terça-feira, 24 de dezembro de 2013

REIS MAGOS ONTEM E HOJE


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Chegada a Belém, original pintado com a boca por Francis Camilleri


“A estrela de Belém é a estrela de todas as épocas, a luz do Amor [...].”

Mary Baker Eddy

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Reis Magos ontem e hoje

Leonardo Boff


No Segundo Testamento1 há duas versões do nascimento de Jesus. Uma do evangelho de Lucas que culmina com a adoração dos pastores. A outra, do evangelho de Mateus, que se concentra na adoração dos três reis magos. A lição é: judeus e pagãos, cada um a seu modo, encontram Jesus.


                                  A estrela-guia, original pintado com a boca 
                                                                                 por Michael Vassalo


As Escrituras judaico-cristãs deixam claro que Deus não se revelou apenas aos judeus. Antes de surgir o povo de Israel com Abraão, revelou-se a Enoque, a Noé, a Melquisedeque, depois a Balaão e ao rei Ciro. Os reis magos pertencem a este grupo. Quem eram eles?

Eram astrólogos vindos provavelmente da Babilônia. Naquele tempo astronomia e astrologia caminhavam juntas. Certo dia, estes sábios descobriram uma estranha conjunção de Júpiter com Saturno que os aproximou de tal forma que pareciam uma única grande estrela, na constelação de Peixes.

Desde o tempo de Kepler (+1630) os cálculos astronômicos mostraram efetivamente que no ano 6 antes de Cristo (data do nascimento de Cristo pelo calendário corrigido) ocorreu tal conjunção. Para os sábios, este fato possuía grande significação. Júpiter, na leitura astronômica da época, era o símbolo do Senhor do mundo.

Saturno era a estrela do povo judeu. E a constelação de Peixes era o sinal do fim dos tempos. Os sábios babilônicos assim interpretaram: no povo judeu (Saturno) nascerá o Senhor do mundo (Júpiter) sinalizando o fim dos tempos (Peixes).

Então se puseram a caminho para prestar-lhe homenagem. Sempre houve na história dos povos, pessoas simples ou sábios que se puseram a caminho em busca de salvação, quer dizer, de uma totalidade integradora. Deus foi a seu encontro nos seus modos de ser e de pensar.

Mas por que foram encontrar Jesus? Porque, segundo a compreensão dos cristãos, Jesus é um princípio de ordem e de criação de uma grande síntese humana, divina e cósmica. Quando dão o título de Cristo a Jesus querem expressar esta convicção.

Esta síntese se encontra também em outras religiões sob outros nomes: Sabedoria, Logos, Iluminação, Buda, Tao. Estes são os "ungidos e consagrados" (significado de Cristo) para serem um centro  atrator  e unificador de tudo o que há no céu e na terra. Mudam os nomes, mas o sentido é sempre o mesmo.

Nossa realidade, entretanto, é contraditória. É feita de elementos sim-bólicos e dia-bólicos, de verdade e de falsidade, de bondade e de maldade. Como podemos distinguir um do outro? Como criar uma ordem superior que ultrapasse essas contradições? Precisamos de um Centro ordenador e animador de uma síntese pessoal, social e também cósmica.

Os evangelistas usaram o fenômeno astronômico para apresentar Jesus como aquele Senhor do Universo que vem sob a forma de uma criança para unificar tudo. Essa Energia é divina mas não exclusiva. Ela se expressa sob muitas formas históricas. Em Jesus, o Cristo, ganhou uma concretização que mobilizou outras culturas com seus sábios vindos do Oriente.

Todos os caminhos levam a Deus e Deus visita os seus em suas próprias histórias. Todos estão em busca daquela Energia que se esconde no significado da palavra Cristo.

Esse encontro com a Estrela produz hoje, como produziu ontem, alegria e sentimento de integração. Haverá sempre uma Estrela no caminho de quem busca. Importa, pois, buscar com a mente sempre desperta aos sinais como os reis magos.

1 Alguns usam o termo "O Segundo Testamento" no lugar de "O Novo Testamento" principalmente por respeito aos nossos irmãos que abraçam a religião judaica.
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Reis Magos ontem e hoje” foi publicado para refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia em seu contexto histórico, nas dimensões política, social, cultural e econômica em que seus relatos foram escritos. Conforme recentes descobertas sobre fatos nela registrados e a opinião de estudiosos do texto bíblico. Com o objetivo de alcançarmos o significado espiritual das Escrituras.

O texto não representa necessariamente a opinião deste blog ou do Movimento da Ciência Cristã – A Primeira Igreja de Cristo Cientista, em Boston, ou qualquer de suas filiais, sociedades ou grupos informais de estudos, existentes em diferentes países do mundo.

 


LEIA:  A ESTRELA QUE GUIOU OS MAGOS, publicado em 24 de dezembro de 2012.

 

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domingo, 8 de dezembro de 2013

COM OS OLHOS ABERTOS


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  Celebrando a vida:



                                        
“O que conta na vida não é o simples fato de  termos vivido. É o de termos feito diferença para a vida dos outros o  que  irá determinar o significado da vida que levamos”. Nelson Mandela 

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Com os olhos abertos

José Pagola

Instituto Humanitas Unisinos (IHU)


As primeiras comunidades cristãs viveram anos muito difíceis. Perdidos no vasto Império de Roma, no meio de conflitos e perseguições, aqueles cristãos procuravam força e alento esperando a pronta vinda de Jesus e recordando as suas palavras: Vigiai. Vivei despertos. Tende os olhos abertos. Estai alerta.

Significam, no entanto, algo para nós as chamadas de Jesus a viver despertos? Que é hoje para os cristãos colocar a nossa esperança em Deus vivendo com os olhos abertos? Deixaremos que se esgote definitivamente no nosso mundo secular a esperança numa última justiça de Deus para essa imensa maioria de vítimas inocentes que sofrem sem culpa alguma?
Precisamente, a forma mais fácil de falsear a esperança cristã é esperar de Deus a nossa salvação eterna, enquanto viramos as costas ao sofrimento que há agora mesmo no mundo. Um dia teremos que reconhecer a nossa cegueira ante Cristo Juiz: Quando te vimos faminto ou sedento, estrangeiro ou nu, doente ou na prisão, e não te assistimos? Este será o nosso diálogo final com Ele se vivemos com os olhos fechados.
Temos de despertar e abrir bem os olhos. Viver vigilantes para ver para lá dos nossos pequenos interesses e preocupações. A esperança do cristão não é uma atitude cega, pois não esquece nunca os que sofrem. A espiritualidade cristã não consiste só num olhar para o interior, pois o Seu coração está atento a quem vive abandonado à sua sorte.
Nas comunidades cristãs temos de cuidar cada vez mais que o nosso modo de viver a esperança não nos leve à indiferença ou ao esquecimento dos pobres. Não podemos isolar-nos na religião para não ouvir o clamor dos que morrem diariamente de fome. Não nos está permitido alimentar a nossa ilusão de inocência para defender a nossa tranquilidade.
Uma esperança em Deus, que se esquece dos que vivem nesta terra sem poder esperar nada, não pode ser considerada como uma versão religiosa de certo otimismo a todo custo, vivido sem lucidez nem responsabilidade? Uma busca da própria salvação eterna de costas aos que sofrem, não pode ser acusada de ser um sutil "egoísmo profundo estendido para o além"?
Provavelmente, a pouca sensibilidade ao sofrimento imenso que há no mundo é um dos sintomas mais graves do envelhecimento do cristianismo atual. Quando o Papa Francisco reclama "uma Igreja mais pobre e dos pobres", está a gritar a sua mensagem mais importante aos cristãos dos países do bem-estar.

Nota: O texto Com os olhos abertos não representa necessariamente a opinião das igrejas do Movimento da Ciência Cristã. Foi publicado para  refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia em seu contexto histórico, nas dimensões política, social, cultural e econômica. Conforme recentes  descobertas sobre fatos nela registrados e opinião de estudiosos do texto bíblico.  Com o objetivo de alcançarmos o significado espiritual das escrituras, capaz de gerar idéias e ações  que possam  melhorar o mundo.


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domingo, 1 de dezembro de 2013

A BÊNÇÃO DAS LIÇÕES BÍBLICAS


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A Bênção das Lições Bíblicas

HANS LIESEGANG
Original em alemão


 No Manual de A Igreja Mãe, a Sr.a Eddy deixa clara a importância das Lições-Sermão. Diz: "Os Leitores de A Igreja Mãe e de todas as igrejas filiais deverão dedicar parte adequada do seu tempo à preparação da leitura da lição dominical — lição da qual grandemente depende a prosperidade da Ciência Cristã" 1
A prosperidade do movimento da Ciência Cristã é de interesse para seus adeptos. Tudo o que é bom para o movimento, deve ser bom para seus membros. Por isso o estudo profundo da Lição-Sermão promove o progresso dos membros, individualmente, e do movimento, como um todo.
Ler, por si só, não basta. O significado espiritual das citações precisa ser captado. Isso requer tempo. Quem quer que julgue não dispor de tempo suficiente, poderá contentar-se com o estudo cuidadoso de uma ou duas das seis seções que constituem cada lição. A lição inteira, contudo, forma um todo coerente. Por isso, muitos se habituaram a ler toda a lição diariamente.
Esta também era minha primeira atividade cada manhã. Mas depois da primeira ou segunda seção meus pensamentos repetidamente vagueavam pelas coisas materiais e afazeres do dia. Daí não era mais um estudo a fundo da letra ou um embeber-se do espírito, como deveria ser. A Sr.a Eddy escreve: "Pergunta. — Como posso progredir mais rapidamente na compreensão da Ciência Cristã?
"Resposta. — Estuda a fundo a letra e embebe-te do espírito." 2 Progredir rapidamente era o que eu queria.
Certa manhã, percebi como eu estava agindo irracionalmente. Ora, eu afirmava que Deus é Tudo e o único poder, e no entanto, eu Lhe vinha dedicando apenas uma pequena porção de tempo de leitura atenta. É certo que eu não O estava esquecendo, porém estava atribuindo às coisas materiais uma importância indevida.

Enquanto ponderava sobre isso, foi como se uma nova luz despontasse sobre mim. Era uma espécie de iluminação que as palavras não podem descrever. Era o Cristo, a ideia verdadeira e espiritual de Deus, que vinha à consciência humana. Depois disso, as coisas materiais tornaram-se menos importantes. Deus assumira o primeiro lugar. A totalidade de Deus passara a ocupar o meu pensamento e me concedera descanso, paz, alegria, liberdade e segurança.
A leitura da lição deixou de ser um ato de obediência simbólica, às vezes empreendido voluntariosamente visando a melhorar o status, ou tomar posse de algo. Passou a ser um grato reconhecimento do poder da compreensão espiritual para produzir a harmonia e o bem em nossas vidas.
Por meio do Cristo, a Verdade, o estudo diário passou a ser um anseio prazeroso de fazer uso das possibilidades presentes, de experimentar agora o céu que me fora revelado. Só a revelação divina é capaz de convencer a razão, mostrando-lhe a nulidade da matéria.
Cada visão da realidade espiritual, cada percepção da verdade, liberta a consciência humana livrando-a de uma sugestão mesmérica. Tais sugestões são a mente mortal ou a crença errônea na vida material. Quando confrontada com uma verdade que foi reconhecida, a mente mortal começa a perder o aparente controle do pensamento, e a compreensão espiritual toma conta.
O anseio de salvar-se do pecado, da doença e da morte — de todas as limitações impostas pelo sentido mortal — está em todos os homens. É o desejo de elevar-se mais. A Sr.a Eddy escreve: "Devemos esforçar-nos para alcançar as alturas de Horebe, onde Deus é revelado." 3 
As alturas do Horebe da Ciência Cristã sempre se encontram acima da neblina das crenças materiais. A vista de lá é uma contemplação do que Deus cria — o universo espiritual. Em tal contemplação há cura. As Lições-Sermão do Livrete Trimestral da Ciência Cristã indicam o caminho às alturas desse Horebe. Vale a pena estudá-las a fundo.
Foi o que fiz naquela manhã pela primeira vez, durante três horas, com perfeita atenção e uma alegria até então desconhecida. A aparente perda de tempo foi duplamente recompensada. A agenda total programada para aquele dia foi atendida harmoniosa e rapidamente.
Senti a certeza e a promessa expressas em Isaías: "Porque, assim como descem a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, sem que primeiro reguem a terra e a fecundem e a façam brotar, para dar semente ao semeador e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca; não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a designei." 4 

Por meio de nossa compreensão dessa promessa, Deus, a Verdade, dá ao homem domínio sobre as circunstâncias humanas. Cristo Jesus tinha essa compreensão e domínio. Curou os doentes e os pecadores e ressuscitou os mortos. Habilitou aqueles que careciam de certas coisas a serem supridos abundantemente do que necessitavam.
Mandou Pedro buscar o dinheiro para os impostos na boca de um peixe. Alimentou milhares de pessoas quando, à percepção humana, havia disponível apenas uns poucos pães e peixes. Passou imperturbado por entre a multidão que queria causar-lhe dano. Deu muitas outras provas de que a Verdade, quando percebida, faz maravilhas pelos mortais. Seus discípulos também deram provas do poder do Cristo. E ele ainda hoje está evidente nas curas.
Para mim, passou a ser bem mais fácil e harmonioso o desempenho de minhas atividades comerciais. Havia menos dificuldades. Assim, desde aquela manhã, sempre houve tempo suficiente, todos os dias, para um estudo atento de toda a lição.

Aplicada corretamente, a Ciência Cristã educa o pensamento levando-o a afastar-se das digressões e crenças materiais e a adentrar-se na observação e percepção espirituais.
 Seus adeptos vêm aos serviços da igreja não só para receber algo, mas também trazem consigo o conhecimento do significado espiritual das passagens que são lidas. Vêm na consciência da presença do Cristo incorpóreo, que livra de grilhões materiais os seus próprios pensamentos e os dos visitantes, eleva-os, torna-os receptivos à cura e cura-os. Recebem e aproveitam a bênção que a compreensão do significado espiritual das Lições Bíblicas traz consigo.
1Manual, Art.3º,§1º; 2 Ciência e Saúde, p. 495;  3ibid., p. 241;  4Isaías 55:10, 11. 
Fonte:  O Arauto da Ciência Cristã, dezembro de 1974. The Christian Science Publishing Society, todos os direitos reservados. 

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