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O trespasse do Mestre foi confirmado pelos legionários romanos de acordo com o critério da época. Foi sepultado num túmulo talhado na rocha. Não obstante, reapareceu. Seu corpo carnal emergiu do sepulcro que era aparentemente inviolável, e Jesus foi visto por muitos. Finalmente desapareceu da vista mortal, pela ascensão acima da materialidade, para um estado do ser puramente espiritual.
Que significado tem isso para os estudantes que hoje em dia estudam tanatologia (da palavra grega thanatos, que significa morte), e para aqueles que procuram a certeza de que há alguma continuidade para a existência individual depois daquilo a que humanamente chamamos morte?
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O significado da Páscoa para todos nós
Naomi Price
O que é que a Páscoa comemora? Não tragédia, mas triunfo. Não tristeza, mas alegria. As primeiras linhas de um hino, por Frances Thompson Hill, que muitas vezes é cantado nessa temporada, diz eloquentemente:
Exultemos, eis a Páscoa,
Doce luz alvoreceu.1
O significado original da palavra inglesa “Easter”, que em português quer dizer “Páscoa”, é obscuro. Pode, de fato, ser derivado de Eastre ou Eostre, nome da deusa pagã da primavera e da fertilidade. Mas tem profundo significado para todos os cristãos. Vêm eles a temporada da Páscoa como a comemoração de um dos maiores momentos da história religiosa - a ressurreição do mestre dos cristãos, Cristo Jesus.
Tal acontecimento foi para os discípulos um fato extraordinário, pois ofereceu a prova indiscutível da imortalidade do homem, dando significado a suas vidas e esperança a todos os homens na terra.
Quando uma sociedade hostil entregou o melhor homem da terra à morte de um vilão, relata a Bíblia que “o véu do santuário se rasgou em duas partes, de alto a baixo” 2. Embora a humanidade não reconhecesse naquela ocasião o significado do acontecimento cataclísmico no Calvário, esse foi o sinal do fim de uma era de falsa crença teológica e o arauto do começo de uma nova época de compreensão espiritual.
Então deu-se o irromper espiritual da ressurreição. Depois disso o ensinamento crístico de que Deus é a Vida eterna, divina, haveria de se desenvolver na consciência, e a possibilidade de se provar a imortalidade da identidade do homem como expressão indestrutível da Vida seria reconhecida em proporção crescente.
A temporada da Páscoa lembra-nos acontecimentos que são imensamente importantes para a humanidade. A Sra. Eddy diz no livro-texto Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “O martírio de Jesus foi o pecado culminante do farisaísmo. Esse martírio rasgou o véu do santuário. Revelou os falsos fundamentos e superestruturas da religião superficial, arrancou o disfarce da beatice e da superstição, e abriu o sepulcro com a Ciência divina — a imortalidade e o Amor.” 3
E foi assim que no terceiro dia depois da crucificação o grande milagre da ressurreição de Jesus proporcionou a prova tão necessária aos mortais para convencê-los de que em realidade não há morte, que a vida não tem fim, que nenhuma tristeza é legítima, que não há separação final entre amigos.
Quando Jesus surgiu do túmulo, a natureza imortal e espiritual do homem tornou-se mais do que esperança. Ficou demonstrado que essa natureza era presença - um fato que em todos os tempos vindouros podia ser comprovado.
Nas palavras da Sra. Eddy numa mensagem a uma filial da Igreja de Cristo, Cientista: “A densa escuridão da mortalidade foi atravessada. A pedra foi removida. A morte perdeu o seu aguilhão e o túmulo a sua vitória. A coragem imortal enche o peito humano e ilumina o caminho vivente da Vida.” 4
A Páscoa tem, sem dúvida, uma mensagem que intriga os pensadores de hoje. O surto atual de curiosidade a respeito da natureza da morte e da possibilidade de a vida continuar depois do que agora se declara ser morte clínica, estabelece um tema interessante para muitos que não aceitam como parte integrante de sua fé religiosa o conceito da imortalidade do homem.
A Páscoa, despojada de seus enfeites e tradições irrelevantes - ovos pintados e coelhos peludos - associados a ritos de fertilidade pagãos, fala todos os anos ao mundo na vida que não conhece a morte.
A Páscoa deveria induzir muitas pessoas a pensarem no significado que tem para elas o ordálio de Cristo Jesus na cruz, e o triunfo dele sobre o túmulo. Esses acontecimentos refutaram dramaticamente que a morte fosse um poder, negando-a não apenas em um caso, mas em todos.
O trespasse do Mestre foi confirmado pelos legionários romanos de acordo com o critério da época. Foi sepultado num túmulo talhado na rocha. Não obstante, reapareceu. Seu corpo carnal emergiu do sepulcro que era aparentemente inviolável, e Jesus foi visto por muitos. Finalmente desapareceu da vista mortal, pela ascensão acima da materialidade, para um estado do ser puramente espiritual.
Que significado tem isso para os estudantes que hoje em dia estudam tanatologia (da palavra grega thanatos, que significa morte), e para aqueles que procuram a certeza de que há alguma continuidade para a existência individual depois daquilo a que humanamente chamamos morte?
Significa que não estamos condenados ao esquecimento depois de ter vivido uns poucos anos na terra. Significa que a vida é contínua, indestrutível - que, de fato, não há morte. Isto deveria capacitar-nos a compreender que as expressões “depois da morte”, “mundo futuro”, e “mais além” são obsoletas.
Tal como o livro-texto da Ciência Cristã indica: “A Vida é real e a morte é a ilusão.” 5 De maneira que, na verdade, não podemos conhecer a morte, mas tão somente a presença contínua da Vida.
Isto significa que podemos confiar em que continuamos a viver e a estar conscientes, a nos alegrar, a nos desenvolver espiritualmente, a nos comunicar com outros e a ser companheiros deles - até mesmo daqueles dos quais julgávamos ter sido separados há muito tempo.
Há quase dois mil anos que este vislumbre feliz da continuidade da vida tem encorajado inúmeros cristãos. Com compreensão ainda que imperfeita, talvez se tivessem indagado qual seria o seu lugar e como seria a vida depois da morte, e qual a forma em que eles e seus amigos apareceriam.
Poderiam até mesmo ter questionado se era desejável viver para sempre. Mas para eles o aguilhão daquilo que parece ser morte foi em grande parte neutralizado. A alegria da Páscoa iluminou a escuridão de sua tristeza.
Mas o exemplo do Mestre mostra que não basta deixar-se meramente aliviar do aguilhão doloroso da morte. Faz-se-nos um chamado para mais do que nos espreguiçarmos indolentemente neste pensamento da inexistência da morte.
Tal como Jesus, precisamos ir adiante para atingir a meta suprema da espiritualização total do pensamento, na qual a crença mortal cede lugar à Verdade divina, em que compreendemos que o Espírito é Tudo-em-tudo, ficando provado que o ser do homem é puramente espiritual.
A Páscoa aponta para mais do que um estágio vitalmente importante do desenvolvimento da humanidade para fora de crenças mortais. A Páscoa aponta para cima, para o estágio seguinte e final.
Leva-nos a compreender e a reconhecer a imortalidade do homem como expressão de Deus. Estimula-nos para que sigamos o exemplo de Cristo Jesus até o clímax por ele alcançado e que comprovemos, como ele comprovou, nossa natureza perfeita e inteiramente espiritual na semelhança divina - mediante a ascensão.
1Hinário da Ciência Cristã, n° 413; 2 Mateus 27:51; 3 Ciência e Saúde, p. 597; 4 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 191; 5 Ciência e Saúde, p. 428.
Autor: Naomi Price, CSB, membro do Conselho de Conferências de A Igreja Mãe, A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, em Boston, Massachusetts. Nasceu em Amersham, Buckiunghamshire, Inglaterra, estudando neste país e na Suíça. Dedicou seu tempo a pratica pública da Ciência Cristã, desde 1945, escrevendo com frequência para os periódicos religiosos desta Causa.
Fonte: O Arauto da Ciência Cristã, edição em português, de abril de 1979. Publicado por The Christian Science Publishing Society, todos os direitos reservados.
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