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Warren Bolon, da equipe do Sentinel, conversou com o Praticista e Professor de Christian Science (Ciência Cristã), Nathan Talbot e com o Dr. Doyle, um importante pesquisador que estuda os planetas extra-solares para o SETI Institute, em Mountain View, no estado da Califórnia, e também dá conferências públicas sobre a Christian Science.
Eles conversaram sobre as várias teorias da criação e, sobre seu modo de ver, como Cientistas Cristãos, esse debate cada vez mais acalorado, entre religiosos e cientistas.
Laurance Doyle, reside em Mountain View, CA, USA. Obteve grau MSc. na Universidade Estadual de San Diego (1982), Ph.D. na Universidade de Heidelberg (1986). Trabalha como Astronomo no SETI Institute e NASA Ames Research Center. Serviu a Primeira Igreja de Cristo, Cientista, A Igreja Mãe, em Boston, EUA, como palestrante. Em outubro de 2013, no Centro Cultural Skirball, em Los Angeles, California, em sua palestra "Física e Metafísica", conversou sobre como as limitações da matéria estão sendo quebradas e como a ciência moderna está questionando pressupostos estabelecidos.
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Controvérsias sobre a criação uma reflexão profunda
Nathan Talbot, Warren Bolon e Laurance Doyle
Como se originou a vida? Quem ou o que deu início a todas as formas de vida? Um debate que esteve morno nos últimos 150 anos, recentemente voltou a se aquecer, em particular, sobre o que é ensinado como ciência nas escolas públicas americanas.
Do lado religioso da questão, o criacionismo promove uma interpretação literal dos dois relatos da Bíblia sobre a criação, conforme constam em Gênesis, capítulos 1 ao 6: que todas as coisas e criaturas foram criadas por Deus em sete dias do calendário, que Adão foi o primeiro homem e Eva a primeira mulher, e que a criação ocorreu, literalmente, em um "jardim do Éden".
Mais recentemente, os que apóiam a teoria do assim-chamado “design inteligente” (a existência de uma inteligência que projetou o design) aceitam, de forma geral, as teorias científicas, incluindo a do “Big Bang” (na qual o universo se originou de uma grande explosão) e a da evolução, mas argumentam que, embora os planetas, os animais e os seres humanos possam ter se desenvolvido ao longo de milhões de anos, a complexidade das formas de vida e os notáveis avanços da humanidade, apontam para uma obra intencional de um “designer inteligente” divino.
Na comunidade científica, o conceito de que a Terra e as formas de vida se desenvolvem, ao longo do tempo, surgiu, pela primeira vez, no campo da geologia, diz o astrofísico Laurance Doyle. O geólogo inglês Charles Lyell e outros cientistas desenvolveram teorias evolucionistas no início do século XIX.
O futuro pai da biologia evolucionista, Charles Darwin, foi fortemente influenciado pela leitura da obra de Lyell, “Os Princípios da Geologia” (The Principles of Geology). Inicialmente, Darwin tinha em vista o sacerdócio, mas seus interesses com relação ao problema da teodicéia talvez possam ter contribuído para o seu posterior agnosticismo. Teodicéia é a defesa da bondade e da supremacia de Deus em face da existência do mal.
Warren Bolon, da equipe do Sentinel, conversou com o Praticista e Professor de Christian Science, Nathan Talbot e com o Dr. Doyle, um importante pesquisador que estuda os planetas extra-solares para o SETI Institute, em Mountain View, no estado da Califórnia, e também dá conferências públicas sobre a Christian Science.
Eles conversaram sobre as várias teorias da criação e, sobre seu modo de ver, como Cientistas Cristãos, esse debate cada vez mais acalorado, entre religiosos e cientistas.
Nathan Talbot: O que vemos com relação a essas teorias, ou seja, o criacionismo, o evolucionismo e o design inteligente, são sinais de gigantescas forças do pensamento entrando em conflito sobre a realidade. Qual é a natureza, a substância e a origem da realidade? Essas são questões de suma importância. Poderíamos presumir que é apenas um debate muito significativo sobre o que ensinar nas escolas, mas, por trás dele, existem essas questões importantes sobre a origem da existência.
Os cientistas saem perdendo por deixarem o sagrado de fora, quando o separam da ciência. A Christian Science resolve o debate. A criação é sagrada e científica.
Warren Bolon: Alguns críticos da teoria do design inteligente argumentam que não há nenhuma prova que a sustente e nenhuma maneira com a qual se possa testar sua validade.
Laurence Doyle: De certa forma, a defesa de que não seja científica se encontra, freqüentemente, sobre um terreno muito frágil. Se olharmos para áreas como a da teoria da informação, por exemplo, retirar complexidade do acaso fica muito difícil, se não impossível. O mesmo é válido para o desenvolvimento das moléculas biogênicas.
Nathan Talbot: As preocupações dos cientistas sobre o design inteligente são, na maioria das vezes, mais contra o criacionismo propriamente dito, do que sobre o design inteligente, que se sustenta por seus próprios méritos.
Warren Bolon: Eles acham que o design inteligente é um “cavalo de Tróia” para criacionismo?
Laurence Doyle: Sim, os cientistas realmente o relacionam com o criacionismo, e, muitas vezes, assumem a posição de que os estudiosos das ciências naturais já compreendem completamente o que a vida é, o que não é o caso.
Nathan Talbot: Não existe aquela clássica ilustração? Se, caminhando por um campo arado, olhássemos para a terra revolvida e encontrássemos um relógio de pulso, talvez, ao examiná-lo, pensássemos que o design inteligente tivesse participado de sua fabricação, devido à natureza complexa do objeto.
Ou, poderíamos dizer: “Não, foi simplesmente pela seleção natural que esse relógio acabou se desenvolvendo nessa terra”. Mas, a maioria de nós diria: “Existe alguma inteligência que contribuiu para o desenvolvimento desse relógio”. Por dedução, as pessoas olham para o universo e dizem: “Espere um pouco. Deve haver algum tipo de inteligência que juntou tudo isso”.
Laurence Doyle: O ribossoma, a molécula que forma o DNA, por exemplo, é de complexidade mínima, mas necessária para que os sistemas biológicos se multipliquem e podemos calcular o que seria necessário para o surgimento dessa molécula por processo aleatório, uma vez que podemos fabricá-la no laboratório. Se tivéssemos todos os elétrons no universo para reações químicas aleatórias, ainda assim levaria um trilhão de vezes a idade do universo para fabricar uma dessas moléculas por processos totalmente aleatórios.
Há cálculos como esse que podem mostrar que a palavra aleatório não se aplica. Portanto, é importante dizer aos cientistas: “Está bem, vejam, nós não sabemos ainda o que é a vida. Vamos parar de fingir que sabemos e parar de usar aquilo que é aleatório como argumento para a nossa ignorância”.
Nathan Talbot: Existem, certamente, muitas pessoas no mundo científico que são religiosas. O design inteligente é atraente sob alguns aspectos, porque ele proporciona uma oportunidade para as pessoas religiosas de recolocarem Deus no centro de Sua criação, enquanto o evolucionismo, ou seleção natural, tira Deus facilmente dessa criação. Portanto, até certo ponto, acredito que o conceito do design inteligente ganha adeptos porque considera Deus na criação.
Laurence Doyle: Se pedirmos às pessoas para escolher entre o sagrado e o científico, a maioria vai optar pelo sagrado, porque é o mais importante. Acho que os cientistas saem perdendo por deixarem o sagrado de fora, quando o separam da ciência. É aqui que entra a Christian Science e resolve o debate. A criação é sagrada e científica. Existe muita coisa na ciência que é sagrado, ou seja, a idéia de ordem, as leis que estão por trás da criação, na matemática que se aplica para se compreender a natureza, etc.
Nathan Talbot: A Christian Science é a resposta final para se descobrir que a ciência e a religião estão em acordo e não em guerra.
Laurence Doyle: É importante estar alerta e não permitir que o fundamentalismo defina duas opções limitadas sobre a criação. De um lado, há o fundamentalismo exacerbado da religião, que pode perder a questão, aceitando ensinamentos metafóricos de forma literal. Contudo, existe também um fundamentalismo literal na comunidade científica, que é chamado de “materialismo”. O materialismo é uma ciência fundamentalista. Ela interpreta a forma como causa, ao dizer, por exemplo, que o tempo está dentro do relógio, que o relógio é que guarda o tempo, portanto investigamos o tempo ao dissecar o relógio. Por essa razão, pode-se também perder a questão, ou seja, o princípio subjacente, com esse tipo de abordagem “literalista”.
Nathan Talbot: Suponho que o criacionismo e o design inteligente têm uma similaridade fundamental, porque ambos têm pesquisado de que forma Deus projetou a matéria. Portanto, eles estarão eternamente combatendo a teoria da evolução, ou seja, que a matéria projetou a matéria. Todos os três grupos: os criacionistas, os evolucionistas e os proponentes do designer inteligente, podem continuar se preocupando interminavelmente sobre a questão de como a matéria foi criada ou tenha se desenvolvido. Parece-me que é aqui que entra em cena a Christian Science e diz: “Espere um pouco, essa é a pergunta errada”.
Laurence Doyle: Sim. A matemática não está no giz. Podemos ver a matemática expressa, de certo modo, olhando para o que está corretamente escrito a giz no quadro-negro, mas a matemática nunca está no giz. Além disso, o argumento sobre se a matemática entrou no giz há muito tempo por acidente, ou muito mais tarde por meio de um projeto, começa com a premissa incorreta sobre o que a matemática realmente é; ela não é giz. Portanto, precisamos recuar e dizer: “Está bem, é mais importante perguntar: Qual é a realidade neste momento”?
Isso nos ajuda a determinar as perguntas certas a serem feitas sobre o ser. Em seu livro Não e Sim, Mary Baker Eddy escreveu: “O homem é mais do que uma personalidade física, ou aquilo que percebemos através dos sentidos materiais. ... O homem sobrevive às definições finitas e mortais de si mesmo, segundo a lei da 'sobrevivência do mais apto'. O homem é a idéia eterna do seu Princípio divino, ou Pai” (p. 25). Portanto, a Christian Science realmente tem uma lei da sobrevivência do mais apto. O “mais apto” é a realidade espiritual do homem, ou seja, a vida que não é mortal, que não está na matéria; por essa razão, esse homem real espiritual sobrevive porque essa é a verdadeira criação.
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Podemos ver a matemática expressa, de certo modo, olhando para o que está corretamente escrito a giz no quadro-negro, mas a matemática nunca está no giz.
Warren Bolon: Algumas pessoas talvez pensem que, devido ao fato de a Christian Science estar centrada em Deus, os Cientistas Cristãos estariam entre aqueles cristãos que rejeitam totalmente a teoria da evolução de Darwin. No entanto, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras diz: “... a teoria de Darwin, de que a evolução provém de uma base material, é mais coerente do que a maioria das outras” (p. 547). Mas, a Sra. Eddy continua a avançar a partir daí.
Laurence Doyle: Sim, ela continua explicando que a teoria básica de Darwin é a de que a matéria se desenvolve por si mesma e que é nesse ponto que ele erra. A evolução é uma teoria autoconsistente somente se estivermos examinando a evidência do sentido material, e é aí que ela erra. Essa teoria não lida com uma causa espiritual primária ou com o Princípio divino.
Nathan Talbot: Aqui é onde o sentido espiritual é necessário. Quando a Sra. Eddy levanta a questão: “Não foi isso uma revelação em vez de uma criação”? (Ibidem, p. 504), ela abre a porta para o reconhecimento do que realmente aconteceu: “Haja luz”. Toda essa idéia de revelação é um conceito extraordinariamente diferente da realidade. Na verdade, ela está traçando uma linha de demarcação entre o primeiro e o segundo capítulos do Gênesis. Criacionismo, evolução e design inteligente essencialmente lidam com o segundo capítulo do Gênesis para elaborar seus conceitos, ao passo que a Sra. Eddy conduz o pensamento para o primeiro capítulo, e diz: “Aqui está. É uma revelação da existência espiritual em vez de uma criação da matéria”.
Laurence Doyle: Seria difícil encontrar um contraste melhor. Em Gênesis 1, as plantas do campo foram criadas, e tudo era bom. Então, no capítulo 2 uma planta, ou seja, uma árvore no meio do jardim, é tanto boa como má. Primeiro, todos os animais são criados “muito bons”; depois, aparece uma serpente que tenta, e assim por diante.
Nathan Talbot: Adão deu novos nomes a essas coisas e criaturas e as reidentificou como materiais, mas a Sra. Eddy as traz de volta à sua natureza original e verdadeira como espirituais, que é o que elas sempre foram e sempre serão.
Laurence Doyle: Além disso, a criação é contínua, como também tem de ser a realidade espiritual. A criação é agora; ela não foi concluída por um criador e depois deixada para que fosse governada pelas leis da matéria. John Wheeler, que foi colega de Einstein e Professor Emérito de física na Universidade Princeton, chamou a maneira de ver as coisas da emergente física quântica de "o universo participativo". Isso quer dizer que, de acordo com as últimas descobertas da física, parece haver uma natureza contínua à criação, que a criação é um acontecimento atual. Não é algo que ocorreu há muito tempo. Além disso, pelo menos de acordo com a física quântica, a criação se desdobra, de forma fluente e constante, como resultado de um princípio que participa de todos os acontecimentos do universo. A criação ocorre na medida em que as coisas estão sendo observadas.
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A Sra. Eddy está nos convidando a admitir que a ciência também é espiritual em vez de material.
Nathan Talbot: Para mim, são muito interessantes as formas com que a consciência continua tentando encontrar um modo de colocar Deus dentro desse cenário. Isso pode tomar diferentes aspectos, palavras diferentes daquelas que nós, Cientistas Cristãos, usaríamos, mas continua acontecendo. Existe uma pequena frase que os adeptos do design inteligente usam em sua luta contra a evolução. Eles falam da evolução como "naturalismo ateísta". Contudo, eles estão no mesmo campo de batalha da evolução, e me parece que, quando a Sra. Eddy se refere ao "ateísmo da matéria" (Ciência e Saúde, p. 580), ela mais ou menos está dizendo a ambos: "Vocês estão travando a batalha errada".
Laurence Doyle: A Sra. Eddy também escreveu: "A criação e a evolução, ou manifestação, têm de ser espirituais e mentais, pois se originam e estão no Espírito, a Mente, que é tudo o que realmente existe. Isso é Ciência e é passível de comprovação" (Miscellaneous Writings [Escritos Diversos] 1883-1896, p. 27). Portanto, ela usa "criação", "evolução" e "manifestação" como termos substitutos. É muito interessante que esses mesmos termos tenham se tornado o centro da controvérsia entre os campos da criação e da evolução.
Nathan Talbot: Essa é uma afirmação importante, porque não somente precisamos começar a admitir que a criação é espiritual em vez de material, mas a Sra. Eddy está nos convidando a admitir que a ciência também é espiritual em vez de material. Para alguns, isso talvez possa parecer como um salto impossível de se dar. As pessoas talvez possam começar a perceber a natureza mental das coisas, mas daí a admitir que a ciência seja verdadeiramente espiritual, isto é, que exista uma ciência divina que resolve todas as questões, é algo mais profundo.
Laurence Doyle: Além do mais, a Sra. Eddy disse que é "passível de comprovação". As curas de Jesus comprovaram a verdade final sobre a criação, e somente tal prova pode resolver o debate.
Nathan Talbot: Talvez seja por isso que podemos dizer que Jesus verdadeiramente foi "o homem mais científico que já palmilhou a terra" (Ciência e Saúde, p. 313), porque ele realmente provou a natureza espiritual das coisas. Ele nos convidou a fazer também o que ele provara: “Em verdade, em verdade vos digo, que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará...” (João 14: 12).
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Jesus penetrava por baixo da aparência superficial dos sentidos, e é isso o que os cientistas devem fazer.
Há alguns anos, tive o que parecia ser pneumonia galopante. A certa altura, quando estava bastante debilitado, ficou realmente muito claro para mim, que o Espírito, não a matéria, era minha verdadeira substância. Fiquei curado instantaneamente, os sintomas da doença desapareceram naquele momento. Cristo Jesus estava certo. Sua vida de espiritualidade mostrou o caminho a ser seguido, por mim e por qualquer pessoa, a fim de provarmos a harmonia da realidade espiritual.
Laurence Doyle: Ele penetrava por baixo da aparência superficial dos sentidos, e é isso o que os cientistas devem fazer. As pessoas começaram a descobrir a ciência quando começaram a sobrepor a evidência da inteligência sobre a dos sentidos. A partir daí, elas começaram a mudar sua atitude: “É, parece que a terra é plana, mas vou optar pela evidência da inteligência sobre a aparência física”, e assim começou a era científica. Além disso, uma vez que enveredamos por esse caminho, aprendemos que o sol não gira em torno da terra, e isso levou a uma completa revolução científica. A partir daí, podemos ver aonde isso vai nos levar, para o lugar onde a evidência da inteligência é tudo e a evidência dos sentidos é completamente descartada.
Nathan Talbot: Talvez o fato verdadeiramente maravilhoso a respeito dessa revelação, seja o de que ela faz com que todos nós nos tornemos cientistas, no sentido relativo ao Cristo, em nossa capacidade de provar a realidade universal de Deus e Sua bondade. Além disso, provar a incontestável bondade de Deus seria a resposta final à questão da teodicéia.
Warren Bolon: Em uma reportagem de jornal sobre as teorias do design inteligente e da evolução, um cientista do Instituto Smithsonian foi citado quando disse: “Uma das regras da ciência diz que nenhum milagre é permitido. Essa é uma premissa fundamental a respeito do que fazemos” (“Ao explicar a complexidade da vida, Darwinistas e céticos entram em choque” [The New York Times, 22/08/2005]). Ele está argumentando contra a noção de que Deus, às vezes, intervém em um mundo material.
Nathan Talbot: Poderíamos concordar: “Nenhum milagre é permitido”. Isso é perfeitamente compatível com a lei divina.
Laurence Doyle: A Sra. Eddy define milagre como: “Aquilo que é divinamente natural, mas tem que ser aprendido humanamente...” (Ciência e Saúde, p. 591). Não existe nada chamado milagre no universo científico, mas existe algo chamado ignorância humana sobre as leis verdadeiras do ser. Quando Jesus curava o doente, por exemplo, desafiava o conceito limitado das pessoas sobre o possível. O que ele fazia era miraculoso para o pensamento humano ignorante, mas era natural pelas leis espirituais do universo.
Certa ocasião, quando estava na floresta amazônica, me alimentava com a comida local e nadava no rio o dia todo. Uma noite, fiquei muito doente. Consegui chegar até um telefone, mas a Praticista da Christian Science, a quem chamara pedindo que orasse por mim, não conseguia me ouvir claramente devido à má conexão. Ela apenas disse: “Está bem, meu caro! Trabalharei agora mesmo!” Bem, antes que voltasse para a cama, percebi que não tinha mais vontade de me deitar.
Tive uma sensação de segurança e de paz profunda, tal como quando a luz do sol dissipa a neblina da estrada no amanhecer, só que, mais rápido. Estava completamente curado. Portanto, esse era um “milagre” bem tangível. Como poderia uma praticista em San Diego, no estado da Califórnia, curar uma pessoa em Manaus, no Brasil, a milhares de quilômetros de distância, instantaneamente? A única explicação é que foi a Mente divina sempre presente que fez a cura, de acordo com a lei espiritual, revelando o que sempre foi verdadeiro, isto é, a realidade natural da saúde como meu verdadeiro ser.
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O sentido espiritual nos erguerá acima dos erros do sentido material e verá a realidade espiritual, não ao lado de uma realidade material, mas aqui mesmo, substituindo a realidade material.
Nathan Talbot: Se confiássemos nos sentidos físicos, então um conceito Darwiniano de realidade poderia facilmente prevalecer porque, apoiado pelo pensamento secular no mundo, parece que foi isso o que aconteceu. É somente pelo sentido espiritual que descobriremos nosso caminho para fora dessa guerra entre a seleção natural e a crença de que Deus tenha criado a matéria. O sentido espiritual nos erguerá acima dos erros do sentido material e verá a realidade espiritual, não ao lado de uma realidade material, mas aqui mesmo, substituindo a realidade material.
Laurence Doyle: É como se argumentássemos sobre números romanos contra números arábicos, perguntando: “Qual é o número verdadeiro?”. Os números não são criados por seus símbolos limitados, pois eles são mentais. A matemática sempre foi mental, pois é uma idéia. Além disso, a criação é a evolução de idéias inteligentes, como uma expressão contínua do Princípio ou Fonte do universo.
Nathan Talbot: Embora o design inteligente realmente se esforce em colocar Deus de novo no cenário, seu aspecto negativo é que essa teoria talvez faça com que a religião evite ter de enfrentar a questão sobre se a realidade é material ou espiritual. Além do mais, se adotarmos a perspectiva de que ela seja material, voltamos à questão da teodicéia: “Deus é realmente responsável por todo o mal?”
Se formos forçados a descobrir que a realidade é espiritual, então encontraremos uma resposta para a teodicéia. Por outro lado, se adotarmos o design inteligente como nosso senso de realidade, de fato colocaremos Deus de volta no cenário, mas ainda ficamos com enormes problemas em definir o quão amoroso Deus é em realidade.
Laurence Doyle: A evolução talvez possa vencer a batalha no que concerne à educação, ou seja, como interpretar os fósseis, a geologia e as medidas de tempo da paleontologia. Mas, ao excluir a inteligência espiritual, os evolucionistas se colocaram em um beco sem saída. Além disso, a física, que hoje em dia lidera os debates sobre a natureza da realidade, no momento está sendo posta de lado pelos cientistas não-físicos, que, em grande parte, parecem estar simulando que a matéria seja uma realidade objetiva. Acho que um debate interessante dentro da comunidade científica ocorrerá em breve.
Nathan Talbot: Você acha que, considerando-se a evolução, o pensamento se desenvolverá até chegar ao ponto de aceitar o primeiro capítulo do Gênesis, ou seja, a realidade espiritual? Ou terá de ocorrer um despertar no pensamento, ao invés de um raciocínio passo-a-passo para entender o primeiro capítulo do Gênesis?
Laurence Doyle: A razão funciona muito bem se estiver fundamentada na premissa correta. Mas, se começamos com a premissa incorreta, podemos usar a lógica e, ainda assim, chegar a uma conclusão completamente incorreta. Portanto, acho que tem de haver uma revelação inicial ou inspiração, sobre o que realmente é a base da realidade.
Nathan Talbot: Esta é a solução, ou seja, encontrar a premissa correta. Uma vez que adotarmos o segundo capítulo do Gênesis como premissa, provavelmente vamos ter uma longa batalha sobre inúmeras teorias limitadas. Uma mudança de pensamento, ou o poder do Cristo despertando o pensamento para começar a admitir o significado, as possibilidades e mesmo a realidade do Espírito, como sendo a substância da existência. Essa será a grande bênção.
Laurence Doyle: A revelação, a razão e a demonstração são todas necessárias, como nos indicou a Sra. Eddy: a revelação para a premissa; a razão para a estrutura e a demonstração para comprovar cientificamente que a razão e a revelação foram completamente compreendidas.
Warren Bolon: Como você disse, a atual controvérsia não é apenas sobre conflitos entre teorias que competem entre si, mas também entre o que as crianças estão aprendendo nas escolas.
Nathan Talbot: Um ponto conflitante é o que envolve aquilo que desejamos que nossos filhos acreditem. Queremos que eles acreditem, como alguns diriam, em um fato científico? Ou queremos introduzir pontos de vista religiosos, alguns dos quais podem estar sendo contestados? Essa é uma questão profundamente importante. Podemos ver a validade desse questionamento em ambos os lados, porque muitas pessoas sinceras não querem ver seus filhos totalmente separados de Deus na escola. Contudo, eles querem que os filhos compreendam a lógica da ciência.
Laurence Doyle: ovamente, o fundamentalismo dos dois lados da controvérsia freqüentemente insinua que tudo já está compreendido sobre a criação e a vida, e sobre sua origem. É importante introduzir um pouco de humildade no sistema educacional e dizer: “Está bem, realmente ainda não compreendemos completamente a vida. Vamos retroceder alguns passos e ter um pouco de humildade”.
Percebo, dentro da comunidade científica, uma violenta oposição a respeito do ponto de vista dos criacionistas e dos adeptos do design inteligente, mas sinto que os cientistas estão sendo atraídos a um debate que poderiam evitar. Talvez fosse melhor tomar esta atitude: “Vamos tomar uma posição científica, ou seja, a de que a origem das coisas está se desdobrando e que, finalmente, pelo método científico, compreenderemos o que a vida é”.
É uma questão de seguir o método científico que, por fim revelará a natureza da realidade corretamente, se fielmente aplicado, porque ele testa todas as teorias cientificamente; ou saja, com inteligência. Acho que esse processo, por si só, é sagrado. Portanto, em última análise, os temores do campo religioso, ou seja, de que Deus ficará de fora da criação, serão vistos como sem fundamento e, com certeza, descobriremos que Deus é muito mais do que percebemos atualmente.
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Necessitamos de humildade para recuar, ouvir e ser receptivo. Isso será necessário para começarmos a descobrir que a matéria não é a questão, mas, sim, que o Espírito é a realidade.
Nathan Talbot: Laurence, acho que um dos elementos básicos daquilo que você descreveu é a palavra humildade, porque sem ela, o pensamento ficará cada vez mais limitado. Quer sob a perspectiva da ciência ou da religião, necessitamos de humildade para recuar, ouvir e ser receptivo. Isso será necessário para começarmos a descobrir que a matéria não é a questão, mas, sim, que o Espírito é a realidade.
Jesus não via isso como uma teoria. Sua compreensão da realidade espiritual tornava possível que uma pessoa se levantasse da cama e caminhasse, ou que a mão ressequida de um homem ficasse sã, ou que uma febre desaparecesse ou que um pecador se libertasse. Esses são os resultados práticos de uma humildade que nos capacita a compreender a realidade do Espírito, ao invés de presumir a realidade da matéria.
Warren Bolon: Portanto, os pontos que vocês discutiram, ou seja, a criação como contínua revelação e não um evento físico, e a naturalidade das curas de Jesus, têm muito em comum: a constância. Ambas rejeitam a idéia de que Deus intervém em um mundo material. Ao contrário, Ele ordenou todas as coisas espiritualmente e o “milagre” é discernir essa ordem em nossa própria vida.
Nathan Talbot: O que é espiritualmente promissor sobre esse conceito de realidade é que ele é científico, tem credibilidade, é confiável; podemos estar certos de que ele cura. Sim, é tremendamente encorajador. A atual controvérsia não é apenas sobre o que deve ser ensinado nas escolas. Na escola da experiência humana, todos nós precisamos abrir o pensamento para o significado desse debate. Além disso, cada vez mais vidas espiritualmente fundamentadas, despertarão para a realidade de Deus. O debate é de importância vital.
Laurence Doyle: Também, não nos contentaremos com nenhuma conclusão até que a natureza dessas descobertas espirituais seja revelada. Queremos que o pensamento continue a ser estimulado, da melhor forma possível.
Fonte: O Arauto da Ciência Cristã, edição de abril de 2006. The Christian Science Publishing Society, todos os direitos reservados.
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