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Aqui ou no Além?
CONNIE KAY HOWARD
Muitas pessoas se perguntam acerca do além, e com razão. Deveria ser do interesse e preocupação primordial de cada um de nós, saber algo acerca de nosso futuro. As perguntas sobre a vida e a morte sempre deram margem a muitos pensamentos e desafios.
Mrs. Eddy [Mary Baker Eddy] deixa bem claro os ensinamentos da Ciência Cristã acerca da morte e do além. Um estudo cuidadoso de suas declarações sobre esses pontos, com o auxílio das concordâncias, é do máximo proveito. Esses ensinamentos, conforme estão expostos em Ciência e Saúde e nos demais escritos de sua autoria, estão completamente de acordo com a doutrina de Cristo Jesus.
Baia da Babitonga, São Francisco do Sul - SC, Brasil
Primeiramente, necessitamos compreender que Deus é a Vida e que por isso Êle não conhece a morte. Para Deus, a Vida divina, e para o universo espiritual de Sua criação, inclusive o homem, não existe morte. A criação material é uma contrafação, isto é, um conceito errôneo acerca do homem, e as verdades acerca do ser não podem ser encontradas por meio dos sentidos materiais. Por isso, nosso sentido espiritual precisa ser utilizado a fim de que reconheçamos e demonstremos a verdade, ou seja, os fatos espirituais acêrca do homem e da Vida eterna.
Mrs. Eddy afirma: “A morte nada mais é senão outra fase do sonho de que a existência possa ser material” (Ciência e Saúde, p. 427). Dessa forma, para apreender e demonstrar as verdades acerca da Vida eterna, precisamos primeiramente e antes de mais nada, por meio de uma profunda purificação e espiritualização do pensamento, erradicar a falsa crença acerca da vida e da substância materiais. Isso pode ser feito aqui e agora mesmo, hoje, se estamos dispostos a identificar-nos radicalmente com a Verdade e pôr o eu de lado. A materialidade é um conceito errôneo ou êrro a respeito do homem. Portanto, precisamos mentalmente substituir essa mentira com as verdades sobre o ser, isento de morte, e da substância indestrutível, sem levar em conta o que o falso testemunho dos sentidos materiais diz.
A morte não pode sobrevir a Deus, por isso não pode sobrevir ao homem, Sua imagem e semelhança. Uma vez firmemente estabelecido esse fato, percebemos que na onipotência de Deus, a Vida divina, o seu oposto, a morte, não pode ter manifestação. Deus não partilha seu poder com nenhuma outra entidade. O que habilitou Jesus a ressuscitar os mortos foi sua compreensão pura acerca da vida imortal. Isso ele fez aqui, e instruiu seus seguidores a que também o fizessem (V. Mateus 10:8).
Quando alguém morre, segundo os sentidos materiais, ele só pode despertar para uma outra fase da existência mortal, para o fato de que a morte não o destruiu. Não entra, de uma forma milagrosa, no céu ou no inferno. O céu e o inferno são estados de consciência, e a mera crença de morrer não altera repentinamente a consciência da pessoa. O caminho para o céu, ou a unificação consciente com Deus, se encontra por meio da compreensão e da demonstração da Vida divina. A morte não é o limiar rumo à Vida.
O corpo, como matéria, é a manifestação da mente mortal; por isso, até que nos despojemos dessa mente e que ela seja corrigida pela Verdade, continuamos com um corpo semelhante ao que tínhamos antes da experiência da morte. A morte, em si, não traz nenhuma libertação da matéria, do pecado e da doença. Labutamos sob uma falsa impressão quando cremos que através da morte podemos escapar do erro ou libertar-nos dos sofrimentos por ele causados.
O indivíduo precisa elevar-se e corrigir os erros dos sentidos aqui e agora, porque se não o fizer aqui, terá de fazê-lo algum dia no além. O indivíduo não se torna perfeito ao morrer; a perfeição aparece ao nos libertarmos das crenças materiais, ao vencermos o pecado, a doença, e a morte.
Nossa libertação de todo o sofrimento e do corpo material vem com nossa ascensão para fora das crenças que são contrárias às verdades divinas acerca do ser. Podemos fazer isso, aqui ou no além, na proporção de nossa compreensão da verdade. “Porque agora vemos como em espelho, obscuramente, então veremos face a face; agora conheço em parte, então conhecerei como também sou conhecido” (1 Coríntios 13:12).
Acreditar que a morte nos libertará do erro é um esforço mesmérico da mente mortal para ampliar suas próprias crenças falsas. Entorpece nossa espiritualidade e perpetua a complacência em pensar de acordo com o que é mortal. À medida que percebemos que não há momento mais propício do que o presente para resolver o grande problema do ser, não deixamos para amanhã o progresso que pode ser feito hoje.
Os fiéis trabalhadores na vinha da Verdade podem ficar seguros de que colherão na terra o galardão de seus trabalhos celestiais e suas obras os seguirão. Por outro lado Mrs. Eddy escreve: “O pecado e o êrro de que estamos possuídos no instante da morte não cessam naquele momento, mas perduram até a morte desses erros” (Ciência e Saúde, p. 290). Por isso, presumir que a crença da morte perdoa o pecado ou elimina o sentido material do corpo, é um engano.
Isso salienta a necessidade de progredir aqui e agora - a fim de encontrar o reino dos céus que está dentro de nós, a fim de espiritualizar hoje os nossos pensamentos e, portanto, o nosso conceito acerca do corpo. Quer aqui, quer no além, o reino dos céus, ou seja, a harmonia divina, precisa ser demonstrado por meio de nossa ascensão para fora das crenças da materialidade e seus acompanhantes, o pecado, a doença, e a morte, rumo aos fatos eternos e sempre presentes do ser em Deus, a Vida divina.
A velha crença de que quando alguém morre então “está com Deus” não pode ter nenhum fundamento científico. Se isso fosse verdade, a morte seria uma bênção, mas ela não é nem ajuda nem empecilho em nosso progresso rumo ao Espírito.
Quanto nos regozijamos ao despertar para o fato de que a vida é ininterrupta, e está para sempre unida com o Pai! Aqui e agora mesmo podemos começar a demonstrar esses fatos e encontrar nosso lugar na eternidade. Não precisamos esperar por algum suposto além.
Fonte: revista “O Arauto da Ciência Cristã", edição de janeiro de 1972 - © 1972 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados
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