sábado, 27 de julho de 2013

PERSPECTIVA ESPIRITUAL INTER-RELIGIOSA SOBRE DESASTRE ECOLÓGICO


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Perspectiva espiritual inter-religiosa
 sobre desastre ecológico


John Dear


Um novo livro aborda um aspecto-chave da crise ambiental global: o esquecimento da natureza sagrada da criação e de como isso afeta a relação humana com o ambiente.

"Todo mundo sempre me disse que esse é um assunto encerrado, que vai acontecer, que é infantilidade querer protestar contra isso", disse Bill McKibben, fundador do grupo 350.org e um de principais ativistas ambientais norte-americanos, ao The New York Times, referindo-se ao próximo anúncio do presidente Barack Obama sobre se deve ou não seguir em frente com o destruidor oleoduto transfronteiriço Keystone XL, de 2.800 quilômetros de comprimento.


"Mas para mim ele nunca pareceu um assunto encerrado, porque é muito ilógico", continuou McKibben. "Esse é o petróleo mais sujo que alguém já conseguiu encontrar na face da Terra, e sempre me pareceu que, mesmo diante de uma escuta remotamente justa, as pessoas perceberiam isso".

Qualquer pessoa que esteja prestando atenção e se preocupe com a Terra e não com os lucros das companhias petrolíferas percebe que esse oleoduto será um desastre ambiental para a América do Norte e uma enorme ameaça para o clima global. Como o cientista da NASA e líder profético James Hansen disse a McKibben há alguns anos, o oleoduto Keystone XL será "o fim do jogo para o planeta".

Eu apoio plenamente os protestos em andamento contra o oleoduto Keystone XL, e espero e rezo para que o governo Obama faça a coisa certa e se recuse a seguir em frente com ele e tome decisões ainda mais duras para reduzir as emissões de carbono e de combustíveis fósseis, e para proteger a criação.

Essa será a conclusão de quem ler o sábio novo livro Spiritual Ecology: The Cry of the Earth [Ecologia Espiritual: O Grito da Terra], uma bela coleção de artigos inter-religiosos de alguns dos nossos maiores pensadores sobre o ambiente, a espiritualidade e as catastróficas mudanças climáticas. Os contribuidores incluem: Thich Nhat Hanh, Joanna Macy, Wendell Berry, o frei franciscano Richard Rohr, Brian Swimme, Thomas Berry, Vandana Shiva, Bill Plotkin, a irmã dominicana Miriam MacGillis e Winona LaDuke, dentre outros.

"O mundo não é um problema a ser resolvido; ele é um ser vivo ao qual pertencemos", escreve o editor Llewellyn Vaughan-Lee em sua introdução "O mundo é parte do nosso próprio 'eu' e nós somos uma parte da sua totalidade sofredora. Enquanto não formos à raiz da nossa imagem de separação, não poderá haver cura (...) 

Só quando os nossos pés aprenderem mais uma vez a caminhar de uma forma sagrada, e os nossos corações ouvirem a música real da criação, poderemos levar o mundo de volta ao equilíbrio".

Spiritual Ecology aborda um aspecto-chave da nossa crise ambiental global: o nosso esquecimento da natureza sagrada da criação e de como isso afeta nossa relação com o ambiente. Ele tenta articular a resposta espiritual ao desastre ecológico que provocamos e oferece muitas intuições estimulantes.
"Os sinos da conscientização estão soando", escreve o mestre budista Nhat Hanh. "Em toda a Terra, estamos enfrentando inundações, secas e incêndios maciços. 

O mar de gelo está derretendo no Ártico, e furacões e ondas de calor estão matando milhares de pessoas. As florestas estão desaparecendo rapidamente, os desertos estão crescendo, as espécies são sendo extintas todos os dias, e mesmo assim continuamos consumindo, ignorando os sinos a tocar".

"Precisamos de um despertar coletivo", continua Nhat Hanh. "A maioria das pessoas ainda está dormindo. Todos nós temos um grande desejo de sermos capazes de viver em paz e de ter uma sustentabilidade ambiental.

O que a maioria de nós ainda não tem são formas concretas para tornar o nosso compromisso com uma vivência sustentável uma realidade em nossas vidas cotidianas. É hora de que cada um de nós se desperte e tome uma ação em sua própria vida. Se despertarmos para a nossa verdadeira situação, haverá uma mudança na nossa consciência coletiva".

"Estamos passando de uma era dominada por Estados-nação concorrentes para uma era que está dando à luz uma civilização planetária multicultural sustentável", escreve Mary Evelyn Tucker e Brian Swimme.

"Nunca poderá haver paz no mundo enquanto você fizer guerra contra a Mãe Terra", escreve o chefe Oren Lyons da Nação Onondaga. "Fazer guerra contra a Mãe Terra é destruir e corromper, matar, envenenar. Quando fazemos isso, não temos paz. A primeira paz vem com a sua mãe, a Mãe Terra".

"O sonho de um planeta infinitamente expansível posto inteiramente à nossa disposição sempre foi apenas isto, um sonho, e ele está rapidamente se tornando um pesadelo", escreve a mestre zen Susan Murphy:

"A mudança tumultuada em grande escala cresce cada vez mais, provavelmente junto com cada dia de normalidade. A única pergunta é que forma ela irá tomar, que ordem de choques climáticos e crises políticas vai começar a agitar e desmontar o nosso mundo, e como as pessoas vão reagir enquanto o mercado entra em colapso e a fonte de abundância evapora".

"Estamos vivendo naquele que certamente deve ser o momento mais assustador e apreensivo que já enfrentamos como espécie", continua Murphy. "Estamos frente a uma realidade em desenvolvimento que pode tanto condenar os seres humanos ao esquecimento, quanto nos inspirar para acordarmos para as nossas vidas de uma forma inteiramente mais interessante.

Um caminho que começa vivendo com sobriedade e criatividade com relação à crise do nosso planeta - não como um problema a ser resolvido através da engenharia de uma 'bolha' humana cada vez melhor e mais segura, mas como uma obrigação constantemente em desdobramento a começar a levar em consideração a reconstrução de nós mesmos como seres humanos ecologicamente despertos (...) Quando o que está em jogo é a vida na terra, todo o restante é distração".

"Eu não sei o que vai acontecer", confessa MacGillis, da Genesis Farm. "É uma grande tristeza. Permitir a dor de tudo isso em nossa psique - é demais. (...) O que estamos fazendo uns aos outros, e se poderemos possivelmente acordar a tempo (...) Você tem que fazer a sua pequena parte e você tem que ser muito, muito humilde e reconhecer que há limitações. E, mesmo assim, o amor que eu sinto pela vida - eu simplesmente quero que ele siga em frente! Isso é tudo o que me interessa".

"A Terra está passando por uma terrível devastação, que está sendo causada pela sociedade, pela cultura e por um modo de vida em que todos estamos envolvidos", continua ela. "Nós não estamos redimidos disso. Estamos implicados, estamos dentro disso. Nós precisamos de toda a sabedoria, de todo o apoio que possamos conseguir.

Precisamos uns dos outros... Também precisamos da capacidade de ver que o momento presente não é a palavra final, que sempre há a possibilidade de que possamos transcender as nossas próprias limitações - o planeta, a Terra, a sociedade podem fazer isso. É possível acreditar nisso e trabalhar nessa direção. Isso é tudo o que podemos fazer".

"A Terra e os seus sistemas de vida, dos quais todos nós dependemos inteiramente (assim como de Deus!), podem em breve se tornar aquilo que irá nos converter a um estilo de vida simples, à necessária comunidade e a um sentido inerente e universal de reverência ao Sagrado", escreve Rohr. 

"Todos nós respiramos o mesmo ar e bebemos a mesma água. Não há versões judaicas, cristãs ou muçulmanas desses elementos universais".

"Eu sei que não são mais as palavras, as doutrinas e os sistemas de crenças mentais que podem ou que irão revelar a plenitude desse Cristo Cósmico", conclui ele. "Esta Terra, de fato, é o próprio Corpo de Deus, e é a partir desse corpo que nascemos, vivemos, sofremos e ressuscitamos para a vida eterna. Ou tudo é parte do Grande Projeto de Deus, ou então devemos nos perguntar se algo realmente o é".

"Ao nível de sobrevivência que estamos nos aproximando rapidamente, as nossas tentativas de nos distinguirmos por diferenças acidentais e históricas, e por sutilezas teológicas - ignorando o claro 'pano de fundo' - estão se tornando uma perda de tempo quase blasfema e um desrespeito chocante para com a vida una, bela e multitudinária de Deus. Eu ainda acredito realmente que a graça é inerente à criação, e que Deus e a bondade ainda terão a última palavra".

Spiritual Ecology me ajuda a refletir sobre o nosso desastre ecológico atual e a futura catástrofe que estamos trazendo sobre nós mesmos, a meditar sobre essa realidade assustadora mediante a sabedoria das religiões do mundo e de alguns dos nossos melhores escritores espirituais.

Eu o recomendo àqueles que buscam entendimento espiritual à luz dessa catástrofe e a todos que estão tentando simplificar as suas vidas, protestar contra o oleoduto Keystone XL e contra outros atos destrutivos, e acordar para as necessidades da Mãe Terra.

"Lembremo-nos do nosso papel como guardiões da Terra, custódios dos seus caminhos sagrados e voltemos mais uma vez a viver em harmonia com os seus ritmos e leis naturais". Esse é o epílogo final do livro - uma boa oração para todos nós e um caminho a seguir.


Fonte: texto, traduzido por Moisés Sbardelotto - Instituto Humanitas Unisinos (IHU),  escrito pelo jesuíta norte-americano e ativista pela paz John Dear, indicado ao Prêmio Nobel da Paz pelo arcebispo anglicano Desmond Tutu. O artigo foi publicado no sítio National Catholic Reporter, 09 de julho de 2013.
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domingo, 21 de julho de 2013

SENHOR, EU NÃO SOU DIGNO DE QUE ENTRES EM MINHA CASA - LUCAS 7:1-10


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Comentário sobre relato bíblico:



Os estudos bíblicos se constituem numa vibrante área de pesquisa que publica de forma intensa. Isso se deve ao fascínio que os textos antigos exercem sobre os leitores contemporâneos, seja como texto de saber histórico, seja como texto que sempre se mostra aos leitores de forma renovada.

Por isso, a Bíblia é estudada numa riqueza de perspectivas, abordagens, métodos  e hermenêuticas. Ao interesse pelo texto bíblico soma-se a busca por sua origem, da mesma forma que pelos textos que lhe são vizinhos: os apócrifos, pseudepígrafos, os Manuscritos do Mar Morto. Afirmação de Gabrielle Boccaccini que leciona no Departamento de Estudos do Oriente Próximo da  Universidade de Michigan, E.U.A.


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Senhor, eu não sou digno
de que entres em minha casa
Lucas 7:1-10


Edmilson Schinelo



Uma longa viagem de Jesus e de seus discípulos, cansaço, fome... Chegaram a colher espigas em roça alheia, num dia de sábado (Lucas 6,1-5). Depois de curar muita gente (Lucas 6,6-11.18-19), de proclamar as bem-aventuranças (o que em Lucas acontece numa planície - cf.6,17.20-26), e de orientar seus discípulos, Jesus finalmente chega em casa, na cidade de Cafarnaum. 


Mal acabou de entrar na cidade e é procurado por lideranças judaicas da cidade (anciãos ou presbíteros). Eles vêm a pedido de um centurião romano, cujo servo está muito doente. Insistem que Jesus vá salvá-lo (Lucas 7,1-3).
O descanso fica para depois e Jesus se desloca, então, à casa do centurião. No caminho, amigos do centurião vão ao seu encontro com novo recado: Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres em minha casa... A frase nos é muito conhecida: uma palavra de Jesus bastaria para que a cura acontecesse, para que a salvação se realizasse (Lucas 7,6-7).
Jesus fica admirado com a fé do centurião, que é estrangeiro: Eu vos digo que nem mesmo em Israel encontrei uma fé como esta! (Lucas 7,9). E, sem que o texto mencione as palavras curadoras de Jesus, a cura acontece. A narrativa se conclui afirmando que ao voltarem para casa, os enviados encontraram o servo em perfeita saúde (Lucas 7,10).

Dois protagonistas marginais

Por motivos bem diferentes, Jesus e o centurião, os protagonistas do episódio, ocupam lugares marginais em seu meio. Jesus é profeta, consciente da situação de opressão vivida por seu povo, mas nem sempre bem aceito em sua própria terra. Ele mesmo havia afirmado: Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria! (Lucas 4,24).
O centurião, por sua vez, representava o poder colonizador e tirano dos romanos. Comandando a centúria (tropa romana de cerca de cem soldados), ele tem o papel de garantir a "ordem pública" e assegurar a cobrança dos tributos (em Cafarnaum, especialmente os impostos da pesca).
A serviço de Roma ou de Herodes Antipas, representa os interesses de uma pequena elite. Não é preciso muito esforço para imaginar o quanto a população local o rejeitava.
Na versão apresentada por Mateus (Mateus 8,5-13), é o próprio centurião que se dirige a Jesus. E tal como a legião de demônios (Marcos 5,12; Mateus 8,31), ele implora a Jesus. O representante das forças do império se dobra às forças do Reino.
Em Mateus, a fé do centurião é destacada (em contraste com a pouca fé dos israelitas). Mas também se destaca o poder de Jesus em relação ao do centurião.
De maneira diferente, o relato de Lucas, quer mostrar outra imagem do centurião: ele não se sente digno sequer de ir até Jesus, envia alguns dos anciãos dos judeus. E estes o apresentam como uma pessoa que ama a nação judaica. Teria até construído (ou mandado construir) a sinagoga da cidade (Lucas 7,5).
Sabemos que o evangelho de Lucas tem a tendência de amenizar o papel opressor dos romanos. É o único relato no qual até na cruz Jesus perdoa os soldados, porque não sabem o que fazem (Lucas 23,34). Mesmo assim, chama a atenção não só a fé, mas também a bondade do centurião, demonstrada pelo amor à população local e pela preocupação com o servo doente.
Se ele foi de fato tal pessoa, não teria sido bem visto pelo próprio império romano. Neste caso, teria feito a escolha de "estar à margem" pela maneira com que usou seus privilégios (sua fortuna ou sua autoridade).

Salvar uma pessoa para devolvê-la à escravidão? Ou outra masculinidade?

Bem mais à margem é a condição do jovem doente. O texto o apresenta inicialmente como um servo ou escravo (no grego, doúlos). Seria "vantajosa" a cura para que ele voltasse à condição de escravo? Que salvação seria essa? Que libertação lhe traria Jesus? Curar uma pessoa para devolvê-la à escravidão do império?
Parece ser outra a compreensão da comunidade lucana. Se, por um lado, a cura representa a antecipação do Reino definitivo, este Reino também se adianta pela forma com que é descrita a relação entre o centurião e seu servo. O texto afirma que ele o estimava muito (Lucas 7,2).
Não se trata, entretanto, de uma "estima" em função do valor financeiro ou laboral do servo. O termo é o mesmo utilizado pela primeira carta de Pedro ao falar de Jesus: a pedra rejeitada pelos homens, para Deus é a pedra preciosa (2Pedro 2,4). Trata-se de uma estima especial, um carinho precioso.
Qual seria a relação entre o centurião e essa pessoa? Não há como saber. De qualquer forma, não se trata de relação senhor-escravo. Isso fica mais claro quando os amigos transmitem o novo recado do centurião: Não sou digno de que entres em minha casa... Mas dizei uma palavra e o meu rapaz será curado (Lucas 7,7).

Quando faz uso da fala, o centurião não o chama de servo (doúlos), mas de "meu rapaz". O termo grego é "pais", que em outros contextos é traduzido por jovem, menino, criança e até filho (Lucas 8,54; João 4,51; 6,9). Para o centurião, a pessoa a ser curada é o seu rapaz, o seu jovem.
Como o texto usou antes e volta a usar depois o termo servo, é menos provável tratar-se aqui de criança ou filho. Não raramente, homens do mundo grego romano tinham consigo jovens ou servos em relação de grande amizade e companheirismo, às vezes também namoro.
Não é possível afirmar isso do texto. Mas é notável outro modelo de masculinidade: não nos é apresentada a imagem de um soldado tirano, violento, fazendo valer sua força e sua autoridade para conseguir seus interesses.
 Ao contrário, trata-se de um estrangeiro sensível à população local e muito mais ainda ao rapaz que está doente. Mais do que um servo, ele tem um companheiro. Mesmo em meio a sistemas tiranos, novas relações são possíveis!
Mais uma vez, um estrangeiro "pagão" é apresentado como modelo de fé e de bondade: compromisso solidário também assumido pelo samaritano (Lucas 10,29-37), apresentado a nós hoje como convite e desafio.
Tal como o centurião, sejamos capazes de, pela confiança e pelo jeito de vivermos novas relações, despertar a admiração de Jesus (Lucas 7,9).


Fonte: Edmilson Schinelo, assessor do CEBI - Centro de Estudos Bíblicos, São Leopoldo, RS, Brasil.


Nota: O  texto, Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa - Lucas 7:1-10, não representa necessariamente a opinião deste blog, nem das igrejas do Movimento da Ciência Cristã. Foi publicado para  refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia em seu contexto histórico, nas dimensões política, social, cultural e econômica. Conforme recentes  descobertas sobre fatos nela registrados e opinião de estudiosos do texto bíblico,  com o objetivo de alcançarmos o significado espiritual das Escrituras.

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quarta-feira, 17 de julho de 2013

A CURA POR MEIO DA COMPREENSÃO DA TOTALIDADE DE DEUS.


A Cura por meio da compreensão
 da totalidade de Deus




A habilidade de demonstrar a Ciência Cristã vem com o estudo e a prática da verdade ensinada por Cristo Jesus e revelada em Ciência e Saúde de autoria de Mary Baker. Esta série aborda algumas maneiras de aplicar essa verdade.


Um artigo de fé básico na religião judaico cristã é a unicidade e totalidade de Deus. A Bíblia apresenta a Divindade dizendo: “Não encho eu os céus e a terra?” 1 e “Eu sou Deus e não há outro.” 2
É um fato evidente por si mesmo que, por que Deus é Tudo e Deus é bom, em realidade não pode haver nada — nenhum elemento, poder, presença ou objeto — em todo o universo, que não seja bom. Em verdade, não há mal, discórdia, moléstia, pesar, estagnação, dor, pois tudo é Deus e Sua criação.
Tudo é Vida e Amor eternos e Seu universo é perfeito. Não há mortal pecador, uma vez que Deus, a Mente imortal, é o único Princípio criador e governante. Não há maldade, falta de inteligência, deterioração ou decomposição, porque Deus, o Espírito infinito, é Tudo-em-tudo.
A totalidade de Deus implica a plenitude e a unidade perpetuamente perfeita, do universo espiritual como um todo. E cada identidade individual neste universo é completa e perpetuamente perfeita.
A totalidade de Deus elimina a possibilidade de ruptura, fragmentação, deslocamento ou carência — falta de inteligência, de substância, de atividade, de unidade ou de coerência. A harmonia é a lei da Verdade, e a discórdia é uma mentira. O mal é uma crença errônea, sem fundamento ou existência real. Só o bem existe e é a Mente inteligente e perfeita.

A Ciência Cristã mostra que, à medida que conscienciosamente compreendemos a totalidade de Deus, há de ocorrer inevitavelmente a cura, tanto para nós como para outros.
Guardar o primeiro mandamento no seu profundo significado espiritual, reconhecendo só a presença, o poder, a atividade e a autoridade de Deus, considerando só a existência de uma Mente divina e única, e sua manifestação perfeita — elimina os dolorosos pensamentos mortais que fomentam a moléstia e a morte.
Cristo Jesus baseou seu ministério de cura na compreensão da onipotência e da onipresença de Deus. Hoje em dia seus seguidores podem curar por meio da mesma compreensão crítica. A Sr.a Eddy escreve: “A lei de Deus detém e destrói o mal em virtude do fato de que Deus é Tudo-em-tudo.” 3

1Jeremias 23:24;  2 Isaías 46:9;  3 Não e Sim, p. 30.

Fonte: "O Arauto da Ciência Cristã" edição de março de  1976. The Christian Science Publishing Society, todos os direitos reservados. 

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Conheça a Ciência Cristã lendo 
Ciência e Saúde com a Chave da Escrituras   
de  Mary Baker Eddy. 
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domingo, 7 de julho de 2013

A COMUNHÃO


A comunhão

CRISTINA PAULI TRENTINI

Os cultos de comunhão nas filiais da igreja de Cristo, Cientista, celebram-se duas vezes ao ano (no segundo domingo de janeiro e de julho). Nesses cultos, logo após a leitura da Lição Sermão constante do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, o Primeiro Leitor convida a congregação a ajoelhar-se em comunhão silenciosa. Segue-se então a repetição audível da Oração do Senhor; a seguir, a congregação se levanta e canta em conjunto a Doxologia 1 em louvor e gratidão a Deus. Nenhum símbolo material é usado, além do ajoelhar-se em humildade e reverência ao Cristo.
Convém lembrar que o estar em comunhão com Deus independe de lugar ou de hora. Deus é onipresente. Foi num momento de comunhão com Deus que a Sr.a Eddy, essa seguidora fiel dos ensinamentos de Cristo Jesus, restabeleceu-se instantaneamente das conseqüências de um sério acidente. Em sua obra principal, o livro Ciência e Saúde, dedica ela um capítulo inteiro ao tema “Reconciliação e Eucaristia”.
Referindo-se ao sacramento da Eucaristia, diz ela: “Perde-se espiritualmente o verdadeiro significado do sacramento se este se restringir ao uso de pão e vinho.” 2  E mais adiante, no mesmo capítulo, acrescenta: “Nossa Eucaristia é a comunhão espiritual com o único Deus. Nosso pão, «que desce do céu», é a Verdade. Nosso cálice é a cruz. Nosso vinho é a inspiração do Amor, o trago que nosso Mestre bebeu e recomendou a seus seguidores.” 3
Nesse mesmo capítulo, ao explicar a questão da reconciliação, ela expõe claramente qual foi a missão do Mestre. Diz ela: “Jesus ajudou a reconciliar o homem com Deus, dando ao homem um conceito mais verdadeiro do Amor, o Princípio divino dos ensinamentos de Jesus, e esse conceito mais verdadeiro do Amor redime o homem da lei da matéria, do pecado e da morte, pela lei do Espírito — a lei do Amor divino.” 4
O fato de que os ensinamentos de Jesus ainda são aplicáveis hoje em dia, que eles podem trazer cura e redenção ao homem, ficou-me comprovado na seguinte experiência, que considero ter-se tornado meu mais belo momento de comunhão com Deus.

Era domingo, estava na hora de ir à igreja e me sentia indisposta. Havia dias eu vinha lutando com uma forte dor nas costas. Não conseguia sentar-me confortavelmente, nem dormir na posição costumeira. Hesitava em ir à igreja, receosa de não conseguir permanecer lá durante todo o serviço. Por fim decidi-me a ir, mas lá chegando sentei-me de modo a poder sair a qualquer momento sem causar transtornos aos demais presentes na congregação.
Iniciou-se o serviço dominical e chegou o momento da oração silenciosa. Senti o desejo de orar, e orei com altruísmo pelo bem de todos, não buscando obter favores divinos para mim.
O culto prosseguiu na ordem estabelecida para as filiais da Igreja de Cristo, Cientista, e veio o momento em que o Primeiro Leitor passou a ler o segundo hino do dia. Tratava-se de um hino cujo poema original em inglês fora escrito pela Sr.a Eddy, o qual se intitula “O Amor” 5
Na medida em que as palavras eram lidas de púlpito, elas íam se transformando diante de meus olhos em vívidas cenas de afeto, proteção, regozijo, paz e união. Era como se eu estivesse assistindo a um ballet de harmonia, suavidade e bondade, mas não apenas como espectador, e sim como espectador e participante.
A princípio senti-me unida a toda a congregação. Já não havia ali amigos e conhecidos, e desconhecidos. Era como se todos nós fôssemos um só, em perfeita união. Depois um sentimento mais elevado, mais sublime, se apossou de meu pensamento. Aquele sentimento de união entre os homens se transformara em um sentimento de comunhão com Deus. Havia uma só Mente, Deus, e eu não estava separada dessa Mente. Não havia sensação material, mas somente a presença de Deus, o Amor divino, a manifestar-se, e a idéia espiritual, o homem, em perfeita harmonia com a Mente, o Espírito.
Eu havia tido um momento de comunhão com Deus, e estava curada. O ressentimento que eu antes abrigara, a inquietação e a dor que me vinham importunando, haviam  desaparecido por completo.
O modo como essa experiência toda se desenrolou traz ao meu pensamento estas palavras da Primeira Epístola de João: “Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus, e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.” 6
Primeiro me fora preciso reconciliar-me com os homens. Só depois é que a unificação com Deus tivera lugar, e ela trouxe consigo uma cura completa.

1 Hinário da Ciência Cristã, n° 1; 2 Ciência e Saúde, p. 32; 3 ibid., p. 35; 4 ibid., p. 19; 5 Hinário, n° 30; 6 1 João 4:7, 8.


Fonte: revista “O Arauto da Ciência Cristã”edição de outubro de 1975. The Christian Science Publishing Society - © 2013, todos os direitos reservados.


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Sobre Comunhão, neste blog, acesse:  COMUNHÃO TOTAL   EUCARISTIA .

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