A comunhão
CRISTINA PAULI TRENTINI
Os cultos
de comunhão nas filiais da igreja de Cristo, Cientista, celebram-se duas vezes
ao ano (no segundo domingo de janeiro e de julho). Nesses cultos, logo após a
leitura da Lição Sermão constante do Livrete Trimestral da Ciência
Cristã, o Primeiro Leitor convida a congregação a ajoelhar-se em
comunhão silenciosa. Segue-se então a repetição audível da Oração do Senhor; a
seguir, a congregação se levanta e canta em conjunto a Doxologia 1 em louvor e
gratidão a Deus. Nenhum símbolo material é usado, além do ajoelhar-se em
humildade e reverência ao Cristo.
Convém
lembrar que o estar em comunhão com Deus independe de lugar ou de hora. Deus é
onipresente. Foi num momento de comunhão com Deus que a Sr.a Eddy,
essa seguidora fiel dos ensinamentos de Cristo Jesus, restabeleceu-se
instantaneamente das conseqüências de um sério acidente. Em sua obra principal,
o livro Ciência e Saúde, dedica ela um capítulo inteiro ao
tema “Reconciliação e Eucaristia”.
Referindo-se
ao sacramento da Eucaristia, diz ela: “Perde-se espiritualmente o verdadeiro
significado do sacramento se este se restringir ao uso de pão e vinho.” 2 E mais adiante, no mesmo capítulo,
acrescenta: “Nossa Eucaristia é a comunhão espiritual com o único Deus. Nosso
pão, «que desce do céu», é a Verdade. Nosso cálice é a cruz. Nosso vinho é a
inspiração do Amor, o trago que nosso Mestre bebeu e recomendou a seus
seguidores.” 3
Nesse
mesmo capítulo, ao explicar a questão da reconciliação, ela expõe claramente
qual foi a missão do Mestre. Diz ela: “Jesus ajudou a reconciliar o homem com
Deus, dando ao homem um conceito mais verdadeiro do Amor, o Princípio divino
dos ensinamentos de Jesus, e esse conceito mais verdadeiro do Amor redime o
homem da lei da matéria, do pecado e da morte, pela lei do Espírito — a lei do
Amor divino.” 4
O fato de
que os ensinamentos de Jesus ainda são aplicáveis hoje em dia, que eles podem
trazer cura e redenção ao homem, ficou-me comprovado na seguinte experiência,
que considero ter-se tornado meu mais belo momento de comunhão com Deus.
Era
domingo, estava na hora de ir à igreja e me sentia indisposta. Havia dias eu
vinha lutando com uma forte dor nas costas. Não conseguia sentar-me
confortavelmente, nem dormir na posição costumeira. Hesitava em ir à igreja,
receosa de não conseguir permanecer lá durante todo o serviço. Por fim
decidi-me a ir, mas lá chegando sentei-me de modo a poder sair a qualquer
momento sem causar transtornos aos demais presentes na congregação.
Iniciou-se
o serviço dominical e chegou o momento da oração silenciosa. Senti o desejo de
orar, e orei com altruísmo pelo bem de todos, não buscando obter favores
divinos para mim.
O culto
prosseguiu na ordem estabelecida para as filiais da Igreja de Cristo, Cientista,
e veio o momento em que o Primeiro Leitor passou a ler o segundo hino do dia.
Tratava-se de um hino cujo poema original em inglês fora escrito pela Sr.a Eddy,
o qual se intitula “O Amor” 5
Na medida
em que as palavras eram lidas de púlpito, elas íam se transformando diante de
meus olhos em vívidas cenas de afeto, proteção, regozijo, paz e união. Era como
se eu estivesse assistindo a um ballet de harmonia, suavidade e bondade, mas
não apenas como espectador, e sim como espectador e participante.
A princípio
senti-me unida a toda a congregação. Já não havia ali amigos e conhecidos, e
desconhecidos. Era como se todos nós fôssemos um só, em perfeita união. Depois
um sentimento mais elevado, mais sublime, se apossou de meu pensamento. Aquele
sentimento de união entre os homens se transformara em um sentimento de
comunhão com Deus. Havia uma só Mente, Deus, e eu não estava separada dessa
Mente. Não havia sensação material, mas somente a presença de Deus, o Amor
divino, a manifestar-se, e a idéia espiritual, o homem, em perfeita harmonia
com a Mente, o Espírito.
Eu havia
tido um momento de comunhão com Deus, e estava curada. O ressentimento que eu
antes abrigara, a inquietação e a dor que me vinham importunando, haviam desaparecido por completo.
O modo
como essa experiência toda se desenrolou traz ao meu pensamento estas palavras
da Primeira Epístola de João: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor
procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus.
Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.”
6
Primeiro
me fora preciso reconciliar-me com os homens. Só depois é que a unificação com
Deus tivera lugar, e ela trouxe consigo uma cura completa.
1 Hinário
da Ciência Cristã, n°
1; 2 Ciência e Saúde, p.
32; 3 ibid., p.
35; 4 ibid., p. 19; 5 Hinário, n° 30; 6 1 João 4:7, 8.
Fonte: revista “O Arauto
da Ciência Cristã”, edição de outubro de 1975. The
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