domingo, 19 de janeiro de 2014

A VIDA APÓS A MORTE: QUE DIFERENÇA FAZ?

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A vida após a morte: que diferença faz?

 

Michael D. Rissler

 

Os pontos de vista teológicos mudam. A preocupação com a eternidade, especialmente quando associada a um céu ou a um inferno longínquo, é, muitas vezes, minimizada diante dos incríveis prazeres e castigos terrenos.

Entretanto, homens e mulheres estão profundamente influenciados por sua concepção de vida eterna. O ideal de justiça e as considerações sobre o caráter e as decisões da nossa própria vida ainda estão no âmago de nossa luta por um mundo melhor.

Se a vida pudesse ser manipulada de tal modo que o céu e o inferno se tornassem meramente uma reação adiada para atos e omissões terrenas, então, bem poderia ser que consignássemos a preocupação com a vida após a morte para a obscuridade e deixássemos que "as coisas seguissem sua ordem natural".

Porém, se chegarmos a perceber que a vida sobrevive e excede as limitações da matéria, então, começamos a sentir espiritualmente um pouco da natureza divina da Vida, ou Deus. É essa Vida que sustenta a verdadeira habilidade para pensar, amar e agir de modo corajoso. Entender que a Vida divina, nossa Vida verdadeira, não finda, abre nosso pensamento à força espiritual que, antes de mais nada, solapa e finalmente vence o mal.

Certamente podemos ver esse poder em ação nos anais de Cristo Jesus. A Vida divina preservou a vida de Jesus, mesmo quando foi muito odiado e atacado. E a Vida divina deu-lhe poder para curar, até mesmo quando a doença parecia incontestável. Essa Vida divina deve tornar-se reconhecível e exequível para nós, aqui e agora, do contrário não percebemos a realidade divina que é a fonte desse poder. [Ilustração: A incredulidade de Tomé - Caravaggio]

Caravaggio_-_The_Incredulity_of_Saint_Thomas_Cópia                                                                                               

 

Uma epístola de João nos diz: "Deus é amor." Ele é também Vida. Deus é Vida onipresente. A totalidade de Deus é o que dá substância e valor à nossa vida. A Bíblia fala do homem como descendente de Deus, Sua imagem e semelhança espiritual.

No momento em que começamos a sentir a inerência e a premência dessa verdade, algo que já não pode ser impedido, começa a ocorrer em nossa vida diária. Nossa existência torna-se menos finita, nossa visão, menos limitada e, conscientemente, começamos a entrar no reino dos céus, onde as leis divinas governam até mesmo o detalhe externo aparentemente inconsequente das experiências humanas.

Essa ação espiritual transforma-nos. Cristianiza o propósito de nossa vida e mostra que, em última análise, não estamos submersos na matéria, prisioneiros de uma lei brutal e material.

O Apóstolo Paulo foi radicalmente transformado quando irrompeu em seu pensamento a realidade de que Deus era sua Vida. Mais tarde, escreveu: "Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus."

Essa era sua explicação metafísica para a nova vida que ele estava descobrindo em Cristo. Sua visão espiritual teve consequências práticas em suas atividades e decisões diárias. Disse ele: "O amor seja sem hipocrisia. Detestai o mal, apegando-vos ao bem. Amai-vos cordialmente uns aos outros.... Não torneis a ninguém mal por mal; esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens; se possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens.... Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem."

Os concisos vinte e um versículos do décimo segundo capítulo dessa carta aos cristãos de Roma são um compêndio sobre a vida eterna, ou seja, a vida após a morte, pois sustam os interesses mundanos aqui e agora.

Para o sentido espiritual, que testifica o valor eterno do homem como filho de Deus, a questão da vida após a morte está no centro de tudo. A forma como reagimos a essa questão configura nossa existência.

A fronteira finita da existência humana, chamada morte, que, para o sentido material, faz pressão para envolver tudo, como uma parede ameaçadora, pode ser transposta com a vida dedicada inteiramente a Deus, a Vida e o Amor divinos.

É a força espiritual dessa maneira de viver que sempre deu ao cristianismo vital a força para prevalecer diante da oposição e da materialidade, que termina em morte. Com essa transposição, surge a vida contida no Cristo, que cura a doença e vence o mal com o poder do bem que se estiver vivendo.

A Ciência do Cristo preserva o conhecimento de que a vida é eterna e que não pode ser destruída. Tal entendimento espiritual desenvolve a mentalidade espiritual que é atraída para as coisas de Deus, vida espiritualmente dedicada, amor altruísta, uma sede de maior compreensão espiritual, um desejo de curar e de servir ao sagrado propósito de Deus.

Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy, explica as consequências práticas decorrentes do apegar-se à vida imorredoura: "Um momento de consciência divina, ou compreensão espiritual da Vida e do Amor, é um antegozo da eternidade.”

Essa visão sublime, que se obtém e retém quando a Ciência do ser é compreendida, preencheria com a vida discernida espiritualmente o intervalo da morte, e o homem estaria na plena consciência de sua imortalidade e harmonia eternas, onde o pecado, a doença e a morte são desconhecidos". 1

Tal verdade faz alguma diferença, aqui e agora? Sim, torna os homens e as mulheres obreiros de Deus aliados da humanidade e revela nossa verdadeira natureza como Sua imagem espiritual, livre para expressar e sentir Sua bondade. Essa vida jamais morre, mas traz renovação de propósitos, de esperança e de saúde aqui na terra - agora.

1 Ciência e Saúde com Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, p. 598

 

Fonte: O Arauto da Ciência Cristã, edição de abril de 1990, número 04, volume 40. The Christian Science Publishing Society, todos os direitos reservados. 

 

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