domingo, 23 de junho de 2013

COMPREENDENDO A TRINDADE QUE CURA



Compreendendo 
a trindade que cura


CORINNE  LaBARRE



Uma graciosa flor silvestre de três pétalas, conhecida como trílio branco, aparece no começo da primavera em muitas áreas onde o arvoredo lhe oferece um lugar protegido. A forma triangular de suas três pétalas, sua equidistância e tamanho igual, motivaram seu outro nome: “Iírio da trindade”, simbólico do poderoso relacionamento espiritual que Jesus compreendia e designou como Pai, Filho e Espírito Santo.1


Cada um dos ensinamentos do Mestre tem importância especial em relação ao seu trabalho de cura. O significado espiritual da trindade está subjacente ao relacionamento entre o homem e Deus, seu Pai-Mãe — Vida, Verdade, Amor. Uma compreensão dessa união espiritual é essencial para curar nos dias atuais.
Um enunciado completo desse relacionamento aparece em Ciência e Saúde, onde a Sr.a Eddy escreve o seguinte: “A Vida, a Verdade e o Amor constituem a Pessoa trina e una chamada Deus — isto é, o Princípio triplamente divino, o Amor.
Representam uma trindade em unidade, três em um — idênticos em essência, embora multiformes em função: Deus, o Pai-Mãe; Cristo, a idéia espiritual de filiação; a Ciência divina, ou o Santo Consolador. Esses três expressam na Ciência divina a natureza tríplice e essencial do infinito.Indicam, também, o Princípio divino do ser científico, a relação inteligente de Deus com o homem e o universo".2 
Essa trindade é indivisível; não pode ser rompida. A inteireza de Deus, Sua unicidade e totalidade, inclui Sua expressão infinita na filiação imortal do homem e no consolo que essa compreensão espiritual produz.
A Ciência Cristã mostra que a compreensão que se tem da trindade — Pai, Filho e Espírito Santo, ou Vida, Verdade e Amor — colabora na destruição das crenças em separação ou morte, na cura de erros chamados doenças e na expulsão de temores ou pecado.
Jesus geralmente empregava o termo “Pai” como o nome que ele dava a Deus. Demonstrou sua compreensão da filiação divina e da união que há entre o homem e Deus. 
Essa compreensão espiritual de que o homem é filho de Deus, o Espírito, que tanto hoje como outrora vem à consciência humana, é a ação do Espírito Santo, Consolador divino, prometido por Cristo Jesus. A Sr.a Eddy diz:
 “Nosso Mestre compreendia que a Vida, a Verdade e o Amor são o Princípio trino e uno de toda teologia pura; e também, que essa trindade divina é o único remédio infinito contra a tríade oposta, a doença, o pecado e a morte"3
Uma das normas básicas da teologia da Ciência Cristã consiste em começar sempre a partir de Deus. Para o raciocínio correto, para a inspiração, para a demonstração, começamos como Cristo Jesus sempre o fazia — e como a Sr.a Eddy, nos seus escritos, ensina-nos a fazer: começamos a partir de Deus, nosso Pai.

Começar a partir de Deus significa examinar a fundo a origem, a substância e a ação de todo ser real. Significa discernir a natureza da causa espiritual, a preexistência, coexistência e eternidade de toda consciência originária da Mente divina.

Significa construir a sólida convicção de que o Princípio governa harmoniosamente sua criação, mantendo a identidade e individualidade de todas as suas idéias. Significa sentir o poder do Espírito motivando a retidão e a bondade a tomarem forma em pensamento, palavra e ação.
O estudo dos sete sinônimos para o único Deus, os quais a Sr.a Eddy descobriu terem sido especificamente mencionados ou dados a entender na Bíblia, espiritualiza o pensamento e contribui para produzir a cura na Ciência Cristã. Esse estudo leva-nos conscientemente para perto de Deus.
Quando chegamos a compreendê-Lo espiritualmente, achamos nEle o nosso verdadeiro ser que reflete a pureza da filiação divina. Em verdade somos “herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo".4

Essa verdade é o sentido espiritual, inerente em cada um de nós como filhos amados de Deus. A Ciência que torna isso real para o sentido humano, é o Consolador, “o Espírito da verdade"5
Compreender a Ciência em que Deus é Vida, Espírito, Mente, significa descobrir que Sua criação está sempre vindo à luz espiritualmente e que, portanto, não está sujeita à morte. A morte é a crença numa criação que nunca existiu, a mitologia de que a vida está na matéria, separada de Deus que é a Vida.
Logo, a compreensão de que Deus é Vida, e a aplicação científica dessa compreensão começam agora já a destruir a crença na morte ou no medo à morte. Assim como não existe pai sem filho, não há criador sem criação, nem causa sem efeito.
O nascimento humano de Jesus indicava a paternidade de Deus. Isso aboliu parcialmente as leis materiais do nascimento. Jesus era o filho de uma virgem. Não tinha pai terrestre e não pretendia tê-lo. 
Por compreender a eterna união do Cristo, sua identidade espiritual, com Deus, o Pai, ele pôde dizer: “Antes que Abraão existisse, eu sou"6, exemplificando a lei do reflexo, o homem feito à imagem e semelhança de Deus, tal como o primeiro capítulo do Gênesis o apresenta.
A verdade, a realidade de que o homem é filho de Deus — inseparável do Espírito — é estabelecida em nosso pensamento pela compreensão dessa lei. A causa espiritual só pode ter um efeito espiritual. No sentido de que o homem é a evidência, ou o reflexo de Deus, podemos dizer que o homem é o santuário do Deus vivente"7.   
Esse santuário que é inteiramente espiritual, é a única identidade, ou corpo, que o homem tem. Portanto, os erros acerca do corpo, como doença, enfermidade, acidente ou dor, não podem ser verdadeiros. São crenças acerca da matéria e não a verdade acerca do Espírito ou do reflexo do Espírito.
A história de Deus, e do homem feito à Sua imagem e semelhança, a verdadeira história do terno relacionamento entre o filho e o seu Pai-Mãe, o Amor, é a história que a humanidade mais almeja ouvir.
A ação dessa verdade, quando desponta na consciência humana é o Espírito Santo, o Consolador, a Ciência divina do Cristo, trazendo à luz, na compreensão atual, a perfeição do homem baseada no Princípio divino, o Amor. 
Essa é a revelação que atende ao anseio de todo coração faminto que busca a certeza de que a bondade está à mão, e de que ela está a salvo dos temores do homem pecador e mortal.
O que procuramos quando nos sentimos separados do bem? Acaso não será o Amor que restaura nosso sentido espiritual e que nos faz saber que tudo está bem? 
Esse Amor que é Deus, a Vida, chega até nós através do Cristo, a Verdade, e é o poder ou Princípio de toda cura, rompendo o medo mesmérico de que estamos separados do bem, separados de Deus.
O medo e outros aspectos da crença mortal e pecaminosa trazem uma sensação de sofrimento sempre necessitada de um Consolador. O amor que consola e que se expressa em muitos dos salmos e dos hinos da Ciência Cristã, provou muitas vezes ter produzido um influxo de cura.
A cura sempre se dá quando o pensamento atinge um conceito mais divino, quando se torna mais espiritual.
A consciência da união inseparável entre o homem e Deus, a qual se adquire pela compreensão da trindade, a unidade multiforme “em função”, dá-nos uma visão mais clara da natureza da consciência espiritual e verdadeira. Em certo sentido, podemos dizer que é a Vida que triunfa contra a morte, a Verdade divina que corrige o erro chamado doença, e o Amor que expulsa o pecado. 
Mas o Amor não poderia expulsar o pecado, a não ser que o Amor também fosse a Verdade, e o poder imortal da Vida é a própria essência do Amor em ação. A Pessoa infinita e única, ou Princípio, da trindade divina inclui tudo em Um, o que impossibilita a separação.
Façamos com que a presença e o poder da trindade indivisível permeiem as minúcias de nossa vivência diária e de nosso trabalho de cura, assim como a Sr.a Eddy anima a fazer: 
“A Verdade, a Vida e o Amor são formidáveis, onde quer que neles se pense, onde quer que sejam sentidos, onde quer que deles se fale ou escreva — do púlpito, na sala do tribunal, à beira dos caminhos ou em nossos lares. São os vencedores que jamais serão vencidos.” 
E acrescenta: “O Amor formou essa trindade, Verdade, Vida, Amor, a trindade que homem nenhum pode despedaçar"8.

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O que habita
no esconderijo do Altíssimo,
e descansa à sombra do Onipotente,
diz ao Senhor:
Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu,
em quem confio


Salmos 91:1, 2

1 V. Mateus 28:19; 2 Ciência e Saúde, pp. 331–332; 3 Miscellaneous Writings, p. 63; 4 Romanos 8:17; 5 João 14:17; 6 8:58; 7 2 Cor. 6:16;  8 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 185.
  

Fonte: revista “O Arauto da Ciência Cristã”, edição de setembro de 1976. The Christian Science Publishing Society - © 2013, todos os direitos reservados.

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quarta-feira, 12 de junho de 2013

É A LUZ QUE DISSIPA AS SOMBRAS


"A revista O Arauto da Ciência Cristã tem se superado a cada mês em beleza e conteúdo. A qualidade dos artigos tem me agradado muito, principalmente os da edição do mês de maio de 2008, pois ensinam como aproveitar melhor o tempo, algo com o qual parece difícil de se lidar quando se está na terceira idade, como eu.
O artigo "É a luz que dissipa as sombras", de Ruth Elizabeth Jenks, aborda muito bem esse assunto e mostra que o tempo não passa de ilusão e de uma limitação que criamos para nós mesmos.
Esse artigo traz uma verdadeira lição que quebra as limitações impostas pela barreira do tempo, as quais parecem se tornar cada vez maiores com o avançar da idade.
Esse texto é maravilhoso e inspirador, pois me abriu a mente e me fortaleceu para combater  todo e qualquer  limite. Agradeço à equipe do Arauto pelo bom trabalho na elaboração da revista e por levar adiante a mensagem sanadora da Ciência Cristã.




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É a luz que dissipa as sombras

Ruth Elizabeth Jenk



O tempo parece desencadear-se naturalmente no escritório onde Betty Jenks  exerce sua prática de cura da Ciência Cristã, em Boston, EUA, à medida que o telefone toca e ela recebe chamados provenientes das vinte e quatro zonas meridionais, as quais dividem o tempo nas vinte e quatro horas do dia, ao redor do mundo. Algumas pessoas telefonam de lugares nos quais ainda  é ontem, outras de onde é hoje e outras de lugares onde já é amanhã.
O que é esse conceito ilusório, comumente conhecido como “daqui para ali?” Recentemente, o The Christian Science Journal publicou o que Betty Jenks pensa sobre algumas idéias  populares a respeito do passar das horas, dos dias, dos anos.
Sem perder tempo, ela considerou cientificamente cada um desses mitos.

Mito: O tempo é um fato da vida. Simplesmente temos de conviver com ele.
Pode ser. Mas, como vamos conviver com ele? Vamos começar com esta pergunta importante: O que é o tempo? Quando ele começa? Em que ele se fundamenta?
A forma pela qual registramos o tempo é através de calendários e relógios, todos com base em dias, anos, horas e minutos. O que dizer a respeito do dia? Uma ilusão. Qualquer coisa que se baseie em uma ilusão, pode ser real ou verdadeira?
A ilusão, naturalmente, é a de que o sol nasce e se põe, a cada 24 horas. Contudo, o sol não nasce nem se põe. O sol não se move, é a terra que faz isso.
Todavia, esse “movimento do sol” é como as primeiras civilizações começaram a marcar o tempo. Então, com o passar do tempo, o mundo aceitou essa estrutura arbitrária, como um modo eficiente de governar nossos dias.
Entretanto, se considerado como o fator governante em nossa vida, a ilusão da teoria de 'dia-e-noite’ nos faz sentir confinados e sujeitos a extremos, desde ao tédio e ao vazio, até a uma pressão dominadora. Mary Baker Eddy expôs esse conceito de tempo como algo a não ser ignorado.
Ao contrário, precisamos despertar para a necessidade de o tempo ser nosso servo ao invés de nosso dono. Ela escreveu: “A organização e o tempo nada têm a ver com a Vida” (Ciência e Saúde, p. 249).
Ela também nos oferece a definição espiritual de tempo  no Glossário de  Ciência e Saúde: “Medidas mortais; limites, dentro dos quais estão reunidos todos os atos, pensamentos, crenças, opiniões e conhecimentos humanos...” (p. 595). É essa ideia de estarmos limitados que nos submete à pressão, ao medo e à frustração.
Não somos vítimas de limitações. Pelo contrário, Ciência e Saúde explica: “Os objetos do tempo e dos sentidos desaparecem na iluminação da compreensão espiritual, e a Mente mede o tempo de acordo com o bem que se desdobra” (p. 584).
Ao adquirirmos uma perspectiva iluminada a respeito do tempo, como não tendo começo nem fim e, portanto, sem medidas, podemos de fato “conviver com ele” e transcendê-lo, mesmo sob essa assim chamada perspectiva limitada.

Mito: Considerar o tempo como irreal não é prático.
Na verdade, podemos ser muito mais práticos trabalhando no infinito! Se tentarmos ser organizados, estaremos conjeturando que isso levará 20 minutos, três dias ou dois anos. Se formos espiritualmente metódicos, estaremos ouvindo a Deus, e a ideia do que for necessário fazer virá naquele exato momento, de forma espontânea, pois se trata de revelação.
Aí pensamos: “Como foi que fiz isso”? Essa abordagem é muito mais poderosa do que a tradicional: “Começarei aqui e, possivelmente, terminarei ali”.
Considerar o tempo como uma ilusão é, de fato, a única abordagem prática para a vida. Essa compreensão realmente nos capacita a controlar nossos dias com um enfoque disciplinado. Percebemos a natureza ilusória de tentar manipular nossa experiência dentro de um período que fica delimitado entre a vida e a morte.
Dessa maneira, descobrimos que podemos nos libertar do mito que diz que começamos com o nascimento e imediatamente temos de tentar evitar a morte. A palavra mortalidade provém da raiz latina “mort”, que significa morte.
Contudo, como cristãos, na verdade compreendemos, por meio da Bíblia e pela ressurreição e ascensão de Jesus, que a vida é eterna e que, portanto, ela não existe na mortalidade. Tendo Deus como nossa única origem, a Vida é expressa em alegria, atividade, equilíbrio, controle, propósito.
Não existe nenhuma conjetura envolvida aqui. Quando compreendemos esses fatos espirituais, ficamos livres de dúvidas e medos, e não nos sentimos dependentes de situações negativas, que parecem estar além da nossa capacidade de fazer algo a respeito.
Portanto, quando o tempo é visto a partir dessa perspectiva espiritual, ele é um fato da vida com o qual podemos conviver.

Mito: Não há horas suficientes no dia.
Não há nenhuma dúvida de que, quando alguém tem de trabalhar 14, 15 horas por dia e depois ir para casa, preparar refeições e tomar conta de crianças, isso pode impor uma grande sensação de estresse, quase de injustiça.
O que podemos fazer a respeito? Em francês, a palavra retidāo é traduzida em uma única palavra: “justiça”. A Bíblia diz: “O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre” (Isaías 32:17). Então, com esse conceito em mente, não pensaremos: “Ah, trabalhei 14 horas hoje e agora tenho de ir para casa para fazer isso e aquilo”.
Percebemos que podemos fazer do tempo um pequeno deus, curvamo-nos diante dele e o adoramos, como se disséssemos ao tempo: “você está contra mim e me ameaçando”. Tudo bem, talvez tenha sido um longo dia, mas não precisamos sofrer por causa disso.
Quando nunca temos tempo para nós mesmos ou mesmo para um descanso decente, precisamos compreender que todos os dias têm o mesmo número de horas; a diferença consiste no que fazemos com elas! É muito mais fácil nos livrar do fardo da “injustiça” e aceitar cada hora como completa, repleta de alegria, do necessário vigor e de gratidão.
Quando nos sentimos sobrecarregados com a falta de tempo, esse é o exato momento de desafiar o mito de sermos escravos de relógios e calendários.
Nosso direito inato é sermos os filhos de Deus, o Amor divino, e, quando começamos com essa premissa, provamos em nossa vida diária estas palavras de conforto de Mary Baker Eddy: “Por meio do Amor divino chegasse a um governo mais semelhante ao correto, o caminho fica claro, o progresso procede mais rapidamente, e alcança-se a alegria do consenso harmonioso” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany [A Primeira Igreja de Cristo Cientista e Vários Escritos], p. 292).
Ora, esse é o verdadeiro uso para o tempo! Quando submetemos nossos dias ao governo de Deus, o caminho é delineado, o processo é abreviado e a alegria da realização está exatamente aqui.

Mito: A aposentadoria envolve tempo demais e propósito  de menos.
Os anos de aposentadoria talvez nos presenteiem com a antiga e venerável sugestão de que o corpo começa a diminuir a atividade ou mesmo a se deteriorar, e que nossas faculdades mentais também estão sujeitas a esse declínio. Dificilmente uma perspectiva feliz.
Tal expectativa invalida o pensamento ativo e nos deixa em um estado de autopiedade, de devaneios, de procrastinaçāo, de tédio, e tudo isso nos enche de medo e dúvida. Até mesmo começamos a achar que é hora de desistir. Por quê?
Tudo por causa da opinião mortal. Gosto da definição de opinião no Oxford English Dictionary [Dicionário Inglês de Oxford]. Ela diz, em parte: “uma crença suficientemente forte para causar impressão, mas não forte o suficiente para ser verdade”.
A impressão talvez possa ser forte, mas ela só se concretizará se consentirmos nela. Quando tinha 19 anos, dei meu consentimento às opiniões sobre envelhecimento, sem que me apercebesse. Foi um ano péssimo, porque todas as minhas amigas tinham ido para a faculdade, eu estava sem dinheiro e presa a um emprego sem perspectivas em uma fábrica.
Não via nenhum futuro, nenhuma esperança ou propósito, apenas uma vida solitária pela frente e carregada de autopiedade. Quando fiz vinte anos, várias idéias e oportunidades começaram a surgir inesperadamente. Daí em diante, sabia que havia superado e contestado esse momento de “velhice” e nunca mais tive de passar novamente por isso!
Essa experiência me ensinou que nem o tempo, nem a idade precisam ser um fator em nossa perspectiva. Ninguém pode negar que, quando estamos solitários, existe a tentação de nos sentirmos condenados por aquilo que parece ter nos separado dos amigos, da família ou de nossas atividades, ou então de sentir que não temos mais nenhum propósito.
Contudo, a maioria de nós pensa em encontrar um “propósito”, como sendo “uma razão para viver”. Isso é ridículo! Ter um propósito é se dedicar a uma constante descoberta de nosso desejo inato e contínuo de abençoar a nós mesmos, ao abençoarmos os outros.
Desde a mais tenra infância, a alegria de descobrir e desejar compartilhar essas descobertas com os outros é muito natural. Entretanto, ficamos entediados à medida que progredimos nessa assim chamada estrutura “tempo” e, freqüentemente, ficamos sensíveis a qualquer rejeição que signifique algum fracasso de nossa parte.
Preservar nossa expectativa e inocência infantil nos capacita a continuar em nosso propósito de compartilhar com os outros o bem que percebemos e sentimos. De fato, a aposentadoria deve ser um período de maturidade espiritual em nossa vida, o qual nos proporciona um sentido mais amplo de tranqüilidade e realização, que jamais conhecemos.
No entanto, como chegar a isso? Recebi um telefonema de uma senhora que não é Cientista Cristã, mas que é ávida leitora do jornal The Christian Science Monitor. Ela chegara àquela fase da vida, sobre a qual muito está sendo escrito. Ela faz parte da chamada geração dos “boomers” (pessoas nascidas no pós-guerra, entre 1945 e 1947), que agora enfrentam a aposentadoria.
Ela ligou para me contar como estava empolgada com o editorial que aparecera na edição daquele dia, chamando atenção a respeito do crescente interesse dos “boomers” em procurar abençoar os outros, e das inúmeros oportunidades que surgiam para isso. Ela estava muito inspirada e animada com um interesse renovado em não ceder nem desistir, mas, ao contrário, com um interesse em dar de si.
A cada dia, os noticiários nos proporcionam inúmeros motivos para que cada um de nós permaneça, em espírito de oração, conectado a toda a humanidade, a família de Deus. Esse propósito individual inclui compartilharmos o progresso, as realizações, as necessidades, as tristezas, as secas, as guerras, os sucessos econômicos e as derrotas de nossa família mundial. Aposentar-se? Do quê? Um novo começo está à mão, livre de todas as opiniões relativas ao tempo.

Quando nos sentimos sobrecarregados com a falta de tempo, esse é o exato momento de desafiar o mito de sermos escravos de relógios e calendários.

                    
Mito: Uma doença é mais difícil de curar, quando está se manifestando há muito tempo.
Os Cientistas Cristãos são modestos em suas pretensões, mas seguros de que a persistência e a constância têm sua recompensa. Mais cedo ou mais tarde, todos chegarão a compreender que “a paciência realiza sua obra perfeita” (Ciência e Saúde, p. 454).
Quando compreendermos que Deus é a fonte primária de poder, o tempo não terá nenhuma importância. Precisamos encontrar essa convicção e, para mim, é exatamente o que significa a palavra paciência. 
Se eu estiver preparando um bolo de carne e estiver faminta, eu o levo ao forno e penso: “Ah, mas estou com fome agora”. Contudo, se eu quiser tirá-lo do forno em dez minutos, hum, terei de comê-lo cru! Ter convicção é saber que, quando eu voltar à cozinha, em 45 minutos, a refeição estará pronta.
A expectativa de seu cozimento está lá porque a ideia já estava completa antes de eu ter colocado o bolo de carne no forno. Na verdade, o mesmo acontece com a cura física, isto é, a cura está completa antes de o indivíduo sequer começar a orar.
A ideia de esperar fica entranhada no conceito de tempo, em vez de no âmbito do pensamento. Entretanto, quando temos a liberdade em nosso pensamento, porque o próprio pensamento é por si mesmo livre e não pode ser limitado por nada, nos elevamos acima das restrições do conceito de tempo ou, até mesmo, da história.
Portanto, como podemos dizer: “Faz dois anos que tenho esta doença”. Como dois anos? A doença jamais continua, porque nunca começou. Uma vez que a doença é uma ilusão, ela não tem nenhuma substância real, é uma mentira. Tudo bem, você orou durante dois anos, contudo o problema não foi vencido.
As pessoas tendem a se sentir desafiadas por isso, mas que ótima oportunidade para uma oração constante para desafiar essa mentira! Quando somos crianças e vamos à escola, somos motivados a pensar, a descobrir.
Talvez vacilemos um pouco ao separar as respostas certas das erradas, mas, no momento em que percebemos que 2+2=4, nunca mais aceitaremos qualquer outra conclusão, porque provamos o que é verdadeiro.
O tempo nunca é um fator na cura, porque, em realidade, não existe nenhum passado e nenhum futuro. Isso é verdadeiro a despeito de como consideramos o conceito de tempo. Não podemos recuperar um único momento do passado e o amanhã está sempre fora do nosso alcance. Não podemos alcançá-lo antes que ele chegue. Só vivemos e podemos vivenciar o agora. 
Essa compreensão dissipa o medo. Sendo eu uma pessoa que suportou três diferentes curas que exigiram “tempo”, a última durante dois anos, posso de fato dizer, parafraseando os comentários do Apóstolo Paulo, que eu, também, pude me regozijar na aflição. Isso porque cresci em minha convicção da certeza confortante de Jesus, de que: “...para Deus tudo é possível” (Mateus 19:26); não é uma promessa vazia.

Mito: Não temos tempo suficiente para orar.
Mas, será que temos confiança suficiente para deixar nossas decisões aos cuidados de Deus? Freqüentemente, não é melhor seguir em frente e fazer o que tem de ser feito? Deus nos deterá se o que fizermos não for o correto. Ao orar, não perguntamos: “Será que esta é uma decisão correta”?
Se confiamos em Deus, você não acha que Ele nos deterá se não for a idéia correta? Algumas vezes, somos tentados a permitir que a indecisão e a confusão do: “Não sei o que fazer” fique se arrastando.
Então, procrastinamos, justificando nossa demora, dizendo: “Vou orar especificamente para isso”! Eu digo: “vá, faça!” Saiba quem você é! A Sra. Eddy diz: “Há uma só maneira de fazer o bem, e essa é fazê-lo! Há uma só maneira de ser bom, e essa é ser bom”! (Retrospecção e Introspecção, p. 86).
Não oramos dizendo: “Serei bom e farei o que é bom”! A oração não se refere ao tempo. Ela é açāo!  Orar não é tomar um tempinho do nosso dia para fazer algo. Claro, naturalmente, todos precisamos parar e orar, da mesma forma que mal conseguimos viver sem comer.
Todos precisamos do nosso alimento espiritual. Contudo, não estamos orando por “coisas”, o que significa que sequer estamos orando para tomar decisões. Oramos para compreender que já estamos habitando no bem que nos é divinamente concedido.
A semente é completa, uma ideia completa dentro de si mesma, tal como uma cenoura. Ela começa como uma sementinha marrom, mas quando a plantamos, não dizemos: “Vou arranjar um pouco de tinta laranja e um pouco de tinta verde. Vejamos, a cor laranja vem primeiro e depois a verde fica na ponta de cima”.
A semente já tem as cores dentro de si mesma, dentro da sementinha marrom. Ela só precisa ser cultivada e cuidada. É assim que cada ideia correta vem a nós e, em seguida, vem a fruição.

Mito: Algumas pessoas têm morte prematura.
O que é morte prematura? Quando é “oportuno" permitir que a morte assuma o comando? É aos 80, 90 ou mesmo aos 100 anos? Se concordarmos com um tempo determinado, e vivermos além desse prazo, teremos morte inoportuna, porque passamos do tempo estabelecido para a morte oportuna. Tudo isso está sustentado pela crença de que a morte é um processo ou um acontecimento.
O medo da morte desafia todas as coisas “vivas” com uma luta para preservar aquilo que parece ser a “vida” dessas coisas. Até mesmo o bulbo de uma tulipa se retrai quando uma geada está iminente ou um animal foge quando sente o perigo mesmo antes que a ameaça se torne evidente.
Entretanto, a declaração de Jesus de que ele veio para que tenhamos vida e a tenhamos mais abundantemente (ver João 10:10) de modo algum indica que precisamos ter morte oportuna ou inoportuna. Ele venceu completamente a morte, não apenas para os outros, mas para si mesmo. Seu exemplo ao vencer o túmulo baniu para sempre o conceito de que a morte é uma realidade.
É o medo de morrer, o veneno da existência mortal, que nos impede de sequer vislumbrar o fato de que a continuidade de nosso ser está assegurada, por ser ininterrupta.
A mensagem de Jesus é clara: Agora é o tempo em que cada um de nós pode se libertar de qualquer crença na morte ou experiência da morte como sendo oportuna ou inoportuna. Em realidade, nenhum poder chamado “morte” pode jamais ameaçar nossa capacidade de viver abundantemente agora.
Com todos esses mitos, uma coisa sobressai para mim. Cada um deles se baseia em uma ilusão. Embora todos nós nos lembremos do nosso passado e curiosamente especulemos a respeito do nosso futuro, tentar consertar esse passado ou delinear o futuro é ignorar a realidade. A vida é sempre o agora.
Para mim, isso tudo é semelhante a ser enganado por uma sombra. Digamos que você acabou de pintar a parede de sua sala de visitas, com uma bela cor amarela, alegre e aveludada. À noite, você põe de volta todos os móveis em seus devidos lugares e vai para a cama, com um extraordinário senso de satisfação.
Na manhã seguinte, você vai admirar seu trabalho e descobre uma longa faixa cinzenta em um dos lados da estante, exatamente acima dela. Você fica arrasado. Seu primeiro impulso é pegar a lata de tinta e pintar aquele pedaço novamente. Mas, em seguida, se a tinta for lavável, você decide que talvez você possa pegar um balde com sabão neutro e lavar aquela faixa.
Você se aproxima para examinar aquela faixa cinzenta mais de perto e, de repente, constata algo: é apenas uma sombra e nunca tocou a parede. A sombra não tem nenhuma substância, muito embora pareça que tenha. Você se sente um pouco tolo, mas muito aliviado. A sombra não tinha nenhum poder para fazer nada, nem estragar ou arruinar qualquer coisa. Existe uma maneira e somente uma única maneira dela ser removida, com mais luz, uma vez que em plena luz, não existe nenhuma sombra.
Portanto, o que destrói qualquer mito? Um pensamento mais iluminado. Não faz nenhuma diferença se o mito é chamado de idade, medo de alguma doença, um passado acorrentado ou um futuro limitado.
Todas essas ameaças à nossa paz e estabilidade ainda assim são apenas sombras, sem nenhum começo no tempo e sem nenhum tempo necessário para sua restauração e cura. Mais luz dissipará essas sombras, revelando a realidade, ou seja, aquilo que existe agora e que sempre existiu.

Ruth Elizabeth Jenks: membro do Conselho de Conferências da Ciência Cristã, dedicou seu tempo integral ao ministério de cura da Ciência Cristã desde 1959, tendo sido  professora de Ciência Cristã desde 1970.

Fonte: O Arauto da Ciência Cristã, edição de maio de 2008  -  © 2013 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

A AÇÃO SOCIAL E O CIENTISTA CRISTÃO

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A ação social

e o Cientista Cristão

 
RUSSELL D. ROBINSON




 “...o estudo diário da lição bíblica, delineada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, com a leitura do Monitor. Tal estudo combinado compele a aplicar o desenvolvimento individual, obtido através da oração, às necessidades mais amplas da humanidade.

 
Até mesmo um pequeno grau de compreensão espiritual compele à atenção social, à responsabilidade social e à ação social. Uma crescente compreensão de Ciência Cristã nos leva, com naturalidade, a expandir os nossos horizontes até que a humanidade toda esteja incluída num só afeto sanador.

À medida que o Cientista Cristão obtém uma compreensão cada vez mais clara de que o reino de Deus já veio, de que o reino e a regra do Espírito é uma realidade presente “assim na terra como no céu” 1 , o ódio, a inveja, a cobiça, o preconceito e os ciúmes entrincheirados são desarraigados. Tudo o que no pensamento e na vida é dessemelhante a Deus cede lugar a uma compreensão espiritual ampliada.

O pensamento libertado das crenças e convicções obscurantes e limitativas está aberto a novas visões, a meios mais espirituais e morais de resolver os muitos e variados problemas da humanidade.

Quando as pessoas se afastam de pensamentos mesmerizados e voluntariosos e abrem seu pensamento à orientação divina, são levadas a dar cada um dos passos humanos necessários para melhorar o estado do gênero humano.

A atuação humana iluminada procede dessa base espiritual. Da altitude da compreensão espiritual podemos interessar-nos, mais significativa e proveitosamente, em atender de maneira curativa às necessidades humanas.

Desde o primeiro vislumbre que a Sra. Eddy teve da Ciência Cristã em 1866, até o seu clímax, a fundação do jornal diário The Christian Science Monitor, ela encontrou muitíssimos meios de dedicar-se à humanidade.

Os anos subsequentes viram seus alunos combinando o estudo diário da lição bíblica, delineada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, com a leitura do Monitor. Tal estudo combinado compele a aplicar o desenvolvimento individual, obtido através da oração, às necessidades mais amplas da humanidade.

O Monitor relembra aos seus leitores as responsabilidades coletivas deles. Indica-lhes a necessidade da oração e da ação humana prática e iluminada que segue a oração.

O mundo necessita muitíssimo de cura. Tal como cada indivíduo necessita libertar-se da tríade do pecado, da doença e da morte, assim também a sociedade necessita ser curada coletivamente de seus pecados de preconceito e fanatismo, de suas moléstias de racismo e injustiça, de sua inação face às destruições da guerra e da poluição ambiental.

Problemas universais e desconcertantes, tais como pobreza, crime, deterioração urbana, suspeitas e inquietude por toda parte, e muitos mais, conclamam que cada um de nós faça a sua parte e realize a sua missão curativa.

Mas se nossa atividade humana não for precedida de oração, pode muito bem ser mal dirigida e inútil. Inversamente, se às nossas orações não se seguirem resultados sanadores, tornam-se um simulacro, um mero exercício mental.

Na mensagem escrita quando foi dedicado o prédio da Extensão de A Igreja Mãe, em 10 de junho de 1906, a Sra. Eddy, falando sobre o tema “Escolhei”, afirma incisivamente:

“A Ciência Cristã não é um habitante isolado em solidão real; não é uma lei da matéria, nem um transcendentalismo que cura apenas os doentes. Esta Ciência é uma lei da Mente divina, um alento persuasivo, um ímpeto infalível, um socorro sempre presente. Sua presença se faz sentir, pois ela atua e atua sabiamente, revelando sempre o caminho da esperança, da fé e da compreensão.” 2
 
No parágrafo subseqüente, ela fala na prática espontânea da Regra Áurea que se segue à perda da fé na matéria e no pecado, e em como tal obediência conduz a maior espiritualidade.

Em seu trabalho diário de cura, Cristo Jesus praticava espontaneamente a Regra Áurea. Por trás do quadro mortal, ele via o verdadeiro homem criado por Deus. Jesus amava o seu próximo, e amava-o o bastante para auxiliá-lo e curá-lo. 

E ele aconselhou seus seguidores a fazerem o mesmo.Respondendo a um intérprete da lei sobre a pergunta: “Quem é o meu próximo?” 3

Jesus proferiu a parábola de um homem que foi atacado, roubado e abandonado com muitos ferimentos no caminho de Jerusalém para Jericó. Um sacerdote descia pelo mesmo caminho, mas “passou de largo”.

Também um levita, “vendo-o”, seguiu seu caminho. Embora esses respeitados personagens religiosos, o sacerdote e o levita, tenham visto a necessidade humana, não a atenderam.

Foi o odiado e desprezado samaritano que “passou-lhe perto” e fez o que era preciso. “Chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.” Jesus louvou esse ato de compaixão individual do samaritano e disse ao intérprete da lei: “Vai, e procede tu de igual modo.” A Sra. Eddy escreve sobre o Mestre do cristianismo:

“Sua missão foi tanto individual como coletiva. Executou bem a obra da vida, não só em justiça para consigo mesmo, senão por misericórdia para com os mortais — para mostrar-lhes como fazer a deles, mas não para fazê-la por eles, nem para desobrigá-los de uma só responsabilidade.” 4
 
Cada Cientista Cristão tem uma missão tanto individual como coletiva “em justiça para consigo mesmo” e “em misericórdia para com os mortais”. Assim, curando as dificuldades da humanidade, o Cientista Cristão toma interesse ativo em seu círculo imediato de relações e no círculo maior da terra.

O quanto nos importamos com a humanidade mostra o quanto expressamos do Cristo. Em outra de suas parábolas, Jesus descreveu um rei sentado no trono em julgamento e convidando os “benditos de meu Pai” a entrarem “na posse do reino” 5 .

Quem eram esses convidados? Aqueles que lhe deram de comer e de beber, que o hospedaram, vestiram e visitaram.
E a parábola continua: “Então perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar?

O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”

É claro que Jesus estava apontando a responsabilidade de cada um para com a humanidade. Ele esperava que espiritualidade desse novo rumo aos atos de cada um.

Lucas conta o caso do publicano, Zaqueu, rico coletor de impostos, que talvez tenha comprado o direito de cobrar tributos ou impostos em Jericó. Zaqueu estava interessado em Jesus, fato que ficou claro ao sacrificar sua dignidade e subir a um sicômoro para ver melhor.

Jesus não só lhe dirigiu a palavra como também hospedou-se sua casa. Pessoas respeitáveis escandalizaram-se. Não conhecia ele a reputação daquele homem? Mas essa visita mudou a vida de Zaqueu.

Lucas registra: “Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então Jesus lhe disse: Hoje houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão.” 6

A visita de Jesus levou Zaqueu a uma posição de arrependimento, restituição e generosidade que significava salvação. Seu coração e sua vida mudados trouxeram-lhe bênçãos ao lar e provaram ser ele um verdadeiro filho de Abraão. Seu vislumbre da realidade espiritual impeliu-o à ação social.

A cura da injustiça social começa em cada indivíduo, começa na cura dos preconceitos de raça e de classe, do fanatismo político e da indiferença social. Segue-se então a reforma.

Sob o tópico marginal “Pontos de vista certos sobre a humanidade”, encontramos estas palavras da Sra. Eddy:

“Se suprimires a riqueza, a fama e as organizações sociais, que não pesam sequer um til na balança de Deus, obterás vistas mais claras do Princípio. Se dissolveres os grupos facciosos, nivelares a riqueza com a honestidade, fizeres com que o mérito seja julgado de acordo com a sabedoria, obterás uma visão melhor sobre a humanidade.” 7
 
O Cientista Cristão tem um mandamento inigualável e implícito para curar, para exemplificar real amor ao seu próximo. Nos muitos canais de A Igreja Mãe e suas filiais, há abundantes oportunidades de participar ativamente na missão disseminadora da igreja.

As atividades de distribuição de literatura, os serviços religiosos, as Escolas Dominicais, as Salas de Leitura, as conferências, e a prática da cura vão sendo repartidas com uma humanidade faminta, tornando o evangelho da Ciência Cristã cada vez mais amplamente conhecido.

Embora essas atividades possam não ser encaradas como ação social, esta resulta daquelas. Pois todo aquele que lê os nossos periódicos, que é tocado pelos nossos serviços religiosos ou pela Escola Dominical, que encontra nossa Sala de Leitura aberta, que assiste a nossas conferências, que é curado, qualquer um que sinta, por qualquer meio, a divina influência da Ciência Cristã, começa de imediato, “em justiça para consigo mesmo” e “em misericórdia para com os mortais”, a desenvolver sua missão sanadora individual e coletiva.

O Cientista Cristão ganha uma visão totalmente nova da experiência humana. Não mais vê principalmente um mundo de mortalidade e matéria, um mundo do Adão e do sentido pessoal, o próprio oposto da criação de Deus, mas, ao invés disso, começa a perceber um mundo onde o humano e o divino coincidem.

Nesse mundo, o divino acha-se dissolvendo as limitações mortais e a ignorância mortal. Nesse mundo, o humano está cedendo progressivamente a Deus, o Divino, até o Divino ser visto como o Único e absoluto. Esta nova visão resulta em interesse social e em consciência social. Aumenta os afetos. Impele o progresso humano. Promove reformas. Traz curas.

O livro Um Século de Cura pela Ciência Cristã, que diz dos efeitos de  uma  crescente  compreensão da  Ciência Cristã, afirma:

“Este novo sentido da existência não pode deixar de extravasar-se em ativo amor aos outros — primeiro, talvez, nas relações mais próximas e, depois em novas percepções, em novos discernimentos e em novos contatos com a sociedade em geral. 

Mais cedo ou mais tarde, esse novo nascimento terá de resultar  na  expulsão daquelas  predileções  pessoais entrincheiradas, geradoras de  intolerância, e  que tão freqüentemente são tomadas como verdades eternas. Quando se admite que o Espírito é o único absoluto, a relatividade de todas as posições humanas se torna pouco a pouco evidente.” 8
 
Na medida em que crescermos em percepção e compreensão espirituais, seremos compelidos a executar, mais e mais, nossas missões individuais e coletivas. Estaremos conscientes de nossa responsabilidade social e atuaremos de acordo com ela.  
 

1 Mateus 6:10;↑ 2 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 3;↑ 3 Lucas 10:29;↑ 4 Ciência e Saúde, p. 18;↑ 5 Mateus 25:34;↑ 6 Lucas 19:8, 9;↑ 7 Ciência e Saúde, p. 239;↑ 8 Um Século de Cura pela Ciência Cristã, p. 241.↑

Fonte: revista “O Arauto da Ciência Cristã”, edição de março de 1979  - © 2013 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados.
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