segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A ESTRELA QUE GUIOU OS MAGOS

________________________________________________

 

Bom Natal!

A estrela Guia_ original pintada com a boca_KYRIACOS KYRIACOU

“A estrela guia” – original pintado com a boca por Kyriacos Kyriacou 

 

“A estrela de Belém é a estrela de todas as épocas, a luz do Amor […].”

 Mary Baker Eddy

 ________________________________________________

 

A estrela que guiou os magos

 

Celebração do Natal

Não se conhece a data exata do começo da celebração do Natal. Costuma-se afirmar que o Papa Silvestre I (314-337) foi o primeiro a incentivar a celebração do Natal. Há textos que falam de comemoração do Natal no fim  do pontificado desse Papa, em 336. Parece ter sido o Papa Júlio I (341-352) quem tornou oficial essa festa. Como se pode perceber, tudo leva a crer que a celebração do Natal, surgida em Roma, logo se espalhou pelo mundo. Em Constantinopla, é celebrada pela primeira vez no ano 379; em Antioquia, em 388.

 

 Origem da festa de Natal

No hemisfério Norte, o inverno coincide com o nosso verão (dezembro a março). Aqui, no começo do verão (dezembro), temos os dias com mais horas de sol. Amanhece cedo e anoitece tarde.

No hemisfério Norte é o contrário sol amanhece tarde e escurece cedo. Eles tem, portanto, poucas horas de sol. Mas nos primeiros dias de inverno, o sol vai ganhando preciosos minutos de escuridão. É como se o sol chegasse à fraqueza extrema e começasse a recuperar o terreno perdido, conquistando mais tempo a cada dia.

Adoração do Menino_Domenico Ghirlandaio

Adoração do Menino de Domenico Ghirlandaio

 

Na Roma antiga celebrava-se essa “recuperação” do sol que vai vencendo aos poucos as trevas. Era a festa do Sol Invencível. Os cristãos “batizaram” essa festa, pois para ele o Sol que vence as trevas é o Senhor Jesus, que fez brilhar sua luz na noite escura, conforme relata Lucas 2:8-9.

“Naquela região havia pastores, que passavam a noite nos campos, tomando conta do rebanho. Um anjo do Senhor apareceu aos pastores; a glória do Senhor os envolveu em luz, e eles ficaram com muito medo.”

Eles se lembravam também que os profetas haviam anunciado o surgimento desse Sol. Por exemplo, Malaquias 3: 20a: “…para vocês que temem a Javé brilhará o sol da justiça, que cura com seus raios”. O próprio evangelho de Lucas proclama Jesus como luz: “Luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel” (2:23).

Nessa data (25 de dezembro) celebra-se também a festa de uma divindade pagã, o deus Mitra.

                                          Escultura de Mitra e o touro no Museu Britânico

 

Era uma divindade dos persas, protetora dos soldados, introduzida posteriormente em Roma, antes do nascimento de Jesus. O culto ao deus Mitra tinha semelhança com a religião cristã, por exemplo, o batismo. Outros sacramentos cristãos tinham aspectos semelhantes nos rituais de Mitra. 

 

Jesus é visitado pelos magos?

Os evangelhos que narram o nascimento de Jesus são Mateus e Lucas (1-2). Lucas  é o mais rico em detalhes acerca do nascimento. Mateus (1-2) tem textos próprios, que naram acontecimentos posteriores ao nascimento, como a visita dos magos, a fuga para o Egito e o retorno da Sagrada Família, estabelecendo-se em Nazaré. [Sobre este tema  consulte o texto  “Natal” na postagem “Reflexões sobre os festejos do Natal” de 20 de dezembro de 2011, neste blog].

A caminho de Nazaré_ original pintado com a boca_ FRANCIS CAMILLERIA caminho de Nazaré: original pintado com a boca por FRANCIS CAMILLERI

 

O episódio dos Magos só se encontra no evangelho de Mateus (2:1-12). A tradição popular os classifica, como reis, diz que são três, lhes dá nomes - Baltazar,  Melquior e Gaspar, e diz que estariam sepultados (em Colônia, na Alemanha).

Na verdade, se existiam não eram magos, mas astrólogos, não eram reis nem três, e não se sabe onde foram enterrados. O número 3 foi deduzido dos presentes dados ao Menino: ouro incenso e mirra.

 

Durante a Idade Média começa a devoção dos Reis Magos (e que são "baptizados"), tendo as suas relíquias sido transladadas no séc. VI desde Constantinopla (Istambul) até Milão.   Em 1164, com os três já  serem venerados como santos, estas foram colocadas na catedral de Colônia, (Alemanha), onde ainda se encontram.

                           Relicário do Reis Magos – catedral de Colônia

 

Em várias partes do mundo, há festas e celebrações em honra aos Magos. Com o nome de Festa de Santos Reis  há importantes manifestações culturais e folclóricas no Brasil.

Devemos aos Magos a tradição de trocar presentes no Natal.  Dos seus presentes dos Magos surgiu essa tradição em celebração do nascimento de Jesus. Em diversos países, como por exemplo os de língua espanhola, a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de janeiro, e os pais muitas vezes se fantasiam de reis magos. No Brasil e em Portugal, o evento é conhecido como Dia de Reis ou Epifania. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. [ Leia mais em  “Festejos de Reis” postado  em 03 de janeiro de 2012]

 

Catedral de Colônia

Fotocromo da Catedral de Colônia, tirada em 1890, dez anos após sua conclusão
Fonte: Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos

 

Alguns especulam acerca da estrela, como se seu aparecimento fosse fato real. E chegam à conclusão de que a estrela pudesse ter sido a conjunção de Júpiter e Saturno (7 a.C.), ou de Júpiter e Vênus (6 a.C.). Real ou simbólica? Eis a questão.

Pode ter sido  histórico constatável, mas quando o episódio foi registrados a estrela vem carregada de fé e de simbolismo das comunidades ligadas a Mateus. [Amplie seus conhecimentos lendo  “As três gerações do Cristianismo primitivo” e “O Evangelho Segundo Mateus” da postagem  “Festejos de Reis”   de  03  de  janeiro de 2012]

 

De fato, podemos descobrir nesta história uma porção de citações do Antigo Testamento, que fazem do relato uma colcha de retalhos ou, como quer alguém, um álbum de fotos antigas.

Em primeiro lugar, deve-se ter presente que naquelas regiões, a descoberta ou surgimento de uma nova estrela significava o nascimento de um rei. Isso coincide com Números 24: 17 Eu o vejo, mas não é agora; eu o contemplo, mas não de perto: uma estrela avança de Jacó, um cetro se levanta de Israel…”.

O tema do cetro – bastão de  comando do rei – traz a recordação de Gênesis 49:10 “O cetro não se afastará de Judá, nem o bastão de comando do meio de seus pés, até que o tributo lhe seja trazido e os povos lhe obedeçam” (compare com 2 Samuel 7:14). É preciso recordar que Jesus nasceu em Belém de Judá.

A expressão “até que o tributo lhe seja trazido” lembra  os presentes trazidos pelos reis dos judeus, em sintonia com Salmos 72: 10-11, 15 “Que os reis de Társis e das ilhas lhe paguem tributos. Que todos os reis de Sabá e Seba lhe ofereçam seus dons. Que todos os reis se prostrem diante dele, e as nações todas o sirvam! …Que ele viva, e lhe tragam o ouro de Sabá! Que por ele orem continuamente, e o bendigam o dia todo!”.

A expressão “povos lhe obedeçam” faz pensar nos “magos”  que se prostram diante do Menino Rei, e recorda Isaías 49:23  “Os reis serão para você tutores e as princesas serão amas-de-leite. Com o rosto por terra, prestarão homenagem a você, lamberão a poeira de seus pés, e você ficará sabendo que eu sou Javé, aquele que nunca decepciona quem nele confia” .  Compare essa citação com a do Salmo 72:11.

Agora compare tudo isso com este texto que Isaías (60:1-6) dirigiu à cidade de Jerusalém:

 “Levante-se  Jerusalém, pois chegou a sua luz, a glória de Javé brilha sobre você.

Sim, a treva cobre a terra, névoas espessas envolvem os povos, mas sobre você brilha Javé, e sua glória a ilumina.

Sob a luz de você caminharão os povos, e os reis andarão ao brilho do seu esplendor. Lance um olhar em volta e observe: todos esses que aí se reúnem vieram procurá-la. Seus filhos vêm de longe, suas filhas vêm carregadas no colo.

Então, bastará ver, e seu rosto se iluminará, seu coração parecerá explodir de emoção, porque estarão trazendo tesouros de além-mar, estarão chegando a você as riquezas das nações.

Uma grande multidão de camelos a invade, camelos de Madiã e Efa; de Sabá vem todo mundo, ouro e incenso é o que eles trazem, e vêm anunciando os louvores de Javé”.

Além disso, não podemos esquecer o texto de Miqueias 5: 2-4a, acerca do lugar em que nasceria o Rei descendente de Davi:

“Mas você, Belém de Éfrata, tão pequena entre as principais cidades de Judá! É de você que sairá para mim aquele que há de ser o chefe de Israel!

A origem dele é antiga, desde tempos remotos.  Pois Deus os entrega só até que a mãe dê à luz, e o resto dos irmãos volte aos israelitas. 

De  pé, ele governará com a própria força de Javé, com a majestade do nome de Javé, seu Deus. E habitarão tranquilos, pois ele estenderá o seu poder até as extremidades da terra. Ele próprio será a paz”.

Sem a pretensão de esgotar o assunto, notemos o seguinte:  quando os “magos” entram na casa, veem primeiro o Menino, e depois sua mãe. Não se fala de José. O segundo livros dos Reis, ao apresentar os reis de Judá – antepassados de  Jesus conforme a genealogia de Mateus – os cita e apresenta sempre junto com a mãe. Isso não nos sugere algo? [Saiba mais lendo  “Quem visitou Jesus primeiro? Os pastores ou os magos?” e “Magos em Belém: culturas diferentes à busca de Deus (Mt 2:1-12)”,  postado em Festejos de Reis neste blog, no dia 03 de janeiro de 2012 ]

 Finalmente, é interessante comparar o comportamento dos “magos” – que não se deixaram enganar ou cooptar por Herodes –  como comportamento do profeta do Sul diante do rei do Norte, Jeroboão, em 1º Reis 13:1-10. [Conheça este contexto histórico em  “Joás rei de Judá: uma contextualização histórica e geográfica”, postado em 03 de setembro de 2012]

E então, não é melhor entender simbolicamente o episódio?

 

Fonte: o texto  foi escrito por José Bortolini, publicado pela  Editora Paulus,  no livreto  Advento e Natal: 54 perguntas e respostas sobre o ciclo do Natal, 5ª edição – 2010.

 Nota: A estrela que guiou os magos” não representa necessariamente a opinião deste blog ou do Movimento da Ciência Cristã (A Igreja Mãe em Boston ou qualquer de suas filiais, sociedades ou grupos informais de estudos, existentes em diferentes países do mundo), foi publicado para refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia no contexto histórico, nas dimensões política, social, cultural e econômica em que seus relatos foram escritos. Conforme recentes descobertas sobre fatos nela registrados e a opinião de estudiosos do texto bíblico, como objetivo de alcançarmos o significado espiritual das Escrituras.

________________________________________________

 

PARA REFLETIR:

O pastor vigilante avista os primeiros tênues clarões da aurora, antes de surgir a plena radiação do novo dia.

Foi assim que a pálida estrela brilhou aos pastores-profetas; e assim atravessou a noite e chegou onde na obscuridade do berço, estava o menino de Belém, o arauto humano do Cristo, a Verdade, que iria esclarecer à compreensão toldada o caminho da salvação por Cristo Jesus, até que, através da noite do erro, despontasse a aurora e brilhasse a estrela-d’alva da Ciência divina, que ilumina o caminho da harmonia eterna.

Os Magos foram levados a ver e a seguir essa estrela-d’alva da Ciência divina, que ilumina o caminho da harmonia eterna.”  CS vii: 2-12

 

“Guiados por uma estrela solitária através das trevas, os Magos de outrora predisseram o messianato da Verdade. Acredita-se porventura no sábio de hoje, quando ele avista a luz que anuncia a aurora eterna do Cristo e lhe descreve o fulgor?” CS 95: 25

CRISTO. A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado.” CS 583: 12-13 

 

“Aquele que estão instruídos em Ciência Cristã alcançaram a gloriosa percepção de que Deus é o único autor do homem. A Virgem-mãe concebeu essa ideia de Deus, e deu a seu ideal o nome de Jesus – isto é, Josué, ou Salvador.” CS 29 : 14

DEUS. O grande Eu Sou; Aquele que tudo sabe, que tudo vê, que é todo-atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; Princípio; Mente; Alma; Espírito; Vida; Verdade; Amor; toda a substância; inteligência. CS 587: 6-9

 

 

“Por ter Jesus nascido duma mulher, seu advento na carne participou até certo ponto das condições terrenas de Maria, embora Jesus fosse, em   medida ilimitada, dotado do Cristo, o Espírito Santo. …Se sua origem e seu nascimento tivessem sido inteiramente diferentes da norma dos mortais, Jesus não poderia ter sido percebido pela mente mortal como “o caminho”.” CS 30: 5-8, 11  CS = Ciência e Saúde com Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy

_________________________

 _______________

 

 

c c-cover

Cristo e o Natal, poema da reverenda Mary Baker Eddy [ autor ] e James F. Gilman [ ilustrador ]. Boston: Edward N. Pearson,1ª  Impressão 1893. 11 ilustrações. A Cruz e Coroa e assinatura da Sra. Eddy são marcas registradas do Conselho de Administração da Ciência Cristã.  7ª  Edição Revidada de 1906.

 

Cristo e o Natal 03_ 1897Cristo e o Natal 02_1897Poema Cristo e o Natal   [verso nº 01 - 7ª Edição Revidada de 1906 ] de Mary Baker Eddy, ilustração  Estrela da Belém de James F. Gilman.

 

“A estrela de Belém é a estrela de todas as épocas, a luz do Amor que batiza hoje a religião imaculada, a Ciência divina, dando-lhe um novo homem e a pedra branca como sinal de pureza e permanência.”  Escritos Misceláneos 320:29-32  [tradução livre do espanhol]  Mary Baker Eddy

 

 

Christ and  Christmas_Capa livo_1897

Estrela da Manhã, ilustração [James F. Gilman]  da capa do livro Cristo e o Natal de

 Mary Baker Eddy, edição de 1897.

 

“Ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações […]  E dar-lhe-ei a estrela da manhã” Apocalipse 2: 26, 2

“Na Ciência divina, que é o selo da Divindade e leva a marca do céu, Deus se revela como luz infinita. Na Mente eterna não há noite. [Trevas dissipadas] CS 12: 1-3

CÉU. Harmonia; o reino do Espírito; governo pelo Princípio divino; espiritualidade; felicidade; a atmosfera da Alma. CS 587: 26

_________________________________________