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1ª Oficina Bíblica de Férias, Garuva, Santa Catarina, Brasil
Janeiro de 2011
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A TERRA PROMETIDA
1300-1200 a.C. – Js 1: 1-12, 24
1. NOME
O nome Canaã significa, provavelmente, “país de lã púrpura”, pelo fato de produzir principalmente esse tipo de lã.
2. DIMENSÕES
Na faixa entre o mar Mediterrâneo e o rio Jordão, de norte a sul, mede 240km; de leste a oeste varia entre 45 e 85 Km. Sua superfície é de 25.000 Km2, pouco maior que o estado de Sergipe.
3. TOPOGRAFIA
Aí se situa a maior falha geológica do globo terrestre, formando uma grande depressão de norte a sul, onde se situa o vale do rio Jordão, o qual desce até 398 m abaixo do nível do mar, ao atingir o Mar Morto.
Essa depressão é cercada por duas cadeias de montanhas, dividindo o território em várias regiões: planície costeira, junto ao Mar Mediterrâneo, a cadeia central de montanhas, o vale do Jordão, o planalto a leste e, por fim , a estepe. Essa divisão exerce importantes reflexos no clima e na política de Canaã. A planície costeira é dividida em duas pelo monte Carmelo.
4. CLIMA
Há, praticamente, só duas estações: a das chuvas(outubro a junho) e a das secas(junho a outubro). As chuvas são mais abundantes na zona costeira e na cadeia central de montanhas, sendo escassas no vale do Jordão, principalmente no sul. Aí o calor é muito forte, quase insuportável, esfriando à noite.
O verão é amenizado pela queda do orvalho à noite, umedecendo o solo. No vale do Jordão, porém, não cai orvalho. Entre as estações sopra um vento quente e seco, chamado siroco, que prejudica tanto as pessoas como os animais e a vegetação.
5. HIDROGRAFIA
Canaã é paupérrimo em rios. Além do Jordão, na parte oeste existe praticamente só um rio com certa perenidade: o Quison, na planície de Zezrael.
Nascente do rio Jordão
A leste, o Jordão possui dois afluentes: Jaboc e Jarmuc, além do rio Arnon que deságua no mar Morto.
Mar Morto
São comuns os rios intermitentes e periódicos na época das chuvas (os wadis; os rios temporários),que formam barreiras naturais e vias de comunicações durante a seca. O solo calcário do território absorve a água e, por isso, favorece o aparecimento de fontes e escavações de poços.
6. POLÍTICA
Na época imediatamente anterior à instalação dos israelitas, Canaã era parte do império egípcio. O Egito havia afrouxado o controle sobre a região, contentando-se em receber tributos pagos pelos reis das cidades-estado espalhadas por todo o território, que viviam em contínuas lutas para assegurar sua própria cidade e para conquistar outras.
Essas lutas favoreceram a atividade de grupos insatisfeitos com o sistema (os ‘apirus) que, guerreando ora a favor de um rei ora a favor de outro, procuravam desestabilizar não só o sistema cananeu, mas também o egípcio.
As ações desses grupos são frequentemente relatadas nas cartas de Tell el-Amarna que os reis cananeus enviaram ao faraó, de tal maneira que o termo passa a significar desordeiro, subversivo.
Uma das Cartas de Amarna
Procurava-se identificar o termo ‘apiru com o termo hebreu. Assim sendo, os hebreus seriam parte de um grupo insatisfeito com o sistema cananeu e egípcio.
A posição estratégica de Canaã na rota comercial e militar dos grandes impérios fazia com que as cidades-estado fossem fortificadas. Eram verdadeiras fortalezas, principalmente nas passagens mais importantes.
7. ECOMOMIA
Essa política sustentava uma economia eminentemente agrícola, onde os camponeses eram explorados pela cidade-estado que mantinha a área de influência sobre eles.
Procurando escapar dessa exploração, muitos deles se refugiavam nas regiões montanhosas, onde praticavam uma agricultura de subsistência e se dedicavam ao pastoreio, dirigindo-se muitas vezes para a região da estepe. Isso favorecia continuamente o conflito cidade X campo.
Com esse “afastamento”, o centro político urbana ficava diminuído em seus tributos que enriqueciam a elite, enquanto os camponeses se sentiam mais livres.
Para evitar isso, a cidade procurava compensar com tropas de proteção contra invasores, ou se unindo em aliança contra outra cidade pra manter o controle direto de um âmbito mais extenso.
Por outro lado, a exploração da cidade favorecia a diminuição da tensão entre pastores e agricultores, levando-os a lutar contra o inimigo comum.
8. RELIGIÃO
O deus supremo da religião Cananéia era El, divindade que não exercia nenhuma ação direta sobre as pessoas ou a natureza.
El, o deus cananeu principal, o “criador das criaturas” e o “criador da terra”, como ancião amável. A veste longa solene, a postura sentada e a mão direita que abençoa caracterizam-no como soberano senhor, polo de repouso e poder bondoso - figura em bronze, banhada a ouro, proveniente de Ugarit, entre 1500-1000 a.C..
As principais divindades ativas eram Baal e Anat, ligadas ao culto da fertilidade da terra. Suas atividades míticas eram representadas no culto através do rito da prostituição sagrada.
Embora fossem divindades ligadas a natureza, representavam uma força ideológica importante dentro do sistema cananeu. Visto que os santuários estavam ligados à cidade, eram deuses que mantinham o “status quo”.
Muitas terras pertenciam a esses santuários e a eles eram pagos os tributos que revertiam, em grande parte, para a manutenção da elite. No ritual, o rei era quem exercia a função de Baal.
Desse período, sabe-se muito pouco a respeito de como os camponeses e pastores se relacionavam com a religião. Provavelmente tinham seus deuses domésticos.
A manutenção do culto a Baal preso à cidade, a conotação materialista da religião, e a multiplicação de ídolos fragmentavam a unidade ideológica da luta dos camponeses contra as cidades-estado.
9. A CHEGADA DOS FILISTEUS
Os filisteus são parte do ”povo” do mar, de origem ageu-asiática, que no final do séc. XII a.C. invadiram o Egito. Expulsos de lá por Ramsés III, por volta de 1175 a.C. os filisteus foram se instalar na costa sul de Canaã.
Ramsés III em um relevo no templo de Khonsu
Famosos por seu porte físico e organização militar, introduziram o ferro na região, sobre o qual exerceram o monopólio. Mais tarde, formarão uma confederação chamada Pentápole, composta – como o próprio nome diz - de cinco cidades: Azoto, Ascalon, Acaron, Gat, e Gaza.
No templo Medinet Habu, inscrição retrata prisioneiros filistinos libertados (₢ AKG IMAGES/LATINSTOCK)
Serão um dos inimigos ferrenhos dos israelitas. Submetidos por Davi, ainda exerceram influência até o séc. VIII a.C., quando parece terem sido completamente assimilados. Alguns historiadores creem que os filisteus, mais do que invasores de Canaã, fossem uma espécie de “testa de ferro” egípcia na região. Por ironia, o nome Palestina, dado ao país por muito tempo, é derivado desses adversários de Israel.
O rei Saul e seus guerreiros: na narrativa bíblica, o governante israelita é degolado pelos filisteus (MUSEU DE ISRAEL, JERUSALÉM)
10. DATA MAIS IMPORTANTE
Cerca de 1230 a.C.: chegada dos hebreus a Canaã (Js 1-2).
11. BIBLIOGRAFIA
BRIGHT, J., História de Israel, pp. 148-164.
GOTTWALD, N. K., As tribos de Iahweh, pp. 399-417, 470-491.
BRUEGGEMANN, W., A imaginação profética, cap.1: “A comunidade alternativa de Moisés”, pp. 9-32.
HEINRICH, Krauss. As origens: um estudo de Gênesis 1-11, São Paulo:Paulinas 2007.
Fonte: Guia de Leitura aos Mapas da Bíblia de Euclides Martins Balancin, Ivo Storniolo e Jose Bortolini – Editora Paulus, 2002.
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