terça-feira, 24 de julho de 2012

COMUNHÃO TOTAL

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Memorial Ucraniano_Parque Tingüi_Curitiba_PR_Brasil_Edésio Ferreira Filho

Parque Tingüi – Memorial Ucraniano: Curitiba, PR, Brasil.

 

 

COMUNHÃO TOTAL

 

                    Albert Nolan

 

No contexto atual, caracterizado pela busca do sagrado e pela sede de Deus, Nolan mostra que sem um enraizamento profundo na experiência de Deus, não teremos nada a dizer aos nossos contemporâneos e seremos impotentes diante dos desafios atuais.

 

Deus não só está mais perto de mim do que eu próprio, mas também é um comigo e com você. Há uma misteriosa comunhão total, ou ser um com, entre Deus e o nosso verdadeiro eu,  e a consciência dessa comunhão total ocupa o centro de qualquer experiência mística. É descrita de muitas maneiras diferentes: como Deus morando em mim, como eu estar cheio do Espírito de Deus, como união com Deus, como união de vontades, ou com qualquer coisa comparável à experiência de comunhão sexual, uma união de corpos.

Finalmente, porém, os místicos acham, sempre, todas essas descrições inadequadas. Daí que se encontrem descrições tais como a nossa deificação ou divinização, a nossa transformação em Deus*. Mestre Eckhart irá ainda mais longe ao dizer que a base de nosso ser é a mesma que a base do ser de Deus **. Lá bem no fundo somos um.

* A afirmação de Irineu sobre a deificação, “Deus tornou-se homem para que os homens possam tornar-se Deus”, tem sido citada por teólogos e autores espirituais ao longo dos séculos. Ver, ainda, 2Pd 1:4.

** Eckhart #13b, 117; e em muitos outros lugares.

Afirmações como essas deram origem a acusação de heresia. Estarão negando a diferença existente entre o Criador e a criatura, entre o Incriado e o criado, entre Deus e o mundo? O que importa, para a nossa prática espiritual de hoje, é que os místicos experimentaram uma comunhão, um ser um com Deus tão avassalador, que não há palavras, por muito exageradas que possam ser, capazes de descrever devidamente essa experiência.

De que serve a nós, então, a experiência de Jesus de ser um só com Deus? Aquilo que os discípulos e amigos de Jesus achavam tão extraordinário nele não era apenas o fato de ele tratar Deus como o seu abbá,  mas o fato de ele identificar-se com Deus.

Há uma forma possível de identificarmo-nos com Deus que é egocêntrica ao máximo. Mas isso se deve ao fato de ela ter por base uma imagem de Deus como ditador egocêntrico, que domina o mundo. Jesus identificou-se com um Deus humilde, compassivo, cheio de amor e de solicitude no serviço, e teve ousadia suficiente para falar e agir à semelhança desse tipo de divindade… isenta de qualificações.

Os discípulos e amigos de Jesus nunca tinham testemunhados nada de parecido. Durante anos, a partir de então, esforçaram-se para encontrar palavras que descrevessem a sua experiência de pessoa humana que parecia identificar-se plenamente com Deus. As gerações seguintes continuaram a esforçar-se ao longo de vários séculos de debate teológico. A nossa preocupação neste livro, porém, é conseguir encontrar uma forma de imitar Jesus, não de explicar quem ele é. Precisamos, para isso, desenvolver uma consciência mais profunda do nosso ser um com Deus.

Agua no deserto

 

 

Nós somos amados

A convicção básica de Jesus não era apenas de que Deus está próximo de nós, mas também de que Deus nos ama. Como já vimos, o amor incondicional de Deus constitui o fundamento da espiritualidade de Jesus. No entanto, se Deus é o mistério que engloba todo o resto, qual será o sentido desse amor para nós? Que quererá dizer que somos amados pelo mistério deslumbrante que está intimamente próximo de nós? Por ventura eu posso ser amado por um mistério, ou pelo mistério?

Posso começar por reconhecer que o mistério  em que vivo, me movo e existo não é, nem pode ser, hostil para mim. Eu faço parte do mistério. O mistério deu-me à luz. O mistério deve, portanto, estar mais preocupado comigo do que eu próprio e, se nós somos real e profundamente um, então eu não tenho nada a temer. Eu serei amado em cada momento e para sempre, em todas as circunstâncias. Nada poderá realmente fazer-me mal e, aconteça o que acontecer, será tudo para meu bem. Eu sou amado sem medida, porque sou um com o mistério total da vida.

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À medida que vou tomando consciência da proximidade  do mistério ao qual chamamos Deus, também me  torno consciente da impossibilidade de ser odiado e rejeitado. Se o mistério de tudo o que existe me odiasse e rejeitasse, estaria a odiar-se e a rejeitar-se a si próprio. Assim como eu sou desafiado a amar o meu próximo como a mim mesmo, também posso chegar a reconhecer que Deus me ama como o próprio eu de Deus. Nós somos, em certo sentido misterioso, um só. 

 

Albert Nolan nasceu em Cape Town (África do Sul) em 1934. Teólogo católico renomado desempenhou um papel significativo na luta contra o apartheid. Em 2003, foi agraciado com a Ordem de Luthuli, concedida pelo governo sul-africano por sua luta em prol de democracia e dos direitos humanos. O texto desta página faz parte do seu livro Jesus hoje: uma espiritualidade de liberdade radical – Edição Paulinas.

 

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Et tunc erit finis

(está tudo consumado)

 

O cristianismo somente tem sentido se mantiver viva a consciência de que é uma emergência a partir da presença do Filho do Pai em nosso meio, na força do Espírito e na permanente atuação do Pai. Ele ganha relevância na medida em que não deixa arrefazer o sonho de Jesus, guarda a memória de sua verba et facta, de sua gesta gloriosa e trágica, tenta concretizar o sonho em bens chamados do Reino, feito de amor, perdão, justiça, cuidado para com os pobres e total entrega ao Pai-Abba como quem se senta na palma da mão, mas principalmente se conseguir suscitar nas pessoas a consciência de que são, de fato e não metafóricamente, filhos e filhas no Filho do Pai e, por isso, irmãs e irmãs uns dos outros.

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Haverá dignidade maior que esta, a de sabermo-nos membros da família divina e de sermos também Deus, por participação?

 

Leonardo Boff foi professor de Teologia no Instituto Franciscano de Petrópolis, galardoado em 2001 com o Prêmio Nobel Alternativo da Paz, conferido pelo parlamento sueco. O texto selecionado para esta página é de seu livro Cristianismo: O mínimo do mínimo da Editora Vozes, 20011.

 

Nota: Os  textos COMUNHÃO TOTAL e ET TUNC ERIT FINIS  não representam necessariamente a opinião deste blog nem de nenhuma das igrejas do Movimento da Ciência Cristã. Foi publicado para  refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia em seu contexto histórico, nas dimensões política, social, cultural e econômica. Conforme recentes  descobertas sobre fatos nela registrados e opinião de estudiosos do texto bíblico,  como objetivo de alcançarmos o significado espiritual das Escrituras.

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PARA REFLETIR:

 

Criador. O Espírito; a Mente; a inteligência; o divino Princípio vivificador de tudo o que é real e bom; a Vida, a Verdade e o Amor auto-existentes; aquilo que é perfeito e eterno; o oposto da matéria e do mal, que não tem Princípio; Deus, que fez tudo o que foi feito e que não poderia criar átomo ou um elemento que fosse o oposto dEle mesmo. CS 583:2127

Jesus. O mais alto conceito humano e corpóreo da ideia divina, que repreende e destrói o erro e traz à luz a imortalidade do homem. CS 589:16-18

Cristo. A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado. CS 583:12-13

Deus.  O grande EU SOU; Aquele que tudo sabe, que tudo vê, que é todo atuante, todo-sábio, a tudo ama, e que é eterno; Princípio; Mente; Alma; Espírito; Vida; Verdade; Amor; toda a substância; inteligência. CS 587:6-9

Filhos. Os pensamentos e representantes espirituais da Vida, da Verdade e do Amor.  CS 582:29-30

Filho. O Filho de Deus, o Messias ou Cristo. O filho do homem, o rebento da carne. “O filho de um ano”.CS 594:16-17

 

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domingo, 15 de julho de 2012

RADICALMENTE LIVRE

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RADICALMENTE LIVRE

 

Albert Nolan

 

Para Gabrielle Boccaccini -  Departamento de Estudos do Oriente Próximo da  Universidade de Michigan, E.U.A., os estudos bíblicos se constituem numa vibrante área de pesquisa que publica de forma intensa. Isso deve-se ao fascínio que os textos antigos exercem sobre os leitores contemporâneos, seja como texto de saber histórico, seja como texto que sempre se mostra aos leitores de forma renovada.

Por isso, a Bíblia é estudada numa riqueza de perspectivas, abordagens, métodos  e hermenêuticas. Ao interesse pelo texto bíblico soma-se a busca por sua origem, da mesma forma que pelos textos que lhe são vizinhos: os apócrifos, pseudepígrafos, os Manuscritos do Mar Morto.

 

Radical significa chegar às raízes. A liberdade que Jesus experimentava chegava à próprias raízes do ser. Era a liberdade pela qual ele desafiava os seus discípulos a lutar, e é a liberdade que nos desafia hoje, nesta época em que nos encontramos à beira do caos.

Jesus era assombrosamente livre. Ele era capaz de contradizer declaradamente as ideias, costumes e normas culturais da sociedade em que vivia. Jesus interpretava as leis , sobretudo as  que  se referiam ao sábado, com toda a liberdade, e era suficientemente ousado para suplantar todas as tradições sagradas acerca do puro e do impuro. No âmbito dessa sociedade e sua religião, Jesus não tinha autoridade  alguma para fazer isso. O que ele tinha era a liberdade pessoal de fazer a vontade de Deus sem preocupar-se com aquilo que as outras pessoas pensavam ou diziam.

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  Baia da Babitonga, São Francisco do Sul, SC, Brasil.

 

Ele  tinha a liberdade de amar sem reservas, de amar também o mais pobre dos pobres como o jovem rico. Os piedosos ficavam escandalizados com o amor e a solicitude que ele demonstrava com as prostitutas. Os pobres deviam ficar estupefatos com a cordialidade com que ele tratava os odiados cobradores de impostos, que exploravam o povo. O fato de essas pessoas o chamarem de beberão e comilão não o impedia de comer e beber os alimentos e bebidas impuras dos pobres. De fato, até parece que ele se divertia com tais acusações (Mt 11:16-19).

A liberdade radical de Jesus tornava-o completamente destemido. Para expulsar os comerciantes e os cambistas do pátio do templo no auge das festas, quando as autoridades estavam em alerta máximo devido à possibilidade de ocorrência de motins ou rebeliões, Jesus teve certamente  de ter uma coragem extraordinária.

Jesus não tinha medo de ninguém. Quando o sumo sacerdote o interrogou acerca das acusações que lhe faziam, Jesus ficou calado (Mc:14:61). Tampouco mostrou medo de Pôncio Pilatos, o implacável procurador romano. Jesus tinha a liberdade de morrer, de desistir da sua vida pelo Reino. Ele não estava apegado a nada nem a ninguém, nem sequer à sua própria vida ou ao êxito de sua missão. A sua liberdade não tinha limites, porque a sua confiança em Deus também era ilimitada.

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A nossa liberdade

O resultado imediato de tentar viver a espiritualidade de Jesus  hoje é a liberdade. Nós aprendemos gradualmente a desprendermo-nos, a libertar-nos daquilo a que estamos apegados, a abandonar as nossas “muletas”, a ignorar a nossa necessidade de êxito e a libertar-nos das preocupações com a nossa reputação. Os medos, as preocupações, as obsessões e o comportamento compulsivo começam a dissipar-se à medida que vamos aprendendo a rir de nossos egos. Para alguns, o maior alívio de todos é a experiência de libertação do sentimento de culpa. Deus nunca usará os nossos erros para atacar-nos. Nós estamos perdoados. Nós somos livres.

A descoberta de verdade acerca de nós mesmos dá início ao processo de libertação pessoal. Descobrir a verdade acerca do mundo de hoje, um reconhecimento aberto e sincero daquilo que está acontecendo no mundo dos seres humanos e no universo em geral, pode ser uma experiência libertadora. A verdade nos libertará.

A experiência de comunhão total com as pessoas e com tudo o que existe no universo que temos explorado nesta parte do livro liberta-nos  da tirania dos nossos egos isolados. Podemos voltar a respirar. Podemos confiar em Deus e no universo, que fala de um Deus de amor. Podemos descontrair. Tudo resultará em bem e tudo se resolverá, como Julian de Norwich nos diz, de forma tão animadora. Nós somo livres.

A base da liberdade radical é a confiança. Nós nos tornamos livres à medida que vamos aprendendo a apreciar o amor de Deus por nós, que nos leva a render-nos e a colocar toda a nossa confiança em Deus. “Aqueles que confiam no Senhor renovam suas forças. Têm asas com águias” (Is 40:31). A confiança em Deus permite-nos ter uma abertura de espírito destemida, e ser livres para explorar novas vias de pensamento, não ortodoxas. Teremos até a liberdade de, por vezes, dizer com toda a honestidade: “Não sei”. Mais importante ainda será podermos dizer: ”Isso pouco importa”.

A liberdade interior que aprendemos de Jesus permite-nos   amar sem reservas, aceitando-nos tal como somos e aceitando todos os outros seres humanos – incluindo os nossos inimigos – tal como eles são. O processo gradual de desprendimento remove os obstáculos que nos impedem de amar e em breve descobrimos que temos a liberdade suficiente para amar todo o universo, à semelhança   de São Francisco.

Finalmente, a liberdade a que nos referimos permite-nos fazer tudo o que precisamos fazer em cada momento. Somo livres para falar sem medo, para exprimir as nossas ideias, para rir e chorar sem inibições, e para termos tanta humildade e capacidade de brincar como uma criança. Também nos liberta para desistir-mos de nossa vida em favor dos outros… se isso for necessário.    

 

 Albert Nolan nasceu em Cape Town (África do Sul) em 1934. Teólogo católico renomado desempenhou um papel significativo na luta contra o apartheid. Em 2003, foi agraciado com a Ordem de Luthuli, concedida pelo governo sul-africano por sua luta em prol de democracia e dos direitos humanos. O texto desta página faz parte do seu livro Jesus hoje: uma espiritualidade de liberdade radical.

 

Nota: O  texto RADICALMENTE LIVRE  não representa necessariamente a opinião deste blog nem de nenhuma das igrejas do Movimento da Ciência Cristã. Foi publicado para  refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia em seu contexto histórico, nas dimensões política, social, cultural e econômica. Conforme recentes  descobertas sobre fatos nela registrados e opinião de estudiosos do texto bíblico,  como objetivo de alcançarmos o significado espiritual das Escrituras.

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PARA REFLETIR:

Cristo - Cristo é a ideia verdadeira que proclama o bem, a mensagem divina de Deus aos homens, a qual fala à consciência humana. CS 332:9-11

Deus construiu uma plataforma mais elevada de direitos humanos, e a baseou sobre reivindicações mais divinas. Essas reivindicações não se fazem através de códigos ou de credos, mas pela demonstração de “paz na terra entre os homens” e de boa vontade para com eles. CS 226:20 

Ao discernir os direitos do homem não podemos deixar de prever o fim de toda opressão. A escravidão não é a condição legítima do homem. Deus fez livre o homem. CS 227:14-17

Cidadão do mundo, aceitai a “liberdade da glória dos filhos de Deus”, e sede livres! Esse é vosso direito divino. CS 227: 23-25

 

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domingo, 8 de julho de 2012

A REVOLTA DE CORÉ

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Conteúdo desta página

Comentário sobre relato bíblico:

   A REVOLTA DE CORÉ, DATÃ E ABIRAM: Números 16 e 17

Geografia bíblica: 

    RIO GIOM

Para refletir:

   - Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy

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Comentário sobre relato bíblico:

 

A REVOLTA DE CORÉ,

DATÃ e ABIRAM:   

Números 16 e 17

 

                                    Vicente Artuso

 

Números 16 e 17 -  trata-se de uma narrativa de conflito das lideranças(Nm 16) e do povo contra Moisés e Aarão (Nm 17), a qual termina com castigo dos revoltosos e a confirmação de Aarão como líder do povo. Essa narrativa deixa claro que sua intenção era atemorizar aqueles que ousassem ficar contra a autoridade de Aarão, o qual, nessa história, representa o sumo sacerdote pós-exílio. 

O enredo foi escrito do ponto de vista daqueles que estão no poder. E, ao contrário do que aconteceu em Ex 3:7-8, Deus aparece aqui do lado das autoridades e não escuta o clamor do povo. Enfim, as relações entre povo e lideranças mostram-se muitas vezes conflitantes, e nem sempre as soluções são justas e democráticas.

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Referência ao grupo que participou da revolta  de Coré

em Números 26: 33 e 27:1-7 

 

33.  …Zelofeade, filho de Hélfer, não tinha filhos, senão filhas.

1. Então vieram as filhas de Zelofeade,

2.  Apresentaram-se diante de Moisés, e diante de Eleazar, o sacerdote, e diante dos príncipes, e diante de todo o povo, à porta da tenda da congregação, dizendo:

3. Nosso pai morreu no deserto e não estava entre os que se ajuntaram contra o Senhor no grupo de Coré; mas morreu no seu próprio pecado e não teve filhos.

4. Por que se tiraria o nome de nosso pai do meio da sua família, portanto não teve filhos? Dá-nos possessão entre os  irmãos de nosso pai.

5. Moisés  levou a causa delas perante o Senhor.

6. Disse o Senhor a Moisés:

7. As filhas de Zelofeade falam o que é justo; certamente, lhes darás possessão de herança entre os irmãos de seu pai e farás passar a elas a herança de seu pai.

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Revelação de crise nas relações

entre povo e liderança

 

A  história da revolta de Coré, Datã e Abiram revelou fortes conflitos contra a autoridade e formas dramáticas de repressão a ponto de extinguir qualquer possibilidade de reação dos filhos de Israel que restaram do castigo.

A comunidade é organizada com líderes na base popular. Mas, como são classificados dentro de uma hierarquia, devem submeter-se a um poder centralizado que encontra sustentação no princípio de que o líder é o eleito que encontra sustentação no princípio de que o líder é o eleito de Deus.

A ideologia da santidade é interpretada como separação entre leigos, levitas e sacerdotes. Cada um desses grupos não pode violar seus espaço que delimita o campo de sua atuação. O sumo sacerdote é separado dentre os demais para aproximar-se de Deus sumamente santo e atuar no ministério da tenda do encontro como mediador entre Deus e a congregação.

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Nesse sistema, o culto se tornou instrumento para legitimar a posição e a função privilegiada do sumo sacerdote, o qual é colocado próximo de Deus e não deve ser ameaçado por murmurações e revoltas. Qualquer irregularidade fora dos espaços de atuação de cada ministério atrai a ira divina.

Essa era a ideologia dos membros da hierocracia[teocracia] pós-exílica para assegurar o governo sobre o povo. Somente a vara de Aarão, que representa o sumo sacerdote, é colocada na tenda do testemunho  (cf. Nm 17:25). Diante dele todos estão  prestes a perecer para sempre (cf. Nm 17:26-28). O final dessa história encontra uma semelhança significativa com o final do apólogo de Jotão, na voz do espinheiro que ameaça as árvores. Elas devem abrigar-se sob sua sombra, do contrário pode vir o fogo do céu e devorar até os cedros do Líbano(cf. Jz 9: 14-15).

Ninguém, por mais forte que seja, entre o povo (o cedro era a árvore mais forte) poderá enfrentar o poder do rei (espinheiro),  que invoca o fogo do céu para  queimar os insubmissos. Em nosso texto, a situação vivida pelos filhos de Israel no final da história também é  de submissão absoluta (cf. Nm 17: 26-28). A ênfase dada à debilidade dos filhos de Israel, sem força de reação, mostra como  o sumo sacerdote, simbolizado na vara de Aarão, tinha plenos poderes sobre a comunidade.

sacerdote

 

O poder parece consolidado sem perspectiva de mudança. Vence o grupo da instituição sacerdotal, na aposta sobre quem seria o escolhido.Tanto no relato do castigo de revoltosos, em 16:16-35, como em 17:9-15, Moisés e Aarão permaneceram sempre vivos na entrada da tenda do encontro e somente pessoas do povo pereceram como culpados. Portanto, na “queda-de-braço”, o poder dos grupos populares perdeu o confronto. Não se notam perspectivas de mudanças em favor de um diálogo com grupos de oposição ao poder. Os lideres de oposição foram aniquilados, permanecendo os filhos de Israel que sobraram muito enfraquecidos e vencidos pelo medo.

Do ponto de vista literário, Nm 16 e 17, inserido na parada do povo em Cades, forma um paralelo com Nm 12, que também apresenta a temática do conflito contra autoridade. Nm 16 e 17  e Nm 12 são textos que formam a moldura de Nm 13 e 14 que trata da revolta e conspiração do povo e morte daquela geração do êxodo. Esses blocos literários no centro da marcha do povo do Sinai, passando por Cades até Moab (cf. Nm 10; 21), relatam que a crise do projeto de uma sociedade mais igualitária do êxodo é essencialmente uma crise de autoridade.

Houve rebelião do povo em relação aos líderes Moisés e Aarão, como também Moisés e Aarão colocaram o projeto em crise, porque eles próprios se colocaram sobre a assembleia de YHWH (cf. Nm 16:3). Moisés é acusado de se transformar em príncipe totalitário sobre todos outros líderes (cf. Nm 16:13-14). Esse sistema revela características da dominação do Faraó, porque produz a morte no interior da comunidade. A situação é expressa na queixa irônica de Datã e Abiram contra Moisés: ”Nos fizeste subir de uma terra que mana leite e mel, para fazer-nos morrer no deserto?” (Nm 16:13).

O movimento da marcha do êxodo parou na crise de Cades, quando o povo não mais acreditava na autoridade de Moisés e também porque sua liderança se tornava um peso para alguns membros do povo.

Assim, o movimento que deveria avançar rumo à libertação acabou seguindo a direção contrária, retornando à situação de escravidão como no Egito. Moisés é acusado de se tornar príncipe sobre o povo  (cf. Nm 16:13). Aqui não foi o povo que pediu um líder para ser como as outras nações (cf. 1Sm 8:5). Na verdade foi o líder que adotou práticas autoritárias (cf. Nm 16:13b) à semelhança das nações que dominam.

Essa organização da comunidade é imposta por um grupo sacerdotal que se considera herdeiro  da promessa. Essa situação é vivida pela comunidade pós-exílica. Diante das revoltas do povo, o castigo é justificado por ideologias que culpam aqueles que se revoltam como os únicos responsávies pela crise, enquanto “o eleito” e seu grupo são imunes, pois estão mais próximos de Deus. É de Deus que o rei recebe o poder, e não do povo.

Por isso, qualquer revolta contra o rei é considerada uma revolta contra Deus, que o estabeleceu no poder, sem nenhum outro concorrente. Essa corrente teológica acaba por legitimar todos os atos do soberano sem o confronto com a comunidade, reproduzindo um sistema totalitário em nome de Deus. Isso contradiz o projeto do êxodo, pois acaba gerando escravidão, medo e morte.

No contexto mais amplo da marcha rumo à terra prometida, Nm 16 e 17 pode ser interpretado também como uma história de conflito de autoridade que nega a validade de forma autoritária de dirigir a comunidade por meio da repressão violenta contra os revoltosos. 

Com efeito, Nm 16 e 17 termina com a derrota absoluta dos opositores e a total submissão dos poucos que sobraram. E não consta nos relatos que houve paz no meio do povo, como se poderia esperar de um enredo de conflito-solução; o que houve foi pacificação com meios repressivos.  Esse detalhe desautoriza a prática autoritária para reprimir as revoltas. Com  efeito, os meios adotados para extinguir as revoltas contra autoridade foram apenas parcialmente eficazes. 

moises arao

 

Em Nm 20:2-3, o povo novamente voltou a revoltar-se contra Moisés e Aarão. A forma de repressão das revoltas ajudou a frear a marcha rumo à libertação e acentuou as crises. Nesse quadro sombrio da história, o povo não é livre, mas caminha sobre o regime do medo; os líderes maiores se colocam acima da assembleia; YHWH se revela ao lado dos líderes e contra aqueles que protestam. 

Trata-se de uma situação que destoa do projeto de uma sociedade mais igualitária conforme a proposta libertadora do êxodo. Nessa revolta quem venceu foi o mais forte; o mais fraco foi aniquilado, e aqueles que restaram se renderam enfraquecidos.

O leitor que se identifica com o grupo da resistência irá concluir que o medo venceu a esperança. Mas as medidas repressivas do castigo não devem ter aniquilados a força que ainda resta no meio do povo. A indignação ética mesmo oculta, em meio a grupos de menor expressão, poderá reiniciar nova luta, com a solidariedade dos dispersos que sobraram.

Se os fortes somam forças, os fracos criam outras forças e podem reagir a qualquer momento. Assim, uma leitura da história, na ótica dos grupos que se revoltaram contra Moisés e Aarão, revela a indignação ética dos oprimidos. Eles fazem valer seus direitos do povo liberto de se manifestar e de se levantar contra a postura autoritária dos líderes cuja prática era contraditória com os princípios de uma organização mais democrática. 

 

Vicente Artuso (1952), padre capuchinho, é  mestre em Ciências Bíblicas e doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica  do Rio (PUC-Rio, 2007),  autor de “A revolta de Coré, Datã e Abiram (Nm 16 e 17)”: Revelação de crise nas relações entre povo e liderança – Editora Paulinas, 2008.

 

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Geografia bíblica: 

 

Rio Giom

 De acordo com a Bíblia, o rio Giom  (na tradução de Almeida) rodeava a terra de Cush. Ele é o segundo dos quatro rios resultantes da divisão do rio que passava pelo Jardim do Éden, sendo os demais Pisom, Tigre e Eufrates.

Flávio Josefo identifica o rio Giom com o rio Nilo, e Pisom com o rio Ganges.

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Atualmente, não é possível identificar este rio com certeza. Não parece provável, pelo menos dum ponto de vista geográfico, que "a terra de Cuxe" mencionada aqui represente a Etiópia, conforme ocorre frequentemente em relatos posteriores.

Alguns lexicógrafos associam "a terra de Cus" de Gênesis 2:13 com os cassitas (em acadiano: kassu), um povo do planalto da Ásia central, mencionado em antigas inscrições cuneiformes, mas cuja história continua bastante obscura.

 

Bibliografia: Bíblia; Apostila de Geografia bíblica - ITB - Instituto Teológico Betel do ABCD; Estudo Perspicaz das Escrituras, volume 2, página 223.


Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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PARA REFLETIR:

 

GIOM(rio). Reconhecimento moral, civil e social dos direitos da mulher. CS 587:4

Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”; aniquila a idolatria pagã e a cristã – tudo o que está errado nos códigos sociais, civis, criminais, políticos e religiosos; estabelece a igualdade dos sexos; anula a maldição sobre o homem, e não deixa nada que possa pecar, sofrer, ser punido ou destruído. CS 340: 23

CS = Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras – Mary Baker Eddy

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segunda-feira, 2 de julho de 2012

EUCARISTIA

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Conteúdo desta página

HISTÓRIA:

Eucaristia

    - Domingo, Páscoa…

    - Batismo: a alegria da água

    - Sacramentum

PARA REFLETIR:

   - Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy.

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HISTÓRIA:

 

Eucaristia

 

Domingo, Páscoa […]

A maioria dos cristãos dizia reunir-se para “dividir o pão”.

 

 Já que Cristo ressuscitou em um domingo, faz sentido que fosse adotado pelos cristãos como um dia sagrado. No entanto, como o domingo era dia útil no Império Romano, os cristãos – a não ser os autônomos – tinham de deixar para rezar antes ou depois do horário de trabalho. O mais provável é que os serviços religiosos acontecessem quase sempre nos domingos à noite.

O serviço religioso incluía uma refeição. A maioria dos cristãos dizia reunir-se para “dividir o pão”, e em algumas congregações criou-se o costume de servir uma refeição especialmente para os pobres. Os fiéis gostavam de  encontrar comida e bebida, já que chegavam famintos, depois de um dia de trabalho árduo, geralmente braçal.

Com o passar dos anos, porém, a refeição evoluiu, de um meio de saciar a fome, para algo simbólico, restrito a pão e vinho ou água, quando precedido de jejum. A intenção era evocar a última ceia,   quando Jesus declarou que o pão era seu corpo, e o vinho, seu sangue, determinando que os discípulos comessem e bebessem em memória dele. Conhecida como Santa Comunhão, a ceia do senhor, a missa ou Eucaristia era uma cerimônia profundamente mobilizadora para os participantes. Naquela “refeição jubilosa” sentiam a verdadeira presença de Cristo entre eles. 

Santa-ceia

 

A Páscoa, a celebração anual da ressureição de Jesus, não se tornou logo uma data especial para todos os cristãos. Os cristãos de Roma, por exemplo, demoraram a aceitá-la, preferindo lembrar a Páscoa todo domingo. Mais para o Oriente, a igreja começou a celebrar a Páscoa anualmente, no mesmo fim de semana em que os judeus comemoravam o Pessach.

 

 

A palavra Pesssach significa ‘passar sobre’,  em hebraico. O nome da festa tem sua origem no seguinte fato: antes que ocorresse a décima praga do Egito, a morte dos primogênitos. D’us mandou os hebreus marcarem com sangue de ovelha o batente da porta de suas casas. Assim,  o anjo da morte passaria sobre as casas marcadas e as famílias hebreias seriam poupadas da praga  (Nossas festas: celebrações  judaicas, Ronaldo Wrobel  – São Paulo: Francis, 2007).

 

A data variava de ano para ano, já que era determinada pelo equinócio de primavera no hemisfério Norte e pela lua cheia, caindo entre 22 de março e 25 de abril. Chegou a acontecer de igrejas cristãs celebrarem a Páscoa com uma semana de diferença. Finalmente, em 525 foi alcançado um acordo, mas os mosteiros irlandeses não aderiram.

 

Batismo: a alegria da água

 O Batismo era um ato consciente, o compromisso de dedicar a vida inteira a seguir Cristo. 

 

 O  novo cristão se iniciava na igreja por meio da cerimônia da água – o batismo. O termo, de origem grega, significa “purificação”. Tratava-se de uma cerimônia cristã, e não judaica. As pessoas batizadas eram, na maioria, adulta, e a imersão simbolizava o sagrado contato com Deus, que não devia ser rompido. O dia em que Jesus, ainda jovem, foi batizado no rio Jordão por João Batista, significou o início de sua vida como profeta e mestre, tal como seus seguidores, que apontaram o momento do batismo como o começo de uma nova vida.

Os primeiros líderes naturalmente preferiram um curso de água corrente, como o rio Jordão, para batizar. Mas o cristianismo começou a ser praticado nas cidades, e haviam poucos rios caudalosos disponíveis. Portanto, aceitava-se o que a geografia da cidade permitisse. Segundo o estudioso Tertuliano, a água é a única substância perfeita: alegre, simples, pura pela própria natureza.

TERTULIANO

 

Como a igreja cristã se espalhava por muitos locais relativamente isolados, os costumes variavam. Em Alexandria, batizava-se com a água do mar, e o horário perfeito era o nascer do sol. Por volta de 259, a rotina estava bem estabelecida: ”quando o galo cantar, a pessoa encarregada do batismo deve tomar posição junto à arrebentação, à água pura e sagrada do mar”.   Em muitas cidades do interior, as cerimônias do batismo, antes realizadas à beira dos rios, foram transferidas para o interior das igrejas. Daí surgiu a água benta.

 

Vários líderes cristãos argumentavam que as pessoas falecidas antes de serem batizadas não entrariam no reino dos céus, pois o pecado “original” – que toda criança traz ao nascer – não tinha sido apagado. Eles defendiam a prática de batizar os bebês, mas muitos cristãos discordavam. Segundo eles, o batismo é um ato consciente, o compromisso de dedicar a vida inteira a seguir Cristo; então, com poderiam os bebês com uma semana de nascimento chegar a tal decisão? Esse foi um debate que não chegou a uma conclusão e foi retomado sob forte emoção, no século 16, na Alemanha e na Suíça.

Durante a cerimônia de batismo comumente praticada no ano 200, o bispo deveria fazer uma advertência ao demônio:”Foge, pois o  julgamento de Deus está perto!” Então, as pessoas que iam ser batizadas voltavam o corpo e o rosto em direção oeste, para que o demônio saísse. Em seguida, voltavam-se novamente para leste e recitavam uma oração.

. É praticamente certo que em Roma, no século  segundo, recitava-se o Credo. Ainda ouvida na maior parte das igrejas, a oração representa uma simples e ardorosa declaração de fé que termina assim: “Creio no Espírito Santo, na santa igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressureição da carne e na vida eterna.”

batismo1

 

Seguindo a cerimônia, os cristãos eram ungidos com um óleo docemente perfumado. Depois de vestirem roupas brancas e talvez colocarem uma coroa sobre a cabeça, estavam prontos para a bênção final. O bispo molhava o polegar em óleo perfumado e, com ele, fazia o sinal da cruz sobre cada sobrancelha de cada um, dizendo: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A paz esteja contigo”. Então, os recém-batizados seguiam em procissão pelo interior da igreja repleta de fiéis. Lá, participavam pela primeira vez da Santa Comunhão.

Houve um tempo em que a época considerada mais propícia ao batismo de adultos era a Páscoa. Nas cidades grandes, batizavam-se centenas de pessoas ao mesmo tempo. Para acomodá-las, às vezes eram projetados batistérios – uma construção circular ou octogonal, no centro da qual havia uma pia batismal, usualmente feita de mármore.

Esses batistérios, em geral, eram altos, mas poucos espaçosos. Alguns estão entre os prédios mais suntuosos da Itália. Quem consegue esquecer uma visita ao batistério de Florença ou aos dois mais antigos da Ravena - o católico e o ariano -  com suas cúpulas cobertas de mosaicos primorosos?

Igreja e Batistério de Florença

batiterio

Batistério de Florença

 

Fonte: Geoffrey Blainey, professor da Universidade de Harvard e da Universidade de Melbourne, autor de mais de 35 livros dentre os quais “Uma breve história do cristianismo” de onde foi selecionado este  texto.

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Sacramentum

 

Sacramentum é o nome dado a um dos rituais dentro da  religião romana antiga que se seguiam após o início das hostilidades militares contra os inimigos. Através dele os cidadãos da   Roma Antiga adquiriam legitimidade religiosa para se transformar em soldados. Em outra acepção, o termo foi utilizado para significar a quantidade de dinheiro usado em tribunais.

Apenas os que detinham o status de cidadão romano  estavam aptos para participar do ritual. De maneira geral, homens livres com aproximadamente dezessete anos de idade realizavam o juramento militar. Caso um escravo romano   participasse do ritual do sacramentum sem a permissão de seu senhor, seria passível de pena de morte.

Em alguns períodos da história romana, contudo, tal conduta foi flexibilizada, como no período das Guerras Púnicas, em que escravos foram libertados para realizar o sacramentum. Encontramos outro exemplo durante o governo do imperador Nero: ao não obter resposta de alguns cidadãos ao chamado militar, declarou livre parte dos escravos desses homens, invocando-os para a guerra.

soldado romano

 

Tito Lívio faz referência ao sacramentum realizado pelo exército romano durante o período da segunda guerra púnica. Segundo o historiador romano, o sacramentum implicava no dever de obediência dos militia às ordens dos cônsules. Um compromisso também era feito entre os companheiros de batalha, em que se ficava entendido que eles não se retirariam da luta, a menos que tivessem como objetivo se armar, atacar um inimigo, ou, ainda, salvar um cidadão romano.

 

JURAMENTO DO LEGIONÁRIO ROMANO

Roma, oh minha pátria...

Eu […], desejando alistar-me hoje nas fileiras da Legião Romana, e reconhecendo que por mim mesmo, prestarei serviço digno, encheis de vós força da união e honrada Roma, a fim de que os meus atos sejam sustentados pela vossa existência, tornando-me instrumento dos vossos soberanos desígnios, para bem do povo romano!

Reconheço também que, tendo eu vindo regenerar o mundo, glorificar pelo estandarte que atribuístes a mim, que sem ele não podemos conhecer-nos como soldados de Roma!

As vitórias serão pelos meus dons, virtudes e graças, que foram distribuídos no treinamento e querer representar a honra e a força da legião onde ingressei! As derrotas, um meio de aprender com meus erros para ser um mais completo soldado da minha Roma!

Reconheço, enfim, que o segredo do perfeito serviço legionário consiste na união total com a força de Marte e a benção de Júpiter que Vos está inteiramente unida.

Por isso, empunhando o estandarte da Legião que simboliza a nossos olhos todas estas verdades, apresento-me diante de Vós como soldado e filho de Roma, e proclamo a minha completa dependência d’Ela. À legião dou minha alma, para proteger o legionário que está ao meu lado. Repetimos as palavras de outrora: "Eis aqui um soldado de Roma"; e mais uma vez vindes, minha pátria, por Seu intermédio, operar grandes feitos!"

 

O ritual do sacramentum também tinha implicações jurídicas. Os soldados gozavam de certa imunidade legal, uma vez que deveriam ser julgados apenas em cortes militares, em que civis raramente ganhavam suas causas. O poeta Juvenal  satiriza esses benefícios advindos do juramento militar.

 

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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Nota: Os  textos Domingo, Páscoa…, Batismo: a alegria da água e  Sacramentum  foram publicados para  refletirmos sobre a importância do estudo da Bíblia em seu contexto histórico, nas dimensões política, social, cultural e econômica, com o objetivo de alcançarmos o significado espiritual das Escrituras.

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PARA REFLETIR:

 

Batismo. Purificação pelo Espírito; submersão no Espírito. Preferimos “deixar o corpo e habitar com o Senhor”. (2 Coríntios 5:8.) – Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de Mary Baker Eddy.

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