segunda-feira, 3 de junho de 2013

A AÇÃO SOCIAL E O CIENTISTA CRISTÃO

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A ação social

e o Cientista Cristão

 
RUSSELL D. ROBINSON




 “...o estudo diário da lição bíblica, delineada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, com a leitura do Monitor. Tal estudo combinado compele a aplicar o desenvolvimento individual, obtido através da oração, às necessidades mais amplas da humanidade.

 
Até mesmo um pequeno grau de compreensão espiritual compele à atenção social, à responsabilidade social e à ação social. Uma crescente compreensão de Ciência Cristã nos leva, com naturalidade, a expandir os nossos horizontes até que a humanidade toda esteja incluída num só afeto sanador.

À medida que o Cientista Cristão obtém uma compreensão cada vez mais clara de que o reino de Deus já veio, de que o reino e a regra do Espírito é uma realidade presente “assim na terra como no céu” 1 , o ódio, a inveja, a cobiça, o preconceito e os ciúmes entrincheirados são desarraigados. Tudo o que no pensamento e na vida é dessemelhante a Deus cede lugar a uma compreensão espiritual ampliada.

O pensamento libertado das crenças e convicções obscurantes e limitativas está aberto a novas visões, a meios mais espirituais e morais de resolver os muitos e variados problemas da humanidade.

Quando as pessoas se afastam de pensamentos mesmerizados e voluntariosos e abrem seu pensamento à orientação divina, são levadas a dar cada um dos passos humanos necessários para melhorar o estado do gênero humano.

A atuação humana iluminada procede dessa base espiritual. Da altitude da compreensão espiritual podemos interessar-nos, mais significativa e proveitosamente, em atender de maneira curativa às necessidades humanas.

Desde o primeiro vislumbre que a Sra. Eddy teve da Ciência Cristã em 1866, até o seu clímax, a fundação do jornal diário The Christian Science Monitor, ela encontrou muitíssimos meios de dedicar-se à humanidade.

Os anos subsequentes viram seus alunos combinando o estudo diário da lição bíblica, delineada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã, com a leitura do Monitor. Tal estudo combinado compele a aplicar o desenvolvimento individual, obtido através da oração, às necessidades mais amplas da humanidade.

O Monitor relembra aos seus leitores as responsabilidades coletivas deles. Indica-lhes a necessidade da oração e da ação humana prática e iluminada que segue a oração.

O mundo necessita muitíssimo de cura. Tal como cada indivíduo necessita libertar-se da tríade do pecado, da doença e da morte, assim também a sociedade necessita ser curada coletivamente de seus pecados de preconceito e fanatismo, de suas moléstias de racismo e injustiça, de sua inação face às destruições da guerra e da poluição ambiental.

Problemas universais e desconcertantes, tais como pobreza, crime, deterioração urbana, suspeitas e inquietude por toda parte, e muitos mais, conclamam que cada um de nós faça a sua parte e realize a sua missão curativa.

Mas se nossa atividade humana não for precedida de oração, pode muito bem ser mal dirigida e inútil. Inversamente, se às nossas orações não se seguirem resultados sanadores, tornam-se um simulacro, um mero exercício mental.

Na mensagem escrita quando foi dedicado o prédio da Extensão de A Igreja Mãe, em 10 de junho de 1906, a Sra. Eddy, falando sobre o tema “Escolhei”, afirma incisivamente:

“A Ciência Cristã não é um habitante isolado em solidão real; não é uma lei da matéria, nem um transcendentalismo que cura apenas os doentes. Esta Ciência é uma lei da Mente divina, um alento persuasivo, um ímpeto infalível, um socorro sempre presente. Sua presença se faz sentir, pois ela atua e atua sabiamente, revelando sempre o caminho da esperança, da fé e da compreensão.” 2
 
No parágrafo subseqüente, ela fala na prática espontânea da Regra Áurea que se segue à perda da fé na matéria e no pecado, e em como tal obediência conduz a maior espiritualidade.

Em seu trabalho diário de cura, Cristo Jesus praticava espontaneamente a Regra Áurea. Por trás do quadro mortal, ele via o verdadeiro homem criado por Deus. Jesus amava o seu próximo, e amava-o o bastante para auxiliá-lo e curá-lo. 

E ele aconselhou seus seguidores a fazerem o mesmo.Respondendo a um intérprete da lei sobre a pergunta: “Quem é o meu próximo?” 3

Jesus proferiu a parábola de um homem que foi atacado, roubado e abandonado com muitos ferimentos no caminho de Jerusalém para Jericó. Um sacerdote descia pelo mesmo caminho, mas “passou de largo”.

Também um levita, “vendo-o”, seguiu seu caminho. Embora esses respeitados personagens religiosos, o sacerdote e o levita, tenham visto a necessidade humana, não a atenderam.

Foi o odiado e desprezado samaritano que “passou-lhe perto” e fez o que era preciso. “Chegando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.” Jesus louvou esse ato de compaixão individual do samaritano e disse ao intérprete da lei: “Vai, e procede tu de igual modo.” A Sra. Eddy escreve sobre o Mestre do cristianismo:

“Sua missão foi tanto individual como coletiva. Executou bem a obra da vida, não só em justiça para consigo mesmo, senão por misericórdia para com os mortais — para mostrar-lhes como fazer a deles, mas não para fazê-la por eles, nem para desobrigá-los de uma só responsabilidade.” 4
 
Cada Cientista Cristão tem uma missão tanto individual como coletiva “em justiça para consigo mesmo” e “em misericórdia para com os mortais”. Assim, curando as dificuldades da humanidade, o Cientista Cristão toma interesse ativo em seu círculo imediato de relações e no círculo maior da terra.

O quanto nos importamos com a humanidade mostra o quanto expressamos do Cristo. Em outra de suas parábolas, Jesus descreveu um rei sentado no trono em julgamento e convidando os “benditos de meu Pai” a entrarem “na posse do reino” 5 .

Quem eram esses convidados? Aqueles que lhe deram de comer e de beber, que o hospedaram, vestiram e visitaram.
E a parábola continua: “Então perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar?

O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.”

É claro que Jesus estava apontando a responsabilidade de cada um para com a humanidade. Ele esperava que espiritualidade desse novo rumo aos atos de cada um.

Lucas conta o caso do publicano, Zaqueu, rico coletor de impostos, que talvez tenha comprado o direito de cobrar tributos ou impostos em Jericó. Zaqueu estava interessado em Jesus, fato que ficou claro ao sacrificar sua dignidade e subir a um sicômoro para ver melhor.

Jesus não só lhe dirigiu a palavra como também hospedou-se sua casa. Pessoas respeitáveis escandalizaram-se. Não conhecia ele a reputação daquele homem? Mas essa visita mudou a vida de Zaqueu.

Lucas registra: “Zaqueu se levantou e disse ao Senhor: Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e, se nalguma cousa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais. Então Jesus lhe disse: Hoje houve salvação nesta casa, pois que também este é filho de Abraão.” 6

A visita de Jesus levou Zaqueu a uma posição de arrependimento, restituição e generosidade que significava salvação. Seu coração e sua vida mudados trouxeram-lhe bênçãos ao lar e provaram ser ele um verdadeiro filho de Abraão. Seu vislumbre da realidade espiritual impeliu-o à ação social.

A cura da injustiça social começa em cada indivíduo, começa na cura dos preconceitos de raça e de classe, do fanatismo político e da indiferença social. Segue-se então a reforma.

Sob o tópico marginal “Pontos de vista certos sobre a humanidade”, encontramos estas palavras da Sra. Eddy:

“Se suprimires a riqueza, a fama e as organizações sociais, que não pesam sequer um til na balança de Deus, obterás vistas mais claras do Princípio. Se dissolveres os grupos facciosos, nivelares a riqueza com a honestidade, fizeres com que o mérito seja julgado de acordo com a sabedoria, obterás uma visão melhor sobre a humanidade.” 7
 
O Cientista Cristão tem um mandamento inigualável e implícito para curar, para exemplificar real amor ao seu próximo. Nos muitos canais de A Igreja Mãe e suas filiais, há abundantes oportunidades de participar ativamente na missão disseminadora da igreja.

As atividades de distribuição de literatura, os serviços religiosos, as Escolas Dominicais, as Salas de Leitura, as conferências, e a prática da cura vão sendo repartidas com uma humanidade faminta, tornando o evangelho da Ciência Cristã cada vez mais amplamente conhecido.

Embora essas atividades possam não ser encaradas como ação social, esta resulta daquelas. Pois todo aquele que lê os nossos periódicos, que é tocado pelos nossos serviços religiosos ou pela Escola Dominical, que encontra nossa Sala de Leitura aberta, que assiste a nossas conferências, que é curado, qualquer um que sinta, por qualquer meio, a divina influência da Ciência Cristã, começa de imediato, “em justiça para consigo mesmo” e “em misericórdia para com os mortais”, a desenvolver sua missão sanadora individual e coletiva.

O Cientista Cristão ganha uma visão totalmente nova da experiência humana. Não mais vê principalmente um mundo de mortalidade e matéria, um mundo do Adão e do sentido pessoal, o próprio oposto da criação de Deus, mas, ao invés disso, começa a perceber um mundo onde o humano e o divino coincidem.

Nesse mundo, o divino acha-se dissolvendo as limitações mortais e a ignorância mortal. Nesse mundo, o humano está cedendo progressivamente a Deus, o Divino, até o Divino ser visto como o Único e absoluto. Esta nova visão resulta em interesse social e em consciência social. Aumenta os afetos. Impele o progresso humano. Promove reformas. Traz curas.

O livro Um Século de Cura pela Ciência Cristã, que diz dos efeitos de  uma  crescente  compreensão da  Ciência Cristã, afirma:

“Este novo sentido da existência não pode deixar de extravasar-se em ativo amor aos outros — primeiro, talvez, nas relações mais próximas e, depois em novas percepções, em novos discernimentos e em novos contatos com a sociedade em geral. 

Mais cedo ou mais tarde, esse novo nascimento terá de resultar  na  expulsão daquelas  predileções  pessoais entrincheiradas, geradoras de  intolerância, e  que tão freqüentemente são tomadas como verdades eternas. Quando se admite que o Espírito é o único absoluto, a relatividade de todas as posições humanas se torna pouco a pouco evidente.” 8
 
Na medida em que crescermos em percepção e compreensão espirituais, seremos compelidos a executar, mais e mais, nossas missões individuais e coletivas. Estaremos conscientes de nossa responsabilidade social e atuaremos de acordo com ela.  
 

1 Mateus 6:10;↑ 2 The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 3;↑ 3 Lucas 10:29;↑ 4 Ciência e Saúde, p. 18;↑ 5 Mateus 25:34;↑ 6 Lucas 19:8, 9;↑ 7 Ciência e Saúde, p. 239;↑ 8 Um Século de Cura pela Ciência Cristã, p. 241.↑

Fonte: revista “O Arauto da Ciência Cristã”, edição de março de 1979  - © 2013 The Christian Science Publishing Society. Todos os direitos reservados.
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