C (administração israelita exclusiva).

11 Na Cisjordânia, a zona A representa 17,2% do território; a zona B 23,8%; e a zona C 59%. Os mapas da Cisjordânia onde figuram estas divisões são com freqüência comparados à pele de um leopardo.

12 A ironia do destino quer que essas construções tenham sido obra do idumeu (palestino) Herodes Magno.

_________________________________________

Fonte: Comissão de Justiça e Paz, CNIR/FNIRF, Portugal, 2002.

_______________________________________________

Acesse neste blog: Palestina: 1ª PartePalestina: 2ª Parte e Palestina: 3ª Parte  da Comissão de Justiça e Paz, CNIR/FNIRF, Portugal, 2002, Moisés, Maomé, Jesus:  Leituras  do sagrado  e  fundamentalismos de Luiz Dietrich  e Sura Al-Fatiha: oração diária dos mulçumanos.

_______________________________________________

terça-feira, 9 de abril de 2013

A PALESTINA: 3ª PARTE

  _______________________________________________

 

Agenda para oração:

 

 

A Primeira Guerra Mundial

e a Palestina

 

 

A Primeira Guerra Mundial teve conseqüências decisivas para a Palestina. As potências aliadas não esperaram pelo fim da guerra para preparar o desmantelamento e a liquidação do império turco, aliado da Alemanha.

Procurando aproveitar-se do nacionalismo árabe, a Grã-Bretanha prometeu ao cherife Hussein de Meca o seu apoio para a criação de um estado árabe independente tendo por fronteira ocidental o mar Vermelho e o Mediterrâneo, em troca da revolta árabe contra a Turquia.

 

De fato, a Palestina, que faz parte do território do anunciado estado árabe, era cobiçada ao mesmo tempo pela Grã-Bretanha e pela França, mas as duas potências admitiram o princípio da sua internacionalização nos acordos secretos de Sykes-Picot de 16 de Maio de 1916.

Esse fato não impediu a Grã-Bretanha de prometer no ano seguinte, na chamada Declaração Balfour, à Federação Sionista que faria todo o possível para o estabelecimento de "um lar nacional para o povo judaico" (a national home for the Jewish people) na Palestina.

Para os sionistas, o circunlóquio "um lar nacional para o povo judaico" designava um estado judaico ou um estado dos judeus. O movimento sionista evitava o termo "estado", falando antes de "lar nacional" ou de "pátria", para não exacerbar a oposição turca ao projeto.

De fato, as forças britânicas, às quais se renderam as forças turcas em Jerusalém a 9 de Dezembro de 1917, terminaram a ocupação da Palestina em Setembro de 1918. A Palestina ficou então sob administração militar britânica, a qual foi substituída por uma administração civil a 1º de Julho de 1920.

Entretanto, na Conferência da Paz reunida em Paris, em Janeiro de 1919, as Potências Aliadas decidiram que os territórios da Síria, do Líbano, da Palestina/Transjordânia e da Mesopotâmia não seriam devolvidos à Turquia, mas passariam a formar entidades distintas, administradas segundo o sistema dos Mandatos.

Criado pelo artigo 22 do Pacto da Liga das Nações a 28 de Junho de 1919, o sistema dos Mandatos destinava-se a determinar o estatuto das colônias e dos territórios que se encontravam sob o domínio das nações vencidas. O dito documento declara que "algumas comunidades outrora pertencentes ao Império Turco atingiram um estado de desenvolvimento" que permite reconhecê-las provisoriamente como nações independentes.

Em relação a essas nações, o papel das potências mandatárias seria ajudá-las a instalar a sua administração nacional independente. O mesmo documento estipula ainda que os desejos dessas nações devem ser uma consideração principal (a principal consideration) na escolha da potência mandatária.

Na conferência de San Remo a 25 de Abril de 1920, o Conselho Supremo Aliado repartiu os Mandatos para essas nações entre a França (Líbano e Síria) e a Grã-Bretanha (Mesopotâmia, Palestina/Transjordânia). O Mandato para a Palestina, que incorpora a Declaração Balfour sobre o estabelecimento do "lar nacional para o povo judaico", foi aprovado pelo Conselho da Liga das Nações a 24 de Julho de 1922, tornando-se efetivo a 29 de Setembro do mesmo ano.

Ao abrigo do disposto no art. 25 do Mandato para a Palestina, o Conselho da Liga das Nações decidiu a 16 de Setembro de 1922 excluir a Transjordânia de todas as cláusulas relativas ao lar nacional judaico, e dotá-la com uma administração própria.

De fato, o território que os sionistas pretendiam para nele estabelecer o seu estado era bastante mais vasto do que a Palestina. Abarcava também toda a parte oeste da Transjordânia, o planalto do Golã e a parte do Líbano a sul de Sidão.

 

Como previsto, todas essas nações se tornaram efetivamente independentes no curso das três décadas seguintes: O Iraque (Mesopotâmia) a 3 de Outubro de 1932; o Líbano, a 22 de Novembro de 1943; a Síria, a 1º de Janeiro de 1944 e, finalmente, a Transjordânia, a 22 de Março de 1946. A única exceção foi a Palestina.

O obstáculo que fez descarrilar o processo da independência da Palestina foi a adoção pela Liga das Nações, seguindo nisso as pegadas da Grã-Bretanha, do projeto sionista da criação do "lar nacional para o povo judaico" nesse país.

A Organização Sionista Mundial tinha entretanto amadurecido esse projeto e tinha-lhe granjeado apoios muito sólidos, vindo-lhe o principal da Grã-Bretanha. Esta expressou o seu patrocínio ao projeto sionista na já referida Declaração Balfour. Trata-se de uma carta que A. J. Balfour, Ministro dos Negócios Estrangeiros, escreveu, a 2 de Novembro de 1917, ao Lorde L. W. Rothschild, representante dos judeus britânicos, e, por seu intermédio, à Federação Sionista.

Numa altura em que a Palestina ainda era oficialmente território turco, o Governo de Sua Majestade Britânica declara à Federação Sionista ver com bons olhos o estabelecimento de "um lar nacional para o povo judaico" nesse país e compromete-se a fazer todo o possível para facilitar a realização desse projeto.

A carta acrescenta uma ressalva segundo a qual "nada deverá ser feito que prejudique os direitos cívicos e religiosos das comunidades não-judias que existem na Palestina". As ditas "comunidades não-judias" constituíam então mais de 90 % da população. De fato, em 1918, a Palestina tinha 700.000 habitantes: 644.000 árabes (574.000 muçulmanos e 70.000 cristãos) e 56.000 judeus.

A Declaração Balfour era um compromisso que a Grã-Bretanha assumia, por razões que lhe eram próprias, para com a Federação Sionista. Mas entretanto ela recebeu o aval das Principais Potências Aliadas e foi incorporada no Mandato para a Palestina, aprovado pela Liga das Nações a 24 de Julho de 1922.

Com efeito, o essencial da Declaração Balfour é citado explicitamente no § 2 do preâmbulo do dito documento. É ainda reforçado no § 3, graças a dois elementos que não constavam na Declaração Balfour, isto é, a menção da ligação histórica do povo judaico com a Palestina e a idéia da reconstituição do seu lar nacional nesse país.

Dos vinte e oito artigos do texto do Mandato seis têm por objeto o estabelecimento do lar nacional judaico ou medidas com ele relacionadas. O art. 2, que é o primeiro de caráter programático, começa assim: "A (Potência) Mandatária terá a responsabilidade de pôr o país em condições políticas, administrativas e econômicas que assegurem/garantam o estabelecimento do lar nacional judaico (of the Jewish national home), como está estipulado no preâmbulo...". Outros cinco artigos tratam de medidas destinadas a realizar esse programa.

Essas medidas dizem respeito:

- ao papel de conselheira de uma "Agência Judaica apropriada" nos diferentes domínios de governo (art. 4);

- às facilidades que devem ser concedidas aos judeus nas questões relativas à imigração, assim como no que respeita à sua instalação no país, inclusive nas terras do Estado ou nos baldios (art. 6);

- às facilidades que devem ser concedidas aos judeus na obtenção da nacionalidade (art. 7);

- à concessão de obras e serviços públicos à Agência Judaica (art. 11b);

- à imposição do hebraico como língua oficial ao lado do inglês e do árabe (art. 22), embora os judeus fossem então só um pouco mais de 11 % da população. A Palestina tinha nessa altura 757.182 habitantes, dos quais 83.794 eram judeus.

Sem excluir formalmente o objetivo normal do tipo de Mandato aplicado aos países árabes do império otomano, que era levar à plena independência a população que então os habitava, o Mandato para a Palestina tinha outro objetivo, que lhe era próprio, isto é, promover a criação de um lar nacional judaico – subentenda-se a criação de um estado judaico – com gente que, na sua maioria esmagadora, estava ainda espalhada pelo mundo e, por conseguinte, deveria ser trazida de fora.

O seu documento fundante não deixa dúvidas de que o objetivo prioritário do Mandato para a Palestina – para não dizer o seu verdadeiro objetivo – era criar o lar nacional judaico. É verdade que o documento também menciona as comunidades não-judaicas então existentes na Palestina e os seus direitos cívicos e religiosos – não refere os seus direitos políticos – mas as suas menções vêm em segundo lugar e expressam-se sob a forma de ressalvas feitas às medidas destinadas a implementar o projeto sionista.

Graças ao Mandato para a Palestina, o patrocínio do projeto sionista, que era um elemento da política britânica, tornou-se política oficial da Liga das Nações. Esta não só deu ao projeto sionista a caução internacional mas forneceu-lhe também os meios para a sua realização.

A Grã-Bretanha, a quem o Conselho Supremo Aliado (isto é, os vencedores da guerra) confiara o Mandato da Palestina, era sem dúvida alguma a potência mais indicada para implantar a política da Liga das Nações em relação a esse país. De fato, a administração britânica procurou cumprir fielmente enquanto pôde a missão que lhe fora confiada.

 

Por seu lado, as organizações sionistas aproveitaram as infra-estruturas administrativas e econômicas que o Mandato pôs à sua disposição para acelerar a realização do projeto de criação do Estado judaico na Palestina. Para isso intensificaram a imigração dos judeus da Europa oriental e central, em três vagas principais: em 1919-1923, 1924-1928 e 1932-1940. Em 1931 os judeus eram 174.610 de um total de 1.035.821 habitantes da Palestina.

Em 1939, já são mais de 445.000 e em 1946 atingem o número de 808.230 de um total de habitantes da Palestina respectivamente de 1.500.000 e de 1.972.560. Por outro lado, o Fundo Nacional Judaico, isto é, o fundo da Organização Sionista Mundial para a compra e o desenvolvimento da terra, intensificou a aquisição de terras.

Estas tornavam-se "propriedade eterna do povo judaico", inalienável e que só podia ser arrendada a judeus. No caso das explorações agrícolas, até a mão de obra devia ser exclusivamente judaica. Por fim, os sionistas criaram em pouco tempo as principais estruturas do futuro estado, nomeadamente um exército clandestino (a Haganá).

 

A maneira como os vencedores da Primeira Guerra Mundial decidiram o destino da Palestina, servindo-se para isso da Liga das Nações, é quase uma caricatura da duplicidade e prepotência que não raro caracterizam as relações internacionais. De fato, há especialistas do Direito Internacional que questionam a legalidade das decisões da Liga das Nações em relação à Palestina em nome das regras que ela própria fixara.

Assim, apesar de ter classificado a Palestina num grupo de nações às quais reconhecia imediatamente a independência formal e prometia a independência efetiva a curto prazo, a Liga das Nações impôs-lhe um Mandato cujo objetivo prioritário não era a instalação da administração palestina nacional, como previa o documento que instituiu o sistema dos Mandatos, mas, sim, a criação do "lar nacional judaico" com gente que ainda estava espalhada pelo mundo.

Ora, este objetivo não só contrariava o processo de transição para a independência política efetiva da Palestina, mas era incompatível com o próprio princípio da sua independência com a população que ela então tinha, princípio esse que a Liga das Nações admitira previamente.

Por outro lado, tendo nomeado a Grã-Bretanha para potência mandatária sem ter consultado os palestinos, o Supremo Conselho Aliado não respeitou a regra fixada pelo Pacto da Liga das Nações, segundo a qual os desejos das comunidades submetidas a esse tipo de Mandato deviam ser uma consideração principal na escolha da potência mandatária (art. 22)7.

 

 

Mandato britânico (1922-1948)

Os palestinos viram no patrocínio que deram primeiro a Grã-Bretanha e depois a Liga das Nações ao projeto sionista de criação do lar nacional judaico na Palestina a negação do seu direito à independência.

Ora, tanto a Grã-Bretanha como a Liga das Nações, explícita ou implicitamente, não só lhes tinham reconhecido esse direito, mas também lhes tinham prometido o seu gozo pleno a curto prazo. Por isso, além do mais, os palestinos sentiram-se defraudados.

Naturalmente, opuseram-se ao projeto da criação do lar nacional judaico na Palestina desde o primeiro instante – logo que tiveram conhecimento da Declaração Balfour – e tentaram, por todos os meios, impedir a sua realização, pois temiam que dela resultasse a sua submissão, não só política mas também econômica, aos sionistas, passando assim do domínio turco para o domínio judaico, com um intervalo britânico.

Apresentaram protestos contra a Declaração Balfour à Conferência de Paz de Paris e ao Governo Britânico. A primeira manifestação popular contra o projeto sionista teve lugar a 2 de Novembro de 1918, primeiro aniversário da Declaração Balfour. Essa manifestação foi pacífica, mas a Resistência depressa se tornou violenta, expressando-se em ataques contra os judeus que degeneravam em confrontos sangrentos.

Houve motins em 1920, durante a Conferência de San Remo que distribuiu os Mandatos, em 1921, 1929 e 1933. De um modo geral, as erupções de violência eram cada vez mais graves à medida que o Mandato se prolongava e a colonização sionista se estendia e fortalecia. Os acontecimentos desenrolavam-se segundo uma seqüência que se tornou habitual.

A potência mandatária respondia aos motins nomeando uma comissão real de inquérito, cujas recomendações reconheciam a legitimidade das reivindicações palestinas e levavam a anunciar ou a esboçar tímidas medidas tendentes a satisfazê-las. Mas, dado que contrariavam o objetivo primordial do Mandato, essas medidas ficavam letra morta ou eram depressa esquecidas. E o ciclo recomeçava.

A Resistência palestina culminou na revolta de 1936-1939. Em Abril de 1936, distúrbios locais entre árabes e judeus degeneraram numa revolta generalizada dos palestinos. A revolta já não visava só a colonização sionista. Dirigia-se sobretudo contra as autoridades britânicas, o poder estrangeiro, de quem os palestinos exigiam a constituição de um governo nacional. As autoridades britânicas ripostaram com uma repressão violenta e os sionistas com represálias.

Os palestinos começaram uma greve geral a 8 de Maio de 1936 coordenada pelo Alto Comitê Árabe, que era composto por representantes dos principais partidos. Terminaram-na em Outubro do mesmo ano como resposta ao anúncio de mais uma Comissão Real de Inquérito.

A trégua foi de pouca dura, a revolta não tardando a recomeçar. Tendo chegado à conclusão de que os palestinos não renunciariam à independência, os britânicos encararam em 1937 a hipótese de dividir a Palestina em dois estados, um árabe e o outro judaico. Essa solução não satisfazia nenhuma das partes.

Os palestinos não renunciavam a uma parte do seu território. Os sionistas, que viam com razão nesse plano um desvio da política oficial não só britânica mas também internacional, ainda não aceitavam a idéia de criar o estado judaico só numa parte da Palestina, o que aparentemente significaria renunciar à reivindicação da totalidade do país.

A revolta palestina continuou e durou até 1939. Considerando inviável o plano de divisão da Palestina, os britânicos fazem marcha atrás e propõem no "Livro Branco" de 1939 a criação de um só estado para árabes e judeus, no prazo de dez anos. O mesmo documento propunha o fim da imigração judaica dentro de cinco anos e limitava a 75.000 o número de imigrantes durante esse prazo de tempo.

Além disso, previa uma regulamentação estrita da compra de terras pelas organizações judaicas. Esse conjunto de medidas implicava que os árabes constituiriam um pouco mais de dois terços dos cidadãos do Estado da Palestina. O peso dos dois povos na administração do Estado seria proporcional à sua importância numérica. As autoridades mandatárias tentaram executar as recomendações do "Livro Branco" de 1939, mas sem verdadeiro êxito.

O "Livro Branco" de 1939 confirmou a viragem na política britânica já esboçada dois anos antes. Ao abandonar a idéia da criação de um estado judaico, as autoridades mandatárias romperam com a política seguida até então. Isso representava um sério revés para os sionistas. Estes tiveram que adotar uma nova estratégia, a qual comportou três elementos principais.

Promoveram a imigração ilegal, tarefa essa facilitada pelo genocídio judaico que a Alemanha nazista estava então a perpetrar na Europa central e oriental [ou mais corretamente, instigada pela propaganda judaica, levada a cabo pelas organizações sionistas, sobre o suposto"genocídio judeu" que hoje é questionado por vários historiadores e pesquisadores].

Assim a Palestina aparecia como o lugar de refúgio para os judeus europeus, sobretudo do centro e do leste. Além disso, os sionistas procuraram obter o apoio dos Estados Unidos para substituir o apoio britânico. Alguns grupos judeo-sionistas lançaram-se numa campanha de sabotagens e terrorismo contra as autoridades britânicas e a população palestina.

 

 

Nessa altura a Haganá não era o único grupo armado judaico. Havia também o Irgun e o Stern8, que se destacaram por sua violência e ações terroristas.

  

Entre as numerosas ações terroristas realizadas pelo Irgun contra as autoridades britânicas, a mais conhecida é o atentado do Hotel King David em Jerusalém, onde estava instalada a administração governamental. A explosão de uma ala do edifício, no dia 22 de Julho de 1946, custou a vida a 91 pessoas, das quais 86 funcionários (britânicos, árabes e judeus).

 

Declarando-o inviável por ter duas missões inconciliáveis, a Grã-Bretanha renunciou ao Mandato e remeteu a questão da Palestina para a sucessora da Liga das Nações, a Organização das Nações Unidas (ONU), em Fevereiro de 1947. A 29 de Novembro de 1947 a assembléia Geral da ONU, retomando uma idéia que já tinha sido proposta dez anos antes, aprovou a resolução 181 que recomendava a divisão da Palestina em dois estados, um judaico e o outro árabe.

Os dois estados estariam unidos do ponto de vista econômico. Jerusalém (incluindo Belém) não pertenceria a nenhum dos estados, mas formaria um corpus separatum sob a jurisdição da ONU. Passados dez anos haveria um referendo entre os habitantes da cidade sobre o seu regime. O plano deveria entrar em vigor dois meses depois do fim do Mandato que a Grã-Bretanha fixou para o dia 15 de Maio de 1948.

 

7 O que mais se pareceu com uma consulta dos palestinos foi a chamada Comissão King-Crane. Os norte-americanos Henry C. King e Charles R. Crane efetuaram de fato uma missão na Palestina e consultaram os seus habitantes em Junho-Julho de 1919. No seu relatório, King e Crane recomendaram profundas modificações no projeto sionista, mas a Grã-Bretanha e a França, que haviam boicotado a missão, não fizeram caso dessas recomendações.

8 Menahem Beguin e Isaac Chamir, que serão mais tarde primeiros-ministros de Israel, estiveram ligados a estes grupos. O primeiro dirigiu o Irgun a partir de Dezembro de 1943. O segundo foi um dos chefes do Stern.

 

Fonte: Comissão de Justiça e Paz, CNIR/FNIRF, Portugal, 2002.

_______________________________________________

Acesse neste blog:  Palestina: 1ª Parte  e Palestina: 2ª Parte da Comissão de Justiça e Paz, CNIR/FNIRF, Portugal, 2002,      Moisés, Maomé, Jesus:  Leituras  do sagrado  e  fundamentalismos de Luiz Dietrich  e Sura Al-Fatiha: oração diária dos mulçumanos.

________________________________________________