Compreendendo
a trindade que cura
CORINNE LaBARRE
Uma graciosa flor silvestre de três pétalas, conhecida como trílio
branco, aparece no começo da primavera em muitas áreas onde o arvoredo lhe
oferece um lugar protegido. A forma triangular de suas três pétalas, sua
equidistância e tamanho igual, motivaram seu outro nome: “Iírio da trindade”,
simbólico do poderoso relacionamento espiritual que Jesus compreendia e
designou como Pai, Filho e Espírito Santo.1
Cada um dos ensinamentos do Mestre tem importância especial em relação
ao seu trabalho de cura. O significado espiritual da trindade está subjacente
ao relacionamento entre o homem e Deus, seu Pai-Mãe — Vida, Verdade, Amor. Uma
compreensão dessa união espiritual é essencial para curar nos dias atuais.
Um enunciado completo desse relacionamento aparece em Ciência e
Saúde, onde a Sr.a Eddy escreve o seguinte: “A Vida, a
Verdade e o Amor constituem a Pessoa trina e una chamada Deus — isto é, o
Princípio triplamente divino, o Amor.
Representam uma trindade em unidade, três em um — idênticos em essência,
embora multiformes em função: Deus, o Pai-Mãe; Cristo, a idéia espiritual de
filiação; a Ciência divina, ou o Santo Consolador. Esses três expressam na
Ciência divina a natureza tríplice e essencial do infinito.Indicam, também, o Princípio
divino do ser científico, a relação inteligente de Deus com o homem e o universo".2
Essa trindade é indivisível; não pode ser rompida. A inteireza de Deus,
Sua unicidade e totalidade, inclui Sua expressão infinita na filiação imortal
do homem e no consolo que essa compreensão espiritual produz.
A Ciência Cristã mostra que a compreensão que se tem da trindade — Pai,
Filho e Espírito Santo, ou Vida, Verdade e Amor — colabora na destruição das
crenças em separação ou morte, na cura de erros chamados doenças e na expulsão
de temores ou pecado.
Jesus geralmente empregava o termo “Pai” como o nome que ele dava a
Deus. Demonstrou sua compreensão da filiação divina e da união que há entre o
homem e Deus.
Essa compreensão espiritual de que o homem é filho de Deus, o
Espírito, que tanto hoje como outrora vem à consciência humana, é a ação do
Espírito Santo, Consolador divino, prometido por Cristo Jesus. A Sr.a Eddy
diz:
“Nosso Mestre compreendia que a
Vida, a Verdade e o Amor são o Princípio trino e uno de toda teologia pura; e
também, que essa trindade divina é o único remédio infinito contra a tríade
oposta, a doença, o pecado e a morte"3
Uma das
normas básicas da teologia da Ciência Cristã consiste em começar sempre a
partir de Deus. Para o raciocínio correto, para a inspiração, para a
demonstração, começamos como Cristo Jesus sempre o fazia — e como a Sr.a Eddy,
nos seus escritos, ensina-nos a fazer: começamos a partir de Deus, nosso Pai.
Começar a partir de Deus significa examinar a fundo a origem, a substância e a ação de todo ser real. Significa discernir a natureza da causa espiritual, a preexistência, coexistência e eternidade de toda consciência originária da Mente divina.
Significa construir a sólida convicção de que o Princípio governa
harmoniosamente sua criação, mantendo a identidade e individualidade de todas
as suas idéias. Significa sentir o poder do Espírito motivando a retidão e a
bondade a tomarem forma em pensamento, palavra e ação.
O estudo dos sete sinônimos para o único Deus, os quais a Sr.a Eddy
descobriu terem sido especificamente mencionados ou dados a entender na Bíblia,
espiritualiza o pensamento e contribui para produzir a cura na Ciência Cristã.
Esse estudo leva-nos conscientemente para perto de Deus.
Quando chegamos a compreendê-Lo espiritualmente, achamos nEle o nosso
verdadeiro ser que reflete a pureza da filiação divina. Em verdade somos
“herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo".4
Essa verdade é o sentido espiritual, inerente em cada um de nós como filhos
amados de Deus. A Ciência que torna isso real para o sentido humano, é o Consolador,
“o Espírito da verdade"5
Compreender a Ciência em que Deus é Vida, Espírito, Mente, significa
descobrir que Sua criação está sempre vindo à luz espiritualmente e que,
portanto, não está sujeita à morte. A morte é a crença numa criação que nunca
existiu, a mitologia de que a vida está na matéria, separada de Deus que é a
Vida.
Logo, a compreensão de que Deus é Vida, e a aplicação científica dessa
compreensão começam agora já a destruir a crença na morte ou no medo à morte.
Assim como não existe pai sem filho, não há criador sem criação, nem causa sem
efeito.
O nascimento humano de Jesus indicava a paternidade de Deus. Isso aboliu
parcialmente as leis materiais do nascimento. Jesus era o filho de uma virgem.
Não tinha pai terrestre e não pretendia tê-lo.
Por compreender a eterna união
do Cristo, sua identidade espiritual, com Deus, o Pai, ele pôde dizer: “Antes
que Abraão existisse, eu sou"6, exemplificando a lei do reflexo, o
homem feito à imagem e semelhança de Deus, tal como o primeiro capítulo do
Gênesis o apresenta.
A verdade, a realidade de que o homem é filho de Deus — inseparável do
Espírito — é estabelecida em nosso pensamento pela compreensão dessa lei. A
causa espiritual só pode ter um efeito espiritual. No sentido de que o homem é
a evidência, ou o reflexo de Deus, podemos dizer que o homem é o santuário do Deus vivente"7.
Esse santuário
que é inteiramente espiritual, é a única identidade, ou corpo, que o homem tem.
Portanto, os erros acerca do corpo, como doença, enfermidade, acidente ou dor,
não podem ser verdadeiros. São crenças acerca da matéria e não a verdade acerca
do Espírito ou do reflexo do Espírito.
A história de Deus, e do homem feito à Sua imagem e semelhança, a
verdadeira história do terno relacionamento entre o filho e o seu Pai-Mãe, o
Amor, é a história que a humanidade mais almeja ouvir.
A ação dessa verdade, quando desponta na consciência humana é o Espírito
Santo, o Consolador, a Ciência divina do Cristo, trazendo à luz, na compreensão
atual, a perfeição do homem baseada no Princípio divino, o Amor.
Essa é a
revelação que atende ao anseio de todo coração faminto que busca a certeza de
que a bondade está à mão, e de que ela está a salvo dos temores do homem
pecador e mortal.
O que procuramos quando nos sentimos separados do bem? Acaso não será o
Amor que restaura nosso sentido espiritual e que nos faz saber que tudo está
bem?
Esse Amor que é Deus, a Vida, chega até nós através do Cristo, a Verdade,
e é o poder ou Princípio de toda cura, rompendo o medo mesmérico de que estamos
separados do bem, separados de Deus.
O medo e outros aspectos da crença mortal e pecaminosa trazem uma
sensação de sofrimento sempre necessitada de um Consolador. O amor que consola
e que se expressa em muitos dos salmos e dos hinos da Ciência Cristã, provou
muitas vezes ter produzido um influxo de cura.
A cura sempre se dá quando o
pensamento atinge um conceito mais divino, quando se torna mais espiritual.
A consciência da união inseparável entre o homem e Deus, a qual se
adquire pela compreensão da trindade, a unidade multiforme “em função”, dá-nos
uma visão mais clara da natureza da consciência espiritual e verdadeira. Em
certo sentido, podemos dizer que é a Vida que triunfa contra a morte, a Verdade
divina que corrige o erro chamado doença, e o Amor que expulsa o pecado.
Mas o
Amor não poderia expulsar o pecado, a não ser que o Amor também fosse a
Verdade, e o poder imortal da Vida é a própria essência do Amor em ação. A
Pessoa infinita e única, ou Princípio, da trindade divina inclui tudo em Um, o
que impossibilita a separação.
Façamos com que a presença e o poder da trindade indivisível permeiem as
minúcias de nossa vivência diária e de nosso trabalho de cura, assim como a Sr.a Eddy
anima a fazer:
“A Verdade, a Vida e o Amor são formidáveis, onde quer que neles
se pense, onde quer que sejam sentidos, onde quer que deles se fale ou escreva
— do púlpito, na sala do tribunal, à beira dos caminhos ou em nossos lares. São
os vencedores que jamais serão vencidos.”
E acrescenta: “O Amor formou essa
trindade, Verdade, Vida, Amor, a trindade que homem nenhum pode despedaçar"8.
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O que habita
no esconderijo do Altíssimo,
e descansa à sombra do Onipotente,
diz ao Senhor:
Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu,
em quem confio.
Salmos 91:1, 2
1 V. Mateus 28:19; 2 Ciência
e Saúde, pp. 331–332; 3 Miscellaneous Writings, p. 63; 4 Romanos 8:17; 5 João 14:17; 6 8:58; 7 2 Cor. 6:16; 8 The First Church of
Christ, Scientist, and Miscellany, p. 185.
Fonte: revista “O Arauto da Ciência Cristã”, edição
de setembro de 1976. The Christian Science Publishing Society - © 2013, todos os direitos
reservados.
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